Sem um princípio ativo para controlar a incidência da broca-de-café nas lavouras do setor, produtores paulistas e capixabas foram atendidos no pleito que solicitava a entrada dos dois estados em situação de emergência. Agora, um novo defensivo foi liberado, porém, o preço da operação vai onerar os custos de produção.
Alguns dos casos mais graves foram encontrados nos cafezais do maior produtor do grão tipo conilon. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, conta que, por um déficit de mão de obra na colheita, muitos grãos maduros caem no chão e ajudam na disseminação da broca.
Prejuízos
O chefe da Divisão de Prevenção, Vigilância e Controle de Pragas da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Eriko Tadashi, explica que este tipo de doença danifica os grãos e prejudica o rendimento da planta, o que gera, consequentemente, perda na produtividade.
“Quando é declarado o estado de emergência, a região tem um ano para implantar as medidas sanitárias. Após este período, o Ministério avalia se a situação é suspensa ou não”, diz o especialista.
A principal medida foi a permissão do controle químico da praga com inseticida a base de Ciantraniliprole a ser realizado em talhões da lavoura – áreas específicas onde encontram-se plantas da mesma idade – por meio do monitoramento.
Rocha destaca que, em algumas regiões, o custo de produção se aproxima muito dos preços de venda da saca. A entrada do novo defensivo, que é importado, deve aumentar ainda mais os gastos. Soma-se a isso a distinção de valores entre o tipo conilon e o arábica, que pode chegar a R$ 178. “Já estamos pleiteando o reajuste do preço mínimo e a diminuição dessa disparidade”.
Vale lembrar que a perspectiva de alta para o câmbio onera as compras internacionais.
De acordo com o executivo da Faes, pelo menos 5% de cada saca é perdida em função da broca. Entre os paulistas, o chefe do departamento econômico da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Cláudio Silveira Brisolara, afirma que a praga afetava entre 3% e 5% das áreas no último levantamento.
Aprovação
Diferentemente dos capixabas, os cafeicultores de São Paulo comemoram o estado de emergência declarado pelo Mapa, uma vez que as perdas de produção na lavoura pela incidência da doença podem ser muito maiores do que os gastos com o controle fitossanitário. “Minas Gerais já tinha acesso ao princípio ativo para contenção da broca. Para que o mesmo ocorresse em São Paulo, o presidente da Faesp, Fábio Meirelles, entregou um ofício ao governo estadual contendo o levantamento dos danos causados pela praga, que seguiria para a esfera federal e fomos atendidos”, conta.
No estado, regiões próximas do sul de Minas Gerais foram afetadas pela doença, em municípios como Serra Negra e São Sebastião da Gama.
A partir de agora, segundo Brisolara, deve ser feito um novo levantamento em contato com os sindicatos regionais para verificar quantos litros precisarão ser importados para a aplicação nas lavouras e, em seguida, fazer a solicitação do defensivo, da Dupont. “A questão do custo, neste momento, é secundária. A gente entende que foi uma conquista. Vai aumentar o gasto, mas pelo menos temos um mecanismo de controle”, completa.
Fonte: Nayara Figueiredo,DCI