Fruta nativa para fugir da seca

31 de março de 2006 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: Agência Brasil

Aposta em um produto diferenciado é alternativa para família de agricultores do município de Áurea


MARIELISE FERREIRA/ Áurea


Na balança entre os prejuízos deixados pela seca e a queda no preço dos grãos, um agricultor de Áurea, no norte do Estado, resolveu investir na produção de uma fruta ainda pouco difundida no mercado do sul do país. A physalis, originária da Amazônia e da Colômbia, revelou-se uma alternativa rentável para a propriedade rural.

Historicamente, o município de Áurea sofre com a deficiência de recursos hídricos para o abastecimento durante o verão. Nos últimos três anos, a água que faltou até para consumo humano deixou perdas irrecuperáveis para os produtores. Francisco Sieslevski, 44 anos, acumulou quebra de 80% a 100% das safras no período.

Somente este ano, a estiagem provocou a quebra em 60% nas áreas de 18 hectares de milho e 20 hectares de soja cultivadas na propriedade rural. A situação foi agravada pela queda do dólar e do preço do produto.

– Não dá mais para tentar viver do grão, quem depender exclusivamente disso está morto no mercado – salienta.

Foi estudando novas alternativas que a família de Sieslevski conheceu a physalis. As primeiras 5 mil mudas foram plantadas por Sieslevski em parceria com os cunhados Sônia Omizzolo e Marcos Eduardo Antosz. A produção não foi boa no primeiro ano, de novo por causa da seca, mas serviu para conhecer a nova cultura, que exige cuidados especiais. O solo precisa ser bem solto, adubado com cama de aviário e exige muita água. A irrigação na raiz, feita por gotejamento, é indispensável. A planta gosta de calor e não resiste às geadas, comuns no norte do Rio Grande do Sul.

Em apenas meio hectare cultivado próximo a dois açudes, os produtores conseguem obter de quatro a oito toneladas de physalis. Cada pé rende até três quilos da fruta. O retorno também é rápido, já que as mudas levam cerca de três meses para começar a produzir. Em plena safra, os arbustos, que podem chegar a dois metros de altura, pendem os ramos, carregados dos frutos e crescem protegidos por um invólucro natural de pequenas folhas. A produção tem se estendido de janeiro a maio na região, mas em condições adequadas ou em estufas as plantas produzem o ano inteiro. Este ano, a colheita na propriedade pode ultrapassar os 1,3 mil quilos da fruta, e a renda ficar em torno de R$ 8 mil para os produtores.

A produção de physalis de Áurea vai direto para a Intalbrás, de Vacaria, que embala e vende para todo o Brasil, em potes de 100 gramas com validade de 15 dias na gôndola. O preço pago ao produtor é de R$ 10 o quilo, mas a fruta chega à mesa do consumidor por preços que vão de R$ 40 a R$ 80 o quilo. A produção animou tanto a família, que agora deve ser estendida para outras frutas.

– Vamos começar plantando 30 mil mudas de morango e, depois, investiremos em framboesas e mirtilos – conta Sônia.

( marielise.ferreira@zerohora.com.br )


A phisalis

A fruta tem pinta de exótica, mas é nativa das regiões Norte e Nordeste.

Usada pelos índios da Amazônia com fins terapêuticos por ser rica em vitaminas A e C, fósforo, ferro e flavonóides, tem propriedades medicinais que ajudam no combate à diabetes e ao reumatismo.

Em todo o mundo existem oito variedades da frutinha, também conhecida como juá de capote.

Na Colômbia, a physalis representa 45% das exportações no setor, mas o Brasil produz e exporta pouco.

Com um aroma tão delicioso como o gosto, a fruta se consagrou com uso em pratos requintados. Utilizada na confecção de licores e doces, a physalis é também consumida in natura, acompanhada de vinho, e recoberta com chocolate junto com o café expresso

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