16/04/2014 | Tecnologia de remoção de resíduos para recirculação da água do processamento de café desenvolvida pelo Consórcio Pesquisa Café (Embrapa Café, Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural – Incaper e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig) denominada Sistema de Limpeza de Águas Residuárias – SLAR é opção disponível para os cafeicultores de todos os portes para processamento de café com qualidade, sustentabilidade e, em especial, com economia de água.
O sistema permite a redução do consumo de água no beneficiamento do café em até 76% mediante a reutilização desse recurso natural. Ao término da jornada de processamento, a água pode ser usada na ferti-irrigação. Além disso, os resíduos sólidos que ficam do processamento via úmida podem ser utilizados na produção de compostos orgânicos. Estudos demonstram que o uso dessa água residuária é benéfica para as plantas de café e podem reduzir a dosagem necessária de aplicação de fertilizantes na lavoura.
Segundo o pesquisador da Embrapa Café Sammy Fernandes, além da contribuição ambiental, o SLAR tem a vantagem de ser uma tecnologia acessível para pequenos produtores por seu baixo custo de instalação e manutenção. “Existem no mercado equipamentos para processamento de frutos de café que economizam água, mas nem todo cafeicultor tem acesso. O SLAR tem a função de remover os resíduos sólidos na água proveniente do processamento de frutos, viabilizando a reutilização e a economia desse recurso natural finito”.
Como surgiu o SLAR – Com o objetivo de maximizar resultados da produção e da renda, cafeicultores a partir da década de 1980 começaram a fazer uso intensivo da água em tecnologias de processamento via úmida para obtenção do café cereja descascado, cuja qualidade de bebida é superior. No entanto, o uso dessas tecnologias resultou na geração de grande quantidade de água residuária de café que, com potencial de poluir o ambiente aquático. Para reduzir o volume de água empregada no processamento café via úmida e facilitar o aproveitamento agrícola da água residuária, foi desenvolvido o Sistema de Limpeza de Águas Residuárias – SLAR.
Entenda a tecnologia – O SLAR é constituído por três caixas de decantação/flotação interligadas e duas peneiras filtros (estáticas). As caixas retêm os resíduos mais densos que a água por decantação (acumulam-se no fundo do recipiente) e os menos densos por flotação. A água, já mais limpa, passa para a segunda caixa onde o processo é repetido e continuado até a terceira caixa. Ao final desse processo, a água é direcionada às peneiras onde ocorre a retenção de resíduos com potencial para obstruir o “esguicho” do descascador. Após passar pelas peneiras a água é bombeada para uma caixa de água residuária e é reutilizada no descascamento dos frutos. Em outras palavras, o SLAR remove os resíduos sólidos na água provenientes do processamento de frutos, viabilizando a reutilização da água e a diminuição do consumo. Ao término da jornada de processamento a água é descartada em lagoas/valas de infiltração ou aproveitada para a ferti-irrigação.
Para transferir esse conhecimento aos produtores de café em várias regiões produtoras, a Embrapa Café, Universidade Federal de Viçosa, Epamig, Incaper e instituições consorciadas estão percorrendo as principais regiões produtoras promovendo capacitações e cursos de pós-colheita de café. “As pesquisas do Consórcio atendem o cafeicultor, especialmente os da cafeicultura familiar, com treinamento e transferência de tecnologias adequadas à propriedade. O cafeicultor tem mais condições de produzir café de melhor qualidade”, diz o pesquisador da Embrapa Café Anísio Diniz.
Tecnologia acessível – Para saber mais informações sobre o SLAR, acesse a publicação lançada pela Embrapa Café intitulada “Produção de Café Cereja Descascado – Equipamentos e Custo de Processamento”. O Comunicado Técnico apresenta as vantagens do emprego de equipamentos e tecnologias necessárias à produção do café cereja descascado, tais como máquinas de pré-limpeza, lavadores, descascadores, Sistema de Limpeza da Água Residuária – SLAR, secagem/armazenagem, entre outros.
As informações são da Embrapa Café