Uma nova tecnologia de poda do café arábica está sendo desenvolvida há seis anos pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), instituição participantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Os resultados de experimentos em uma propriedade do município capixaba de Baixo Guandu demonstraram aumento na produtividade em cerca de 35% e aumento do rendimento de colheita em até 50%.
A partir de agora, serão implantadas por técnicos do Incaper unidades de observações em cerca de 30 municípios produtores de arábica do Espírito Santo, visando à validação dessa nova tecnologia, cujos resultados experimentais a uma altitude de 640 metros demonstraram-se muito satisfatórios. No entanto, como a altitude dos municípios capixabas produtores de café arábica varia entre 500 e 1200 metros, é necessário validar essa tecnologia considerando as especificidades locais.
“O Incaper tem a satisfação de apresentar os resultados parciais de mais uma ação de pesquisa do Instituto na área de cafeicultura, que irá beneficiar diversos agricultores familiares capixabas. Por meio da integração com os extensionistas do Instituto, essa tecnologia será validada em campo, nos municípios produtores de café arábica. Entendemos que o Incaper está cumprindo sua missão de promover soluções tecnológicas e sociais por meio de ações integradas de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, visando ao desenvolvimento do Espírito Santo”, afirmou o diretor-presidente do Incaper, Maxwel Assis de Souza.
Inovação na poda do café arábica – A pesquisa sobre a Poda Programada do Café Arábica foi desenvolvida por uma equipe de pesquisadores do Incaper, sob a coordenação de Abraão Carlos Verdin Filho, lotado na Fazenda Experimental do Incaper de Marilândia. A base da tecnologia, em linhas gerais, foi adaptar a técnica da Poda Programada de Ciclo do Café Conilon, que tem sido muito eficiente e aplicada pelos produtores, para o café arábica.
De acordo com o pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho, o trabalho iniciou-se entre os anos de 2007 e 2008, em Baixo Guandu, quando o produtor Ademar Luiz Fransskoviak demonstrou bastante interesse pela forma da poda programada do café conilon e começou a indagar sobre a possibilidade de aplicar essa mesma forma no café arábica.
“Em 2008, iniciamos o experimento com seis tratamentos de poda nas lavouras de arábica da propriedade do senhor Ademar. Como a poda no café conilon pode proporcionar aumento de cerca de 35% na produção de café, buscamos saber, por meio dessa pesquisa, de que maneira o café arábica se comportaria diante desse manejo, adaptado a suas peculiaridades. Dessa forma, levantou-se a seguinte hipótese: será que essa técnica aplicada no conilon também teria bons resultados no arábica? Foi justamente o que pesquisamos e, posteriormente comprovamos, após o acompanhamento da lavoura e realização das avaliações experimentais na propriedade de Baixo Guandu”, informou Verdin.
Resultados alcançados – “Entre os principais resultados obtidos com a Poda Programada do Café Arábica estão o aumento de produtividade em até 35% e a redução da mão de obra em até 50% na colheita”, informou o pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho. Ele disse que em um hectare de café arábica no qual se utiliza a poda tradicional o rendimento da colheita costuma ser de 5 a 7 sacos por dia. Já com a utilização da Poda Programada, um trabalhador colhe de 12 a 14 sacos diários.
Além disso, essa tecnologia contribui para a maior uniformidade na maturação dos frutos, facilita o manejo da poda e o entendimento do procedimento e diminui a bienalidade, característica do café arábica de produzir mais em um ano e menos em outro ano, levando assim a uma maior estabilidade de produção todos os anos.
Outro aspecto importante apresentado por essa tecnologia é a sustentabilidade ambiental, econômica e social. “Com a aplicação da técnica, a lavoura fica mais limpa e arejada, levando, assim, a menores incidências de pragas e doenças, como exemplo, a ferrugem. Dessa forma, o custo de produção é menor. Além disso, existe uma melhoria da qualidade do café, o que gera mais renda para o produtor rural”, disse Verdin.
Satisfação do produtor rural – A primeira unidade de implantação da tecnologia da Poda Programada do Café Arábica foi realizada na propriedade do senhor Ademar Luiz Fransskoviak, em Alto Mutum, município de Baixo Guandu, a uma altitude de 640 metros. Ele possui 15 hectares plantados de café arábica e há seis anos adotou a tecnologia da poda em sua lavoura.
“Nós começamos a utilizar a tecnologia recomendada da poda do conilon no café arábica. No início, fizemos isso em parte da lavoura e depois ampliamos para toda a área plantada de arábica. Muitos técnicos e profissionais do café visitavam nossa lavoura para conhecer a técnica, mas preferiram inicialmente manter as tecnologias tradicionais da poda do arábica. O Incaper foi a única instituição que acreditou na nossa maneira de inovar a poda e iniciou uma experiência científica em nossa propriedade”, relatou o senhor Ademar.
De acordo com Ademar, ele tinha muita dificuldade na colheita do café arábica. Com a nova tecnologia, esse processo foi facilitado. “Houve maior uniformidade na maturação dos frutos e aumento da produção, com talhões chegando a 100 sacas por hectare. Antes da utilização da Poda Programada, a produção era menor”, disse Ademar.
O desenvolvimento da nova tecnologia de poda para o café arábica é visto com bastante otimismo pelo produtor rural, que disse que, com o tempo, seus vizinhos também têm utilizado gradualmente essa técnica. “Para o café de montanhas, que tem que ser colhido manualmente, a Poda Programada será uma grande revolução”, falou Ademar.
Unidades de Observação – Os extensionistas e técnicos do Incaper, que atuam em 30 municípios das regiões Sul, Serrana e Noroeste do Espírito Santo, irão levar essa nova tecnologia de poda do café arábica para seus locais de atuação. A proposta do Instituto é validar essa tecnologia, na prática, por meio de Unidades de Observação implantadas em propriedades rurais de diversos municípios capixabas.
Para o extensionista do Incaper do município de Castelo, Marcos Vinco, essa tecnologia está sendo desenvolvida em um momento importante para os produtores de café arábica. “Por meio da Poda Programada do Café Arábica, percebemos que o produtor terá mais ganhos, mais produção e qualidade, o que contribui para animar os cafeicultores”, falou Marcos. Ele disse que já está articulando duas Unidades de Observação em Castelo, sendo uma na comunidade de Caxixe e outra no Córrego da Prata. De acordo com o extensionista, 40% da produção de café de Castelo é de arábica.
No município de Mantenópolis, cuja produção de arábica gira em torno de 90% da produção total de café, também está sendo organizada uma Unidade de Observação na comunidade do Córrego São José. “Essa tecnologia tende a ser bem aceita pelos produtores, pois ela é viável, facilita a colheita e os tratos culturais, além de melhorar a produtividade”, afirmou o extensionista do Incaper em Mantenópolis, Claudinei Sales.
“É necessário que os extensionistas do Incaper validem essa tecnologia em seus municípios, conforme suas especificidades topográficas, altitudes, condições climáticas e condições das lavouras em produção e a serem implantadas. Somente depois dos resultados dessa análise prática e de outros trabalhos de pesquisa, a Poda Programa do Café Arábica será, de fato, recomendada aos produtores rurais das diferentes regiões do Espírito Santo”, afirmou o pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, Romário Gava Ferrão. Ele também disse que o café, como muitas outras plantas perenes, necessita de ser podada com planejamento anual. “Essa tecnologia inovadora, uma vez validada, irá contribuir muito para o Programa Renovar Café Arábica, implantado pelo Incaper desde 2008, e para a sustentabilidade da cafeicultura de Montanhas do Espírito Santo”, finalizou.
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