Judith Ganes vê cenário positivo e avalia que café pode buscar 325 cents

Por: Café da Terra

08/04/2014


A especialista em commodities Judith Ganes-Chase, presidente da J.Ganes Consultin, LCC, apresentou seu relatório mensal sobre matérias-primas. No café ela indica que o produto, para a posição julho, tem uma tendência projetada de preço média de 250,00 centavos por libra peso, com a possibilidade de se buscar uma resistência em 325,00 centavos e um suporte em 250,00 centavos. Para a especialista, o mercado atual do grão é “muito altista”. Leia, na seqüência, a análise de Judith sobre o segmento:


Toda a extensão das perdas da safra brasileira não deve ser conhecida até a colheita. Os produtores, no entanto, estão vendo que a renda será muito menor, diante das amostragens verificadas.


Os grãos estão tendo amadurecimento prematuro, forçando os produtores a colher mais sedo e os resultados preliminares indicam que haverá realmente perdas, até mesmo em zonas que não foram atingidas duramente pelo sol escaldante e pelas temperaturas altas.


 


As lavouras que tinham condições razoavelmente boas estão tendo perdas, ao passo que as plantas que não tiveram tratamentos adequados,refletindo os baixos preços recentes, estão sofrendo muito mais.


As perdas que estão sendo relatadas nas lavouras do país variam de 20% a 50%, de acordo com o estado das árvores e a altitude da região. Aquelas com maiores perdas foram as lavouras em áreas menos protegidas e que sentiram mais o calor. Algumas plantas mais jovens chegaram a perecer e isso vai poder refletir no poder de recuperação das lavouras por duas temporadas ou mais. Para a safra, o sentimento é de que um quadro desastroso já se instalou.


Há um mês, a gravidade da situação ainda não era evidente,mas o cenário vai se tornando mais claro agora. As condições tiveram certa melhora em março, se comparado com janeiro e fevereiro, mas a deficiência hídrica se mantém e a saúde das plantas se deteriorou. Os grãos não se desenvolveram adequadamente. Ou seja, será necessário mais grãos para se ter uma saca beneficiada e a qualidade deverá ser mais pobre.


Os cafeicultores lutam para cobrir seus custos estão tendo de enfrentar uma safra complexa. O mercado reagiu quando se teve uma previsão de chuvas, caindo nos terminais. Mas essa é uma resposta apenas para um fator,o de níveis de umidade do solo, enquanto há outras condições que estão sendo negligenciadas.


Com a colheita começando com um mês de antecedência, as chuvas poderão tornar ainda mais difícil o processo de retirada do grão e a renda poderia se reduzir ainda mais, além de haver o risco de queda do fruto.Há também razões científicas para não se crer que as chuvas não irão trazer benefícios para a safra atual e provavelmente nem para a de 2015/2016. A parte inferior das folhas se abre e fecha durante o dia, como forma de nutrir a árvore. Quando ela se mostra carente de umidade e estressada, essa parte se danifica e pode ficar sem se hidratar por tempos e até morrer. Portanto, a chuva pode repor os níveis de umidade, mas pode não trazer o esperado alívio generalizado.


As perdas para a safra não serão facilmente cobertas pelos estoques excedentes, especialmente se a extensão do dano nas lavouras brasileiras se revelar ainda maior.


Essa situação é inédita no Brasil, não se tendo relato de casos dessa natureza. As perdas, portanto, são difíceis de quantificar, já que a aparência do grão pode não refletir a realidade do interior do grão. Cálculos sugerem que as perdas, devido aos problemas de renda, poderiam ser o dobro do esperado.


Ao final de fevereiro, o mercado refletiu o cenário climático e bateu no pico de 200,00 centavos. Após as chuvas, tivemos a correção, mas à medida que os produtores comecem a colher, diante do amadurecimento precoce, teremos um quadro mais claro.


Os dados de exportação da Organização Internacional do Café mostraram um aumento dos embarques em fevereiro, algo que não surpreendeu,diante dos preços favorecidos pelo rally. Esse ritmo maior dos embarques não garantiu um aumento dos estoques dos consumidores. Portanto, torrefadores e comerciantes deverão ter de lutar para conseguir cafés brasileiros, especiais ou de qualidade regular.


Fonte : Agnocafe

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