11/02/2014
Franca, 11 – O calor que vem pegando pesado nos últimos meses, somado à chuva insuficiente, prejudica diversas partes do País e em especial o interior de São Paulo e Minas Gerais. O reflexo tem sido sentido na agricultura começando pelo campo até chegar ao consumidor. Culturas da soja, cana-de-açúcar, café e, principalmente, os hortifrutis necessitam de muita água, por sua vez, cada vez mais escassa.
Janeiro foi recorde em termos de seca em muitas localidades e fevereiro começou na mesma linha. No caso cana, segundo a Datagro, há quatro meses o índice de chuva está abaixo da média em algumas regiões. É o que ocorre em Ribeirão Preto que, por ter um solo argiloso, retém mais água e sente menos o impacto. Ainda assim a situação é preocupante já que desde outubro chove bem abaixo da média.
O calor inicialmente é bom para acumular açúcar na planta, porém, se a temperatura permanece longa (acima de 35ºC) por muito tempo, ela mesmo passa a consumir o açúcar que produz. Esse prejuízo com a perda de produtividade ainda não atravessou todas as etapas, mas deve chegar ao consumidor final, segundo analistas. A falta de chuva incidirá diretamente sobre a safra 2014/2015 e a produtividade pode cair até 15%.
A cana começa a ser colhida daqui a pouco mais de dois meses e o Brasil é o maior produtor mundial de açúcar. Para janeiro a expectativa em Ribeirão -importante polo canavieiro- era chover 308 milímetros, mas esse número foi 71% inferior, atingindo apenas 88 milímetros, de acordo com as medições do Somar Meteorologia. E para fevereiro, o instituto prevê novamente menos água que o esperado.
Soja
A soja também sofre com a elevada temperatura. Muitas lavouras amadureceram mais cedo por causa do calor intenso e nem deu tempo de formar os grãos. Folhas amareladas são vistas nas plantações e alguns agricultores contabilizam perda de quase 50% na produção que começou a ser colhida. Somente uma chuva contínua agora para amenizar o prejuízo que já é irreversível.
Café
Se na cana e na soja a falta de chuva é sentida, no café não é diferente. Além do interior paulista, em Minas Gerais a situação é crítica. O estado é o maior produtor do país e o fruto deve ficar menor, o que significa uma produção reduzida. Somado a isso, a planta nem sempre sobrevive, pois vai perdendo água, já sendo possível observar lavouras queimadas pelo sol. Porém, assim como no caso da cana, será preciso esperar para ter ideia do tamanho da perda na safra cafeeira.
Hortaliças
A seca também é inimiga das hortaliças e o prejuízo já foi parar diretamente no bolso do consumidor. Alguns produtos subiram mais de 160% nas últimas semanas no Triângulo Mineiro, como é o caso do jiló, de acordo com a Ceasa (Central de Abastecimento) de Uberlândia. Na sequência vem o chuchu (140%) e o repolho (100%).
Gado
Os animais também sofrem com a seca e o gado tem o metabolismo muito afetado pelo calor, segundo Luiz Gustavo Nussio, professor do Departamento de Zootecnia (LZT) da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz) da USP (Universidade de São Paulo). Ele conta que a temperatura elevada afeta a frequência respiratória e reduz o consumo alimentar do animal. “Isso faz diminuir a produtividade de leite e carne”.
Fonte: Agência Estado