Crise e exuberância: O retrato atual do agronegócio

Por: Bom Dia


O retrato atual do agronegócio é de contrastes. Há lucro, mas há prejuízos também – e enormes. Além da febre aftosa, da gripe aviária e do clima, o dólar baixo também assusta os produtores, que perdem competitividade com o câmbio desvalorizado.


O retrato atual do agronegócio é de contrastes. Há lucro, mas há prejuízos também – e enormes. Além da febre aftosa, da gripe aviária e do clima, o dólar baixo também assusta os produtores, que perdem competitividade com o câmbio desvalorizado. Mas nem todos os agricultores sentem o impacto com a mesma intensidade.


Quando olha para o céu, o agricultor enxerga riscos e oportunidades. De repente, no setor em que o Brasil é mais competitivo, o que era bonança virou tempestade. No município campeão de produção de soja – Sorriso, em Mato Grosso – os agricultores andam de cara fechada. A produtividade despencou e a renda também.


“A ferrugem nos roubou 10% da produção. A diferença cambial que nos levou praticamente 20% do custo de produção. Estamos com custo muito alto e rentabilidade baixa”, aponta o produtor rural Ernani Bertoloti.


Dois anos atrás, a saca de soja valia R$ 45. Hoje, é vendida pela metade do preço. No mesmo período, a saca do milho caiu de R$ 14,50 e para R$ 10.


Quando tudo ia bem, os produtores aumentaram a área plantada na esperança de ampliar os ganhos. A superoferta derrubou os preços. A crise foi agravada com o aumento dos insumos e do frete, e com a desvalorização do dólar.


“Na medida em que o câmbio cai, apesar dos preços em dólares estarem relativamente bons, os preços estão indo lá para baixo. Isso faz com que as margens dos produtores sejam muito menores ou mesmo negativas, e muitos produtores se endividaram nesses últimos anos porque se modernizaram. Eles compraram máquinas, equipamentos, terras. Realmente, é uma perspectiva de crise à vista, principalmente na área de grãos e de algodão”, avalia o consultor Marcos Jank.


Os agricultores querem do governo corte de impostos e aumento das linhas de crédito. Mas nem todos os setores estão em crise. Café, suco de laranja, açúcar e álcool têm preços em alta no mercado internacional.


Os criadores de gado vivem duas situações diferentes. A aftosa desviou parte da produção para o mercado interno e a carne ficou mais barata no açougue. “Caiu em torno de 10%”, diz um consumidor. Já para o mercado externo, as vendas cresceram 20% no primeiro bimestre, apesar do embargo à carne de três estados.


Os exportadores compensaram, em parte, a queda do dólar aumentando o preço da carne vendida para outros países. Este ano, ela já subiu 12% no mercado internacional. Mesmo assim, a expectativa é de crescimento do setor, porque mais países estão comprando a carne brasileira e a Argentina restringiu as exportações.


“O Brasil é a última fronteira agrícola do mundo. O mundo precisa do Brasil para comer”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne, Pratini de Moraes.


Já os produtores de frango não contavam com a gripe aviária que, mesmo longe do Brasil, provoca prejuízos no país. A Europa reduziu as importações. Os avicultores de Santa Catarina estão cortando empregos.


Hoje, produtores de carne se reúnem com autoridades russas para discutir a crise provocada pela febre aftosa. Já a gripe aviária, que não chegou ao Brasil, está baixando o preço do frango no país. Uma grande rede de supermercados comprou um lote destinado à exportação, mas que encalhou por causa do medo dos europeus e pôs à venda em suas lojas, por apenas um dia, por R$ 0,99. Todo o lote foi vendido em poucas horas.

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