Café: Consultorias estimam perdas severas no Brasil para as duas próximas safras

A expectativa de uma drástica perda na safra brasileira
de café, que agora é um consenso entre as principais consultorias
internacionais, mantém as cotações nas bolsas de Nova Iorque (café
arábica) e Londres (café robusta) em alta e deve começar a elevar os
preços nas cafeterias de todo o mundo. Além das reduções previstas para a
safra 2014/15, as consultorias e outras empresas especializadas começam
a considerar uma perda de volume e qualidade considerável no café da
safra 2015/16.  

O Citigroup, uma das maiores empresas mundiais do
ramo financeiro, reduziu sua estimativa para a safra brasileira de café
2014/15 para 44,25 milhões de sacas, sendo 27,55 mi de sacas da
variedade arábica e 16,7 mi de sacas de robusta (conilon). A redução foi
ainda mais radical que a projeção divulgada esta semana pela Volcafe,
que apontou para uma safra de 45,5 milhões de sacas, número que ajudou
os preços atingirem seus maiores patamares em dois anos na Bolsa de Nova
Iorque (Ice Futures US). 

“A nossa estimativa é provavelmente a
menor já divulgada”, informou Sterling Smith, especialista em mercados
futuros do Citigroup. No entanto, fora da comunidade financeira, a
redução mais drástica foi estimada pelo CNC (Conselho Nacional de Café),
que aposta em uma safra entre 40,1 mi a 43,3 milhões de sacas. 

Smith
afirmou que foi “extremamente difícil” concluir as estimativas para a
safra brasileira este ano, já que a seca prolongada que atingiu o país
no início do ano foi “sem precedentes” na história recente e considera a
possibilidade de que esta previsão possa ser revisada. Em entrevista ao
site norte-americano Agrimoney, ele afirmou: “Todas as informações que
conseguimos em campo indicam uma safra menor que o previsto, mesmo
depois da seca”. 

As possibilidades de ocorrência de El Niño no
país também foram consideradas pelo Citigroup, segundo Smith, já que o
excesso de chuvas no período da colheita representa uma ameaça para o
volume e a qualidade de café. “O El Niño voltou a ser uma preocupação,
já que ele poderá dificultar os esforços de colheita e prejudicar ainda
mais a qualidade dos grãos”. 

Veja abaixo um gráfico com as
últimas estimativas para a safra brasileira 2014/15 feitas por algumas
das principais consultorias e traders desde janeiro deste ano, em
milhões de sacas:

Estimativas_safra_café_14/15

Preços em alta 
Os
preços do café arábica já subiram mais de 90% este ano na Bolsa de Nova
Iorque (Ice Futures US). Veja gráfico que mostra as altas nos preços em
dólar / libra-peso desde janeiro/2014:

grafico_precos_cafe

(Fonte: CNN Money)

De
acordo com matéria publicada pelo site CNN Money, as recentes altas
poderão ser sentidas em breve pelos consumidores de todo o mundo.
Grandes empresas como a Starbucks compram seu estoques de café para
alguns anos, porém, os preços mais altos devem atingir em cheio pequenas
empresas como a torrefadora Cave Greek, em Arizona, Estados Unidos.

Dave
Anderson, proprietário da Cave Greek, explica que compra café para oito
a 10 meses, para não precisar repassar os custos para seus clientes,
porém, ele afirma que será necessária uma “forte reversão” dos preços
para conseguir manter os valores atuais. “Vamos absorver uma parte dos
custos, mas infelizmente o consumidor terá que pagar uma parte da alta
também”. 

Marex Spectron prevê danos para a safra 2015/16
Além
da redução na safra brasileira 2014/15, diversas consultorias começam a
olhar mais adiante e considerar os possíveis efeitos negativos da seca
prolongada no início deste ano na safra 2015/16. Sem o crescimento
vegetativo adequado, a produção de frutos fica comprometida. 

O
relatório de abril da corretora britânica Marex Spectron sobre o mercado
de café já cita a provável redução da safra 2015/16 no Brasil. “Pode
ser muito cedo para estimar o volume da safra 2015/16, mas já existem
razões para temer outro déficit significativo para essa safra, o que
poderá levar a preços substancialmente mais altos”. A corretora informa
que a safra 15/16 “não será maior que a 14/15 e tem potencial para ser
significativamente menor”.
            
A Marex Spectron também
cita os problemas climáticos que podem prejudicar ainda mais a produção
mundial de café. “Os modelos climáticos começam a mostrar um aumento das
temperaturas no oceano Pacífico, que apontam para a provável volta do
El Niño pela primeira vez desde 2009… As similaridades com o forte El
Niño de 1997, neste mesmo período do ano, são impressionantes”.

A
previsão de redução para a safra brasileira 2014/15 feita pela Marex é
mais conservadora – entre 48 a 49 milhões de sacas – porém, a corretora
havia previsto um volume de 55 milhões de sacas em janeiro e já
considera novas reduções de estimativa. 

Em seu relatório mensal, a
Volcafe também já considera os danos para a próxima safra. “O clima
extremo afetou tanto a safra 2014/15 quanto a 2015/16. Mesmo no cenário
mais otimista, nós esperamos um déficit consecutivo no mercado de
café… O único consenso que conseguimos atingir agora é que a safra
15/16 foi afetada e a seriedade dos danos difere de região para
região”. 

Embarques em alta 
Os embarques de
café neste período estão em torno de 2,7 milhões de sacas, ou seja, 900
sacas acima do mesmo período de 2013. A Marex Spectron afirma que este
aumento se deve aos “estoques maiores dos produtores e alta nas vendas
físicas” e afirma ainda que os embarques mensais devem se manter em
torno de 3 milhões de sacas por mês, antes da entrada da próxima safra. 

Fonte: Notícias Agrícolas // Fernanda Bellei

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