O adubo certo e na medida certa pode aumentar a produção dos pés de café e diminuir os efeitos da bienalidade da cultura. Isso é o que indicam pesquisas desenvolvidas pela Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Estudos feitos apontam que cafeeiros em fase de produção respondem bem à adubação com elevadas doses de fósforo.
De acordo com o pesquisador da Epamig Paulo Gontijo Guimarães, durante testes realizados em parceria com a Embrapa e Ufla (Universidade Federal de Lavras), em Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, foi observada a aplicação em cafeeiro de até 600kg do fertilizante P2O5, à base de fósforo, por hectare/ano.
Em todos esses ensaios houve aumento na produtividade do café até as doses máximas estudadas. “O aumento na produtividade comprova que na cafeicultura moderna e tecnificada é preciso rever alguns conceitos e até mesmo quebrar paradigmas”, afirma Paulo. Além da demanda energética das plantas por fósforo, o nutriente apresenta problemas por não ficar prontamente disponível às plantas quando aplicado ao solo. Por isso deve ser aplicado em quantidades maiores. Assim, parte fica disponível para a planta. “Quando se faz adubações com baixas quantidades desse fertilizante, quase a sua totalidade fica retida no solo, sobrando pouco para a planta”, complementa Paulo.
O pesquisador explica que lavouras da variedade de café Catiguá MG2 responderam bem à aplicação anual de até 3.000kg de adubo superfosfato simples por hectare, conferido no estudo que tem sido realizado desde 2008 na Fazenda Experimental da Epamig em Três Pontas. “O fósforo é vital para aumentar a energia das plantas. É um macronutriente que contribui na fotossíntese, para o crescimento da raiz e reprodução da planta”, afirma. Os estudos mostraram aumento de produtividade de 40%, em uma média de cinco safras, com a aplicação anual da maior dose testada.
Paulo lembra que as análises de solo e de folhas são importantes para o monitoramento da lavoura, evitando desequilíbrios nutricionais nas plantas. “Para a adoção de uma tecnologia com segurança e sucesso, o cafeicultor deve sempre realizar análises periódicas em sua lavoura”, explica.
Na Fazenda Passeio, em Monte Belo, Sul de Minas, um cafezal com mais de 1 milhão de pés já recebe há sete anos adubação fosfatada em doses mais elevadas. “A adoção dessa tecnologia trouxe maior produtividade de forma crescente com o aumento da quantidade do fertilizante aplicado, além de maior enraizamento das plantas e aumento de resistência às doenças, como ferrugem e cercosporiose”, conta o cafeicultor Adolfo Vieira, proprietário dessa fazenda, com mais de 100 anos de tradição em produção de café.
Ele explica que no início aplicavam adubo superfosfato simples e, posteriormente, passaram para o superfosfato triplo. “Fazemos duas aplicações do fertilizante, sendo a primeira entre outubro e dezembro e a segunda entre janeiro e março. A decisão é orientada pela análise de solo, produtividade e aspecto da lavoura”, explica Adolfo. Entre 2000 e 2006, a média de produção da Fazenda Passeio foi de 38,7 sacas por hectare e após o aumento das doses de fósforo, entre 2006 e 2013, a média passou para 45,4 sacas por hectare, sem irrigação.
Comentário
Alemar B. Rena comentou em: 16/04/2014 09:24
ALGO QUE NÃO ENTENDO!
Ao amigo Paulo Gontijo:
Tenho cerca de 40 ppm de P no solo e todas as análises foliares ao longo de 30 anos apresentam cerca de 0,18 a 0,2 %. Aplico anualmente, também ao longo destes 30 anos, 80 kg de P2O5/ha. A postulada mudança de paradigma inclui, então, também mudanças nos teores foliares considerados internacionalmente adequados por décadas?
Saudações
Rena
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LUÍS AMÉRICO PASETO comentou em: 16/04/2014 11:51
ADUBAÇÃO DE FÓSFORO
PREZADO PROF. E AMIGO, TAMBÉM NÃO ENTENDO E AINDA AFIRMO QUE NO CERRADO MINEIRO NAS ÁREAS IRRIGADAS POR GOTEJAMENTO OU PIVOT TEMOS TRABALHADO NESTES NÍVEIS DE P2O5 AS VEZES CHEGANDO A 120 /150 (ADUB. DE CEREAIS) E MANTEMOS MÉDIAS MÓVEIS ACIMA DE 50 SACAS/HA. ABRAÇOS. LUIS AMÉRICO.
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