O agronegócio em Minas enfrenta com otimismo o desafio de produzir mais e melhor na mesma quantidade de terra plantada
O agronegócio mineiro vive dilema auspicioso. Nossas fronteiras agrícolas estão esgotadas. Ao mesmo tempo, as necessidades mundiais de produtos agropecuários crescem incessantemente. Segundo dados da ONU, até 2020 a demanda mundial por alimentos crescerá 20% – e o Brasil atenderá 40% dela. Eis aí onde o desafio de produzir mais na mesma quantidade de terra se encontra com a oportunidade de novos negócios.
De fato, é hora de nos prepararmos para novos tempos. E a expressão “novos tempos” quer dizer planejamento, tecnologia, inovação, produtividade, sustentabilidade. É importante lembrar que, apesar da limitação da área cultivável, Minas é uma potência agrícola e pecuária. O valor da produção entre 2011 e 2012, segundo o IBGE, atingiu R$ 25,4 bilhões.
Na pecuária leiteira e de corte, por exemplo (Minas tem a maior bacia leiteira do país e responde por 27,6% da produção nacional, e o segundo maior rebanho bovino do país, com 24 milhões de cabeças de gado), é hora de investimentos em produtividade, recuperação de áreas degradadas e, sobretudo, em inovação, o que vai permitir o lançamento de produtos e em embalagens modernas. Fortalecendo nossa agroindústria, impediremos a migração para outros estados e, ao mesmo tempo, atrairemos novos empreendimentos.
A mesma questão se aplica no caso do milho e da soja. O milho tem enorme potencial de crescimento. A produtividade média do grão no estado chega a 6 mil kg/ha – mas temos tecnologia para fazer com que esse número chegue a 12 mil kg/ha. Já a soja precisa de investimentos em sanidade e controles alternativos de pragas. A vigilância e as pesquisas devem ser permanentes, como mostra a recente ameaça da Helicoverpa armigera.
No caso do café, principal produto de exportação do agronegócio mineiro (com 1,4 milhão de toneladas, Minas responde por mais da metade da produção nacional e as exportações do estado somaram US$ 3,8 bilhões em 2012), a alternativa é explorar a segmentação de mercado com café de qualidade, de origem, certificado, cuja saca pode atingir níveis de preço seis vezes maiores que o café comum. O café gourmet, de origem, agrega valor intangível ao produto.
O problema da cana, cuja produção no estado é de 70 milhões de toneladas anuais, é mais complicado. O produto é resultado de tecnologia autenticamente nacional. Mas aqui mesmo foi gerado seu maior adversário: o preço. De um começo promissor, com possibilidades de abastecer o mundo com combustível renovável, a indústria do etanol patina. E Minas, o terceiro maior produtor nacional, ficou seriamente prejudicada. Só há uma saída para salvar um setor com potencial para gerar extraordinária renda para o estado e o país: mudar a atual política de preços, que é balizada pela gasolina da Petrobras.
Contudo, não basta produzir mais e melhor. Grãos, carne, laticínios precisam viajar, chegar à mesa do consumidor a preço competitivo. Aí, outro entrave. Embora o estado tenha a maior rede rodoviária do Brasil, nossas estradas são outro risco a ameaçar o agronegócio. Estreitas, esburacadas e mal sinalizadas, tornam o transporte lento e caro num mercado ágil e de guerra de preços baixos. Minas Gerais conhecerá outro ciclo de desenvolvimento quando a logística estiver à altura da nossa capacidade de criar e produzir.
O fato é que, da porteira para dentro, os produtores rurais têm soluções para investir em produtividade e qualidade proporcionadas por instituições como o Senar, Emater, Epamig, Embrapa, escolas técnicas e universidades. Com a assistência técnica e extensão rural fortalecidas e trabalhando forte, com facilidade de transporte, o desafio de produzir mais em menos terra é grande. Mas nós, mineiros, já mostramos do que somos capazes. Temos o segundo maior valor bruto da produção (VBP) e podemos sonhar mais alto. Gente e tecnologia para avançar não nos faltam.