Muito se fala do café, mas pouco se sabe, ao certo, sobre seus efeitos. Além de delicioso, pode ser saudável, quando consumido moderadamente.
Para algumas pessoas, o cafezinho depois do almoço parece ser inevitável. O cheiro da bebida fresca deslumbra e, ao mesmo tempo, atiça os sentidos. No entanto, todo apreciador de café parece ter algum tipo de “dor na consciência” quanto aos efeitos colaterais.
A bebida nacional dos brasileiros sempre foi acusada de causar problemas de saúde. Baseados em algumas pesquisas, mitos sobre a bebida se firmaram entre a população: o café desidrata, aumenta a pressão sangüínea, propicia a osteoporose, além de ser o responsável por infartos, AVC e câncer.
Algumas xícaras por dia não fazem mal a ninguém
“Hoje em dia já não se pode afirmar que o café seja prejudicial à saúde”, disse Thomas Hofmann, diretor do Instituto de Química de Alimentos da Universidade de Münster, à revista Der Spiegel. Está comprovado que houve falhas metodológicas nos estudos anteriores que atestavam as suas qualidades prejudiciais.
Segundo Hofmann, atribuíram-se características específicas – parcialmente negativas – das substâncias presentes no grão de café à bebida em si. Junto com pesquisadores do Instituto Alemão de Investigações Alimentares de Garching, Hofmann estuda as propriedades do grão, o qual é composto por mais de mil substâncias interagentes.
Um dos efeitos mais citados após algumas xícaras de café é o nervosismo que se manifesta, às vezes, sob a forma de taquicardia. Contudo, os amantes da bebida não devem se preocupar, já que, além do seu sabor inigualável, novas investigações confirmam uma série de efeitos benéficos.
Um estudo publicado na revista norueguesa Molecular Nutrition & Foodresearch revela que o café é uma das bebidas mais populares no mundo. Levando-se em conta as quantidades consumidas, pode-se supor que assim tão ruim o café não deve ser. A Alemanha é o líder mundial em consumo: para suprir a demanda em 2004, foram consumidos 151 litros por pessoa, o que equivale a 6,4 quilos de pó de café.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: O café é a bebida mais consumida na Alemanha
Desfazendo mitos: café desidrata?
Em relação aos falsos efeitos colaterais, o mais comum é de que o café pode desidratar o organismo. “Estudos anteriores foram interpretados de maneira equivocada”, comenta Antje Gahl, da Associação Alemã de Nutrição (DGE). Nesses estudos, proibiu-se seus participantes a ingestão de café por um determinado tempo, antes da realização das análises. Isto fez com que o corpo se desacostumasse e reagisse mais sensivelmente à infusão.
Outros testes – como o de Kristin Reimers da Universidade de Omaha/Nebraska – confirmam que a mesma quantidade de urina foi produzida, durante 24 horas, por sujeitos que tomaram bebidas com cafeína e outros que ingeriram líquidos sem esta substância.
Outro cientista, o fisiologista inglês Ron Maughan, publicou resultados semelhantes no Journal of Human Nutrition and Dietetics, afirmando ainda que a ingestão de duas a quatro xícaras de café por dia se mostra inócua no que se refere ao equilíbrio de líquidos no organismo.
De qualquer forma, os cientistas não negam que a cafeína tenha propriedades ligeiramente diuréticas. Ela inibe o efeito do hormômio antidiurético na hipófise, ordenando ao corpo a eliminação de líquido. Porém, isto não influi na auto-regulação do organismo. Maughan explica que o consumo freqüente da bebida pode reduzir este efeito.
Falsas suposições sobre a hipertensão
Até o momento, não há comprovações científicas sobre a relação entre o consumo de café e o aumento da pressão sangüínea.”Quem está acostumado a beber café não sofre mais do que um leve aumento da pressão arterial”, acrescenta Andreas Pfeiffer, médico-nutricionista do Hospital Universitário Charité, em Berlim.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Aos poucos, os mistérios do grão de café vão sendo revelados
Estudos realizados nos Estados Unidos comprovam esta afirmação e Wolfgang Winkelmayer a reitera em um estudo com dados de 150 mil mulheres, publicado no Journal of Harvard School of Public Health.
O que pode ser verificado cientificamente foi um aumento do nível de colesterol no sangue. Porém, a alteração não foi causada pelo café, mas pelos chamados diterpenos, substâncias como o cafestol e o caveol, que, de qualquer modo, permanecem no filtro de papel. No caso do café expresso, que não é filtrado, a quantidade é tão insignificante, “que não causa problemas”, explica Pfeiffer.
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