Fazendeiro critica postura arrogante |
Produtor da Zona da Mata reclama da ação das mineradoras e teme pelo futuro dos pequenos agricultores e suas famílias |
Bernardino Furtado – Enviado especial Nascido no Quênia, onde o pai, súdito inglês, foi explorar uma fazenda na colônia africana, Robin Le Breton morou nos cinco continentes a serviço do Banco Mundial. Nos últimos três anos de carreira no banco, ficou cedido à Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Na sede do órgão, em Recife, foi encarregado de formar uma equipe de supervisores de projetos de desenvolvimento rural. Percorreu por todo o sertão. Numa viagem a Minas para conhecer as cidades históricas, acompanhado da mulher, a inglesa Binka, pianista erudita, e da sogra, passou pela Zona da Mata e encantou-se com as encostas da Serra do Brigadeiro. Comprou uma fazenda em Rosário da Limeira, deixou o emprego no Banco Mundial, e há 17 anos vive de produzir mourões de eucaliptos, café, de engordar peixes e, sem fins lucrativos, segundo ele, comandar um centro de estudos sobre Mata Atlântica. Criador da ONG Amigos de Iracambi e de uma reserva particular do patrimônio natural de 70 hectares de mata, Le Breton é a principal voz crítica à forma como os projetos de extração de bauxita no lugar vêm sendo conduzidos. “A postura das mineradoras é de extrema arrogância. Vieram há 20 anos, fizeram furos de pesquisa, voltaram a fazê-lo há menos de um ano, entraram com os processos de licenciamento ambiental, mas jamais explicaram para os moradores o que pretendem fazer aqui”, diz Le Breton. Engenheiro ambiental, o fazendeiro argumenta que a compensação financeira usual para os proprietários de terra que a lei determina aos mineradores não é suficiente para assegurar a sobrevivência futura dos pequenos agricultores da região. Segundo ele, esses moradores, em geral, têm dívidas de financiamentos, famílias numerosas carentes e baixa instrução escolar. “A primeira coisa que vão fazer é pagar as dívidas. De que vão viver em seguida?” |