Professor da UFLA prevê prejuízos na safra de café em 2015 e 2016

26 de janeiro de 2015


O artigo intitulado “O raio cai duas vezes no mesmo lugar”, de autoria do professor José Donizeti Alves, do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), está chamando a atenção da imprensa e dos envolvidos no mercado de café. O artigo traz uma perspectiva negativa para a safra atual – 2015 e também para a safra futura – 2016. O texto original foi publicado na Rede Social do Café, na Plataforma Peabirus, a maior rede de construção coletiva em assuntos ligados à cafeicultura.


“Quando se fala no volume da safra de café para o ano de 2015, a frase que me vem à cabeça é uma só. Ao contrário do que se imagina, o raio cai duas vezes no mesmo lugar”. De acordo com o professor, no contexto da cafeicultura, isto quer dizer que o calor e a seca do início de 2014 estão se repetindo e, como tal, irão afetar, da mesma maneira, a safra de 2015, e com vários agravantes.


O professor destaca no texto que no final de 2013 as chuvas estavam normais, porém, no final de 2014, o volume de chuva estava muito abaixo da média, impondo déficits hídricos acentuados em varias regiões de Minas Gerais e São Paulo, desde o início do ano. Como consequência, houve, além da queda na produção de 2014, uma forte queda na taxa de crescimento de ramos (justamente daqueles que irão produzir neste ano), vários eventos de florada, floradas tardias, abortamento de flores, queda de chumbinho, seca de ponteiros, entre outros.


O professor Donizeti reforça que na ausência de condições para adubar a lavoura e, em vista de um forte depauperamento das plantas, muitos cafeicultores prevendo que não iriam produzir nada ou quase nada, optaram por podar a lavoura. “A semelhança do que ocorreu no início de 2014, seca e muito calor estão se repetindo neste primeiro mês do ano. O agravante neste caso, é que, hoje, as lavouras não se encontram no bom estádio vegetativo e reprodutivo daquelas do início de 2014. Muito pelo contrário, em vista das intempéries (calor e seca) que já estavam instaladas desde o ano passado e da ausência de tratos culturais desde o inicio da primavera, hoje as lavouras encontram-se, a exceção das irrigadas, com baixo vigor vegetativo”.


Em sua avaliação, esses dois agravantes, sem sombra de dúvidas, afetarão, em maior dimensão o volume da próxima safra e, em um segundo plano, a safra de 2016. Destaca-se que em função do forte calor e seca neste mês de janeiro, o enchimento dos grãos já começou a ser prejudicado. Isto equivale a dizer que as percentagens de frutos chochos e de frutos pequenos serão bem maiores que a comumente esperada, caso esses dois fatores não estivessem presentes.


Além disso, em função das várias floradas e, principalmente, da principal florada ter ocorrido tardiamente, haverá uma grande desuniformidade de maturação e um menor período de desenvolvimento dos frutos. Esses dois fatores contribuirão para depreciar a qualidade do café.


Para complicar a vida dos cafeicultores, o professor prevê que a safra 2015 terá uma quebra significativa comparada ao ano anterior. “Se quiserem um número bastante realístico, é possível que ela varie na faixa de 25 a 28 milhões de sacas de café arábica. Chuvas regulares nos próximos meses teriam a capacidade de reverter, em parte, a percentagem de frutos chochos e pequenos”, destaca.


 

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