O clima nas principais regiões produtoras de café no início de 2015 começa parecido com o que foi presenciado por produtores no ano passado, com altas temperaturas e chuvas abaixo da média. Especialistas ouvidos pelo Notícias Agrícolas já temem que a produção mais uma vez tenha queda e também se preocupam com a safra de 2016.
A produção de café (arábica e conilon) em 2014 registrou queda de 7,7 por cento na comparação com a temporada anterior devido a seca e a colheita foi de 45,3 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Estima-se que 71,2 por cento desse número seja de arábica (32,3 milhões de sacas) e a de robusta (ou conilon) foi estimada em 13,03 milhões de sacas.
A Conab em seu primeiro levantamento para a safra 2015 projetou que o Brasil deve ter colheita de 44,11 milhões a 46,61 milhões sacas com melhora na produção de café arábica e queda na de café robusta. Segundo analistas, o número está dentro das expectativas.
De acordo com o gerente do departamento técnico da Cocatrel, Roberto Felicori, a produção de 2015 pode cair cerca de 20 por cento em relação a 2014 no Sul de Minas devido a seca recente. A estimativa foi feita em reunião de um grupo de especialistas técnicos com representantes de 15 cooperativas da região.
“Nós vemos que as condições climáticas estão totalmente desfavoráveis para uma boa produtividade. Estamos preocupados com a situação que está se repetindo neste ano e estamos vendo que a quebra será monstruosa como em 2014”, explica Felicori.
Ainda de acordo com o gerente, algumas cidades da região Sul de Minas, importante produtora de café, registram cerca de 200 mm de déficit hídrico, isso em um momento importante para o cafeeiro que é a granação dos frutos.
“O filme se repete com a falta de chuvas agora em uma fase crucial de enchimento de grãos para fazer a semente, sem chuvas e com temperatura elevada o café começa perder rendimento”, afirma o técnico da Fundação Procafé, Alysson Fagundes.
Com mais um início de ano marcado por altas temperaturas e chuvas abaixo da média, produtores que esqueletaram suas lavouras no ano passado visando boa produção em 2016 e esperando que este ano o clima ajudasse os cafés, estão desanimados e ainda à espera de melhores condições climáticas.
Diante de um cenário desfavorável para a produção de café no Brasil, maior exportador mundial do grão e segundo maior consumidor, o consultor, Janio Zeferino da Silva, acredita que caso a produção no país neste ano seja menor que em 2014, o mercado terá um déficit de 5 a 8 milhões de sacas.
“Pelos dados oficias da Conab, nós temos nos estoques de passagem de março cerca de 16,8 milhões de sacas considerando que acabamos de colher 45,3 milhões com exportação de 36,7 milhões e um consumo interno de 21 milhões e estoque de passagem em torno de 3 milhões de sacas. Portanto, pode faltar café depois que a safra de 2015 for colhida se repetirmos a mesma exportação e consumo”, pondera o analista.
De acordo com o agrometorologista da Somar Meteorologia, Marco Antonio dos Santos, o padrão climático de chuvas irregulares no Brasil deve se estender até o final da próxima semana e ainda trazer muita preocupação aos produtores rurais.
Fonte: Notícias Agrícolas