Seca faz preço do café disparar em Minas Gerais

23/04/2014 | Café

 Com a seca, o preço do café, principal produto do agronegócio de Minas Gerais, disparou. Levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária do Esta­do aponta que o grão se valori­zou 63,94% somente nos três primeiros meses deste ano, pu­xando para cima os preços dos produtos agropecuários, que no geral subiram 18,27%.

Para a coordenadora da assessoria técnica da federação, Ali­ne Veloso, o impacto nos próximos meses pode ser ainda maior. “Para alguns produtos ainda não sabemos o tamanho da perda, que só será conhecida no momento da colheita.”

Pelo que foi apurado até ago­ra, a previsão é de que o efeito da seca supere as estimativas do IBGE e da Conab. No caso do café, são as muitas incertezas so­bre a produção que têm feito o grão se valorizar cada vez mais. A colheita começa em maio e se vai até setembro, e em algumas regiões produtores já falam em quebra de até 70% da safra.

E o caso de Três Pontas, onde foi decretada situação de emer­gência porque no primeiro tri­mestre choveu apenas 59 milí­metros, quatro vezes menos que o esperado para o período. Com a medida, os agricultores ganham o direito de renegociar dívidas e outros benefícios.

De acordo com o levantamen­to, a agropecuária mineira deve ter o VBP (Valor Bruto da produção) 9,3% maior em 2014, al­cançando R$ 51,5 bilhões. O ca­fé é a principal mercadoria agrí­cola do Estado e o calor em ex­cesso prejudicou principalmente as novas plantações no sul, região conhecida por ter um produto fino e tipo exportação.

Outro problema preocupa os produtores de regiões monta­nhosas é a impossibilidade da colheita mecanizada em áreas de aclive. Com a colheita ma­nual, o gasto sobe e muitos agricultores já estão deixando o cul­tivo na região e migrando para áreas com topografia plana.

Para a consultoria Informa Economics FNP, dentro de 10 a 20 anos a produção nas regiões montanhosas deve cair a quase zero. No lugar do café, devem entrar a pecuária leiteira e a criação de aves e Suínos. Isso por­que o custo para colher repre­senta 60% do total, e sem as má­quinas o lucro despenca.

Fonte: Rene Moreira, O Estado S. Paulo

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