25/06/2014
Apesar da Copa, saldo de contratações cai
Com 59 mil vagas, emprego de carteira assinada tem o pior resultado para um mês de maio em 22 anos
Setor de serviços quase dobrou admissões, mas fechamento de postos na indústria afetou o resultado do mês
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA
A expectativa do governo de crescimento do ritmo de criação de empregos formais com a Copa do Mundo ainda não se confirmou. O saldo de contratações com carteira assinada em maio foi de 58,8 mil vagas, o pior para o mês desde 1992.
O governo esperava que, com a demanda por serviços e bens aquecida, seria fácil ultrapassar as 72 mil vagas criadas em maio do ano passado. As demissões na indústria de transformação, contudo, pesaram negativamente.
Para o ministro Manoel Dias (Trabalho), o pessimismo do empresariado explica o desempenho fraco do mercado de trabalho no mês.
“Havia um pessimismo de que o Brasil não ia fazer Copa, de que estádios e aeroportos não iam ficar prontos, o consumo diminuindo”, disse Dias na divulgação do resultado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) nesta terça (24).
VAGAS ANTECIPADAS
Para o ministro, é possível que os empregos para a Copa tenham sido antecipados para fevereiro, quando houve, segundo ele, um esforço de contratações temporárias.
O governo estima que quase 1 milhão de empregos sejam criados em razão do Mundial –170 mil temporários.
Com o baixo crescimento da economia e criação moderada de vagas, é provável que o governo revise, em julho, sua expectativa de saldo de contratações para o ano, que hoje é de 1,4 milhão de vagas.
Até maio, foram criadas 543,2 mil vagas formais no ano. Na gestão Dilma, foram 5,1 milhões de novos empregos, informou o governo.
SETORES
Em maio, o setor de serviços, sobretudo de alojamento e alimentação, indicou ter reagido aos estímulos da Copa e quase dobrou o número de contratações –foram 38,8 mil novas vagas, ante 21,2 mil em maio de 2013.
Na agricultura também houve aumento no ritmo de criação de emprego. O setor criou 44,1 mil postos, sendo 27,6 mil concentradas nas plantações de café em Minas Gerais e São Paulo.
No entanto, a indústria de transformação demitiu mais do que contratou. Esse setor, que em maio do ano passado foi responsável pela criação de 15,7 mil postos, teve um saldo negativo de 28,5 mil postos.
A região Sudeste concentrou a maior quantidade de novos postos –55,1 mil. Em seguida, veio o Centro-Oeste, com 7.800 vagas criadas.
INFLAÇÃO
Para André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, o crescimento tímido das contratações em maio tem relação com o pessimismo do mercado, mas pode ter um efeito colateral positivo: de estabilização dos preços, sobretudo de serviços.
A desaceleração na economia, combinada à queda no ritmo de contratação, tende a moderar a alta dos preços.
A inflação, que ronda o teto da meta, tem dado dor de cabeça à equipe econômica da presidente Dilma no ano eleitoral.