Nem cerveja, nem cachaça – Tomo café, logo exis­to

23 de setembro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Hoje Noticia – Goiânia/GO – HOME – 23/09/2014


FLÁVIA POPOV


“Tomo café, logo exis­to”. É assim que a letróloga Isa Gomes Esteves Martins da Silva define a paixão pela bebida. “Tenho 50 anos de idade e, desde que aposentei a mamadeira, venho tomando café! Ele fez parte de todas as etapas da minha vida, e agora, claro, continua presente”, conta.


Segundo Isa, o hábito envolve toda a família, e é sinônimo de pura diversão. “Quando nos reunimos, fazemos uma garrafa de café, e a bagunça e a fofoca estão garantidas! A minha filha tem 25 anos e, desde bem pequena, toma café. O meu sobrinho tem 5, e já aprecia a bebida”.


Duas xícaras diárias de café – passado em coador ‘de pano’ – são suficientes para deixar Isa de bem com a vida. “Tomo pela manhã e à tarde. Nem muito fraco, nem muito forte, e com açúcar (mas não gosto de adicionar o açúcar na hora; fervo a água com ele). Não me vejo sem café. Uma vez, precisei me abdicar por alguns dias, por conta de um clareamento dentário, e meu organismo sentiu a falta”, diz a letróloga, que admite que a bebida não traz nenhum tipo de malefício à sua saúde, nem mesmo antes de dormir. “Não me faz mal, não me provoca euforia. Vivo muito bem com o café, aliás, até mesmo antes de ir para a cama; não altera o meu sono, nem muda o meu estado emocional”, conclui Isa.


Também amante do café, o advogado Antônio Geraldo, de 60 anos, faz sua exigência: “Gosto do café ‘puro’, torrado e moído na hora; por isso, só compro na feira; gosto com pouco açúcar”, diz Antônio, que, assim como Isa, faz questão de duas xícaras por dia. “Não tomo café da manhã sem café, e não abro mão dele à tarde. Se ocorre de eu ficar um dia sem, parece que fica faltando alguma coisa”.


Para Antônio, o café é imprescindível no dia a dia. “Ele é tão primordial, tão essencial como um banho diário! Jamais o substituiria por outra coisa! Para mim, é benéfico; nunca foi um vício ou um hábito desmedido”, finaliza o advogado.


Weimar Kunz Sebba Barroso, que é cardiologista, é outro adepto do café. “Sempre gostei de café, mas tenho consumido mais nos últimos anos; hoje, é um hábito saudável que gosto de manter”, afirma Weimar, que toma cerca de três expressos por dia. Mas, diferentemente de Isa e Antônio, o médico não adiciona açúcar. “Ele mascara o sabor da bebida, por isso, tomo puro”.


Como cardiologista, Weimar alerta para o consumo da bebida. “O café, assim como várias outras substâncias, pode ser benéfico ou não, a depender da quantidade ingerida. Em pequenas quantidades, funciona como um estimulante saudável, que nos deixa mais alertas. Em grandes quantidades, pode trazer danos; do ponto de vista cardiovascular, o maior risco da ingestão excessiva se relaciona com o aparecimento de arritmias cardíacas”.


Sobre a ingestão de café pelas crianças, o médico é enfático. “Por ser um estimulante, devemos evitar que crianças o consumam. Em pequenas quantidades, praticamente todos os adultos podem ingerir”, finaliza Weimar.


Para saber mais sobre a bebida preferida dos brasileiros, O HOJE conversou com a nutricionista Monica Laboissiere Camargos. Confira a entrevista.


Entrevista Monica Laboissiere


De que é constituído um grão de café e quais são os valores nutricionais?


Além da cafeína, o café contém também ácidos clorogênicos, responsáveis por grande parte da atividade antioxidante da bebida, na proporção de 7% a 10%, isto é, três a cinco vezes mais que a cafeína, e ainda com potencial atividade antibacteriana, antiviral, e anti-hipertensiva. Há, também, a niacina, que é uma vitamina do complexo B, formada pela degradação de um composto naturalmente presente no grão. É importante lembrar, ainda, que o café contém vários alcalóides que contribuem para o sabor amargo, como a cafeína, a trigonelina e outras menores concentrações: teobromina, teofilina e paraxantina. Uma porção de 100 gramas de café contém as seguintes propriedades nutricionais: Kcal – 9; carboidratos – 1,5g; proteínas – 0,7g; gorduras totais – 0,1g; gorduras saturadas – 0g; gorduras monoinsaturadas – 0g; gorduras poli-insaturadas – 0g; fibras – 0g.


Como escolher o café ideal? O que deve ser levado em conta para o preparo?


Antes de tudo, é preciso escolher um café de qualidade para sentir melhor o sabor. O café Robusta, por exemplo, contém mais cafeína (2,1%) que o Arábica (1,3%). Do ponto de vista alimentício, todos esses componentes fazem do café uma bebida natural e saudável e, se ingerido em doses moderadas, pode fazer muito bem para a saúde, além de prevenir doenças. O preparo da bebida vai de acordo com a idade e a patologia, podendo ser café coado por filtragem, por percolação (dentre outras formas), além do café instantâneo, descafeinado coado e descafeinado instantâneo.


Como deve ser o consumo (até quantas xícaras por dia)? E a quantidade?


A quantidade de café para um adulto normal sem complicações (pressão alta, hipercoleterolemia, gastrite, esofagite ou insônia) é em torno de 250 mg/dia de cafeína; de duas a três xícaras de café (150 ml) é uma do­se segura.


Como é a digestão do café pelo organismo?


Ingerido por via oral é completamente absorvi­do. Após a ingestão, em até cinco minutos, podem ser detectadas pequenas quantidades no sangue, e sua concentração ocorre em até 30 minutos após a ad­ministração.


O café solúvel pode substituir o coado na hora?


O café solúvel tem uma concentração diferente de cafeína, e o café não filtrado aumenta a taxa de colesterol no sangue.


De todos os componentes existentes no ca­fé, qual seria o de maior importância para o organismo?


O café é rico em polifenóis, que possuem propriedades antioxidantes.


Que benefícios tem uma pessoa que toma café?


O café é estimulante do sistema nervoso central, reduz a fadiga, adia o sono, estimula o músculo cardíaco, a secreção gástrica, e aumenta a eliminação urinária (diurética).


E a bebida pode melhorar o desempenho esportivo?


O café também possui uma propriedade ergogênica, mas estudos demonstram que, se o indivíduo ingerir mais do que cinco xícaras de café por dia, pode sofrer ansiedade, arritmia, insônia crônica, depressão, problemas gástricos, alteração na tireoide, formação de cálculo, redução na densidade mineral óssea e dependência. A cafeína tem sido usada como ergogênica pela capacidade de causar um aumento da lipólise, facilitação da trans­missão no sistema nervoso central, aumento da força de contração muscular em baixas frequências de estimulação, e leva à economia do glicogênio muscular. Em decorrências dessas propriedades, o Comitê Olímpico Internacional estabeleceu que quantidade excessiva de cafeína na urina, superior a 12mcg/kg, são consideradas doping – esta quantidade pode ser atingida com um consumo de oito xícaras de café em um período de 12 horas. Os últimos estudos demonstram que a ingestão em excesso de cafeína contribui para a resistência à insulina.


SAIBA MAIS!


Estudo mostra relação entre consumo de café e diminuição do risco de câncer de próstata


Segundo estudo conduzido em Harvard, o café afeta o metabolismo da insulina e da glicose, além dos hormônios sexuais, que exercem um papel decisivo neste tipo de câncer. Dados apresentados mostram que grandes consumidores de café têm até 60% menos chance de contrair o câncer de próstata do que aqueles que nunca tomam a bebida. Ainda não se sabe qual substância no café é responsável pela prevenção, mas, ao que parece, a cafeína tem pouca relevância no resultado. Quer dizer, até o descafeinado, eventualmente, pode ajudar. O estudo acompanhou 50 mil homens entre 1986 e 2006.


Consumo de café pode estar associado a menor risco de morte


Um estudo publicado na revista New England Journal of Medicine analisou os hábitos de consumo de café de mais de 400 mil homens e mulheres americanos (com idades entre 50 e 71 anos), tornando-o o maior estudo que avaliou a relação entre consumo de café e saúde humana. Os resultados dessa pesquisa mostraram que o consumo de café pode estar inversamente relacionado à mortalidade total (quando ajustado pelos outros fatores de risco). Além disso, os tomadores de café também apresentaram menor mortalidade por causas cardíacas, doenças respiratórias, acidente vascular cerebral, causas externas, diabetes e doenças infecciosas. A associação entre café e o menor risco de morte foi semelhante tanto para os consumidores de café com cafeína quanto descafeinado. O resultado dessa pesquisa e de outras já realizadas mostram que consumir café diariamente é um hábito saudável, e que pode inclusive trazer benefícios para saúde. A possível explicação para esses resultados é que, além de cafeína, o café também contém centenas de compostos únicos e com propriedades antioxidantes que podem conferir benefícios à saúde. Ainda estamos aprendendo como cada um desses compostos pode afetar as funções biológicas. Existem, por exemplo, evidências fortes de proteção em relação a diabetes. Todos esses estudos têm gerado uma mudança de paradigma, fazendo com que o café deixe de ser um “vilão” e se torne um “mocinho” com relação à saúde humana.


*Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic)


 

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