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Até 1820 o Brasil não era considerado exportador de café, embora em 1800 o café tenha sido exportado pela primeira vez, quando apenas 13 sacas foram embarcadas no porto do Rio de Janeiro. Antes da independência, consta que algumas outras partidas de café foram realizadas, tendo como destino Lisboa e sendo cafés principalmente dos Estados do Norte, mas em pequenas quantidades que nem sequer foram registradas.
O Brasil iniciou realmente sua projeção como grande produtor e exportador de café após a independência e já em 1845 colhia 45% da produção mundial, sendo a partir dessa data o maior produtor de café do mundo. A produção média anual de café no Brasil nos últimos 35 anos foi da ordem de 23 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado, sendo que em 1995/96 atingiu pouco mais de 16 milhões, em consequência das geadas ocorridas em 1994. Já em 1998/99, prevê-se uma recuperação do potencial de produção de café no Brasil, com estimativas superiores a 30 milhões de sacas; esta produção, contudo, não deve afetar o mercado internacional, pois outros países grandes produtores como a Colômbia e a Indonésia enfrentam sérios problemas de produção, o que deve manter a produção total no mundo estabilizada.
O consumo interno tem aumentado nos últimos anos, sendo que em 1996 já se aproximava de 11 milhões de sacas anuais; a expectativa é de que o Brasil
consuma cerca de 15 milhões de sacas por ano, a partir do ano 2.000. A produção média anual de café no mundo, nos últimos 10 anos é da ordem de 95 milhões de sacas. Em 1992/93 o consumo mundial de café foi de 95,3 milhões de sacas (1,1 kg ‘per capita’), aumentando para 98,1 milhões em 1993/94 e estimado em 97,5 milhões em 1994/95; a média nos últimos três anos é de aproximadamente 97 milhões de sacas, indicando uma ligeira tendência de alta. O consumo ‘per capita’ no Brasil já foi de 4,5 kg, na década de 1970, mas hoje, com a queda do poder aquisitivo da população e a concorrência por bebidas alternativas como sucos e refrigerantes o consumo é de apenas 2,8 kg/habitante/ano.
É interessante observar que países como a Finlândia, a Dinamarca, a Noruega e a Holanda consomem mais de 10 kg de café ‘per capita’ e mesmo o Japão, que não tem tradição no consumo de café, atinge 2,9 kg ‘per capita’.
As riquezas geradas pela cafeicultura possibilitaram o desenvolvimento e a industrialização de muitas regiões. Como exemplo citam-se a criação de rede ferroviária, asfaltamento de estradas, energia elétrica e industrialização, nos Estados de São Paulo (Campinas e Ribeirão Preto, por exemplo) e Paraná (região de Londrina).
Álvaro Gonçalves, em seu trabalho “Aristocracia rural e fidalgos do café”, publicado na Revista do Departamento Nacional do Café (junho de 1943), escreveu o seguinte “… O surto ferroviário no Brasil foi determinado pelo café; foi ele que apontou a urgente necessidade de um meio mais rápido, mais eficiente, mais prático e, sobretudo, que lograsse maior efeito na sua disseminação no mercado consumidor e também nas praças que faziam, à sua custa, os malabarismos de enormes inversões de capitais … A primeira estrada de ferro brasileira, a de Mauá à Raiz da Serra da Estrela, e, depois, a de Dom Pedro II, teve noventa e nove razões no café para existir.
E não apenas isso: ia também o café determinando a abertura de novos outros quilômetros de chão trilhado, rumo aos povoados que só haviam conhecido o lombo suarento dos muares … E essa aproximação não vinha à toa, não nascia por mero acaso, ou porque tais zonas eram as melhores para o plantio dos trilhos. Toda vez que o homem sentiu que um elemento do progresso podia aumentar suas possibilidades de lucro, ele se filiou, decididamente, a esse elemento. E não fosse assim, aliás, o progresso passaria a ser estático e não-dinâmico, super-dinâmico, como sói ser.” Sem dúvida, muito do progresso conquistado pelo Brasil nos vários setores da economia, inclusive a própria industrialização do centro-sul, foi acentado no alicerce de uma cafeicultura forte, competitiva internacionalmente e sobretudo geradora de divisas, cujos recursos gerados pelas exportações foram aplicados em prol do desenvolvimento do País.
O café foi para o Brasil e ainda é para várias de suas regiões produtoras a força propulsora do desenvolvimento sócio-econômico, produzindo e distribuindo riquezas, além de ter uma grande capacidade geradora de empregos e de ser importante fator de fixação de mão-de-obra na zona rural. No Brasil, para cada hectare de café plantado, são gerados aproximadamente 2,3 empregos diretos e pelo menos 4 indiretos. O parque cafeeiro no Brasil é de aproximadamente 3,5 bilhões de covas, em área superior a 2,3 milhões de hectares. Cerca de 80% do total produzido é de cultivares da espécie Coffea arabica (‘café arábica’) e os 20% restantes da espécie C. canephora (‘café robusta’).
Em que pese o Brasil ser o maior produtor mundial de café, sua produtividade é muito baixa, com média móvel girando ao redor de 10-12 sacas beneficiadas de 60 kg/ha/ano. Outros países, como a Costa Rica e a Colômbia chegam a obter acima de 20 sacas/ha; uma das principais causas da baixa produtividade brasileira é a pequena população de plantas por hectare, em média inferior a 2.000 covas/ha. Nos últimos anos o Brasil vem mostrando uma clara tendência de aumento da produtividade, podendo já à partir de 1998/99 atingir as 15 sacas de café beneficiado/ha/ano.
Fonte: http://www.fazendaambiental.com.br/cafes/historia41.htm