Burger King negocia compra da Tim Hortons, do Canadá
O acordo inclui ainda a mudança da sede da rede americana para o país vizinho, em busca de menos impostos
A Burger King Worldwide, segunda maior rede de hamburguerias dos EUA, está em negociações para comprar a Tim Hortons e mudar sua sede para o Canadá, tornando-se a mais recente empresa americana a buscar uma realocação para um país com impostos mais baixos. A Burger King criaria a terceira maior rede de fast-food do mundo ao fundir-se com a maior vendedora de café e donuts do Canadá, disseram as empresas em um comunicado. A taxa de imposto sobre as sociedades no Canadá é normalmente de 26,5%, contra 40% nos EUA, segundo a KPMG.
O acordo reacende o debate a respeito das empresas americanas que mudam suas sedes para outros países em busca de menores impostos corporativos. No mês passado, a tendência atraiu críticas do presidente Barack Obama e seus assessores prometeram que a administração adotaria ações para limitar a prática.”Há algum risco político modesto para o negócio, mas é difícil dizer porque até agora não vimos a administração se mexer para bloquear algo do tipo”, disse Will Slabaugh, analista da Stephens Inc. em Little Rock, Arkansas.
O acordo daria à Burger King acesso a uma marca de café com um status de cult e ajudaria a impulsionar as vendas no segmento de café da manhã. Burger King atualmente comercializa café com o nome de Seattle”s Best, que é de propriedade da Starbucks Corp. A Tim Hortons também permitiria à empresa entrar no ramo de supermercados, vendendo café embalado em estabelecimentos da América do Norte.
A3G Capital, dona de uma participação de 70% da Burger King Worldwide Inc., empresa com sede em Miami, teria a maioria das ações da nova companhia, segundo o comunicado. As duas companhias irão operar como marcas individuais, embora possa haver economia na cadeia de suprimentos devido à combinação.
A 3G tem como um de seus fundadores o bilionário Jorge Paulo Le-mann, a pessoa mais rica do Brasil. Os gerentes da empresa ganharam a reputação de encolher os custos das firmas que adquirem, disse Sla-baugh.”Eles são conhecidos por fazer alguns movimentos financeiros muito inteligentes”, disse ele.
No caso da Burger King, a nova empresa teria cerca de US$ 22 bihões em vendas e mais de 18 mil restaurantes em 100 países. A operação está sujeita a negociação e Burger King e Tim Hortons não planejam dar novos detalhes até que um acordo seja alcançado ou que as discussões sejam interrompidas, segundo o comunicado.
Entre meados de junho e fim de julho, quando Barak Obama começou a criticar os acordos que eliminam impostos com realocação fora dos EUA, pelo menos cinco grandes empresas americanas anunciaram planos de efetuar um movimento desse tipo, conhecido como “inversão fiscal” . Entre elas estão a AbbVie Inc. e a Medtronic Inc.
Desde o início de 2012, pelo menos 21 empresas americanas anunciaram ou concluíram acordos, abrangendo quase metade do total de 51 transações desse tipo nas últimas três décadas.
A Tim Hortons foi fundada por Tim Horton, defensor da equipe de hóquei Toronto Maple Leafs, em 1964, e se tornou uma das marcas mais reconhecidas do país. Contudo, tem sido difícil construir a marca ao sul de suas fronteiras. Os investidores têm criticado a estratégia de crescimento da empresa nos EUA, dizendo que ela não tem obtido muito retorno das centenas de milhões gastos na última década. Em uma entrevista concedida no ano passado, o CEO Marc Caira disse que conquistar os consumidores americanos era fundamental para a estratégia da Tim Hortons.”Os EUA é o que eu chamo de uma batalha que precisa ser vencida”, disse ele. Bloomberg