Preço do café afeta a sobrevivência de pequenos produtores de MG

5 de novembro de 2013 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

04/11/2013


Do Globo Rural


O preço baixo do café complica a situação dos pequenos produtores de Minas Gerais. O agricultor Paulo Teixeira, do município de Cabo Verde, tentou segurar algumas sacas de café arábica à espera de preços melhores, mas teve que negociar quase toda a produção por preços muito baixos. A dívida com financiamentos já chega a R$ 18 mil.


“Eu faço conta nova e pago as dívidas velhas. Infelizmente, eu só estou tirando de lá e pondo de cá porque quando pago uma dívida hoje eu não estou pagando com meu dinheiro. Estou pagando com dinheiro que eu pego emprestado”, diz Teixeira.


Para fechar as contas, o agricultor terá de conciliar a colheita da lavoura e trabalhar como apanhador de café em outras propriedades. “Eu tenho que enfrentar e trabalhar na colheita do café com meus filhos. Ver se faz um caixa de colheita, de braçal. Trabalhar braçal fazendo colheita”, diz Teixeira.


O preço do café está cerca de 35% menor do que há um ano. Em outubro do ano passado, uma saca de café de boa qualidade para exportação era negociada no sul de Minas Gerais por R$ 364,00. Agora, ninguém consegue mais do que R$ 240,00.


O produtor de café Antônio Mário Batista precisou cortar despesas em casa e na lavoura. A dívida acumulada nos últimos dois anos chega a R$ 60 mil. “Na minha vida até hoje eu nunca vi um negócio desse. Nunca vi mesmo. Eu acho que não vou ter sucessor porque meu filho não vai querer essa vida que eu levo”, diz.


O preço internacional do café arábica desvalorizou 30% de um ano até o momento. Em Londres, na Inglaterra, a poucos quarteirões do rio Tâmisa e do famoso relógio Big Ben, fica o prédio onde funciona a sede da Organização Internacional do Café. Segundo o presidente atual da entidade, o brasileiro Robério Silva (foto: Wenderson Araújo), a crise de preços não acontece apenas no Brasil, mas é o nosso país que recebe o maior impacto.


“O Brasil é aquele que atende aos requisitos do meio ambiente de forma mais sistemática, de forma mais aberta. É aquele que atende aos requisitos da lei de emprego. Tudo isso torna muito caro o café brasileiro, principalmente aquele que vem da montanha. Isso deixa o custo de produção dele acima daquilo que se pratica no mercado”, dz Silva.


A Organização Internacional do Café diz que a oferta mundial aumentou nos últimos três anos em países como o Vietnã e a Colômbia, principal concorrente do Brasil na América Latina. “A Colômbia vem sofrendo desde março deste ano. A Colômbia teve paralisações muito importantes e o governo teve de instituir um subsídio para a produção de café. Esse é um país que vem sofrendo junto com o Brasil com maior intensidade”, esclarece Silva.


O presidente da OIC diz que os produtores e os governos têm que se adaptar à nova realidade do mercado que é o aumento da oferta. No Brasil, a colheita deve ser maior em 2014. “Na verdade, até o momento nós estamos com três milhões de sacas a mais de oferta do que demanda. Mas isso pode vir a aumentar no ano que vem. Isso influencia no diretamente no preço porque leva à formação de estoques tanto nos países produtores quanto nos países consumidores”, alerta Silva.


O Brasil é o maior produtor de café do mundo, somando o conilon e o arábica. Em segundo lugar, vem o Vietnã; em terceiro está a Indonésia e em quarto fica a Colômbia.


Assista à reportagem do Globo Rural em: http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/preco-do-cafe-afeta-a-sobrevivencia-de-pequenos-produtores-de-mg/2929487/

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Preço do café afeta a sobrevivência de pequenos produtores de MG

4 de novembro de 2013 | Sem comentários Comércio
Por: GLOBO RURAL ONLINE


03/11/2013 08h15 – Atualizado em 03/11/2013 08h15



Agricultores acumulam dívidas com financiamento.
Saca de café de boa qualidade é negociada por R$ 240,00.





Do Globo Rural









O preço baixo do café complica a situação dos pequenos produtores de Minas Gerais. O agricultor Paulo Teixeira, do município de Cabo Verde, tentou segurar algumas sacas de café arábica à espera de preços melhores, mas teve que negociar quase toda a produção por preços muito baixos. A dívida com financiamentos já chega a R$ 18 mil.


“Eu faço conta nova e pago as dívidas velhas. Infelizmente, eu só estou tirando de lá e pondo de cá porque quando pago uma dívida hoje eu não estou pagando com meu dinheiro. Estou pagando com dinheiro que eu pego emprestado”, diz Teixeira.


Para fechar as contas, o agricultor terá de conciliar a colheita da lavoura e trabalhar como apanhador de café em outras propriedades. “Eu tenho que enfrentar e trabalhar na colheita do café com meus filhos. Ver se faz um caixa de colheita, de braçal. Trabalhar braçal fazendo colheita”, diz Teixeira.


O preço do café está cerca de 35% menor do que há um ano. Em outubro do ano passado, uma saca de café de boa qualidade para exportação era negociada no sul de Minas Gerais por R$ 364,00. Agora, ninguém consegue mais do que R$ 240,00.


O produtor de café Antônio Mário Batista precisou cortar despesas em casa e na lavoura. A dívida acumulada nos últimos dois anos chega a R$ 60 mil. “Na minha vida até hoje eu nunca vi um negócio desse. Nunca vi mesmo. Eu acho que não vou ter sucessor porque meu filho não vai querer essa vida que eu levo”, diz.


O preço internacional do café arábica desvalorizou 30% de um ano até o momento. Em Londres, na Inglaterra, a poucos quarteirões do rio Tâmisa e do famoso relógio Big Ben, fica o prédio onde funciona a sede da Organização Internacional do Café. Segundo o presidente atual da entidade, o brasileiro Robério Silva, a crise de preços não acontece apenas no Brasil, mas é o nosso país que recebe o maior impacto.


“O Brasil é aquele que atende aos requisitos do meio ambiente de forma mais sistemática, de forma mais aberta. É aquele que atende aos requisitos da lei de emprego. Tudo isso torna muito caro o café brasileiro, principalmente aquele que vem da montanha. Isso deixa o custo de produção dele acima daquilo que se pratica no mercado”, dz Silva.


A Organização Internacional do Café diz que a oferta mundial aumentou nos últimos três anos em países como o Vietnã e a Colômbia, principal concorrente do Brasil na América Latina. “A Colômbia vem sofrendo desde março deste ano. A Colômbia teve paralisações muito importantes e o governo teve de instituir um subsídio para a produção de café. Esse é um país que vem sofrendo junto com o Brasil com maior intensidade”, esclarece Silva.


O presidente da OIC diz que os produtores e os governos têm que se adaptar à nova realidade do mercado que é o aumento da oferta. No Brasil, a colheita deve ser maior em 2014. “Na verdade, até o momento nós estamos com três milhões de sacas a mais de oferta do que demanda. Mas isso pode vir a aumentar no ano que vem. Isso influencia no diretamente no preço porque leva à formação de estoques tanto nos países produtores quanto nos países consumidores”, alerta Silva.


O Brasil é o maior produtor de café do mundo, somando o conilon e o arábica. Em segundo lugar, vem o Vietnã; em terceiro está a Indonésia e em quarto fica a Colômbia.

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