Cooperativa de MG embarca contêiner para prospectar mercado chinês

5 de novembro de 2013 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Cooperativa de MG embarca contêiner para prospectar mercado chinês
Revista Globo Rural
04/11/2013


Raphael Salomão


Embarcar um contêiner de café para a China e oferecer a compradores locais, em uma venda ao estilo “porta a porta”, em contato direto com o cliente. Foi a ideia que a direção da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer), de Patrocínio (MG), resolveu colocar em prática para prospectar o mercado chinês para cafés especiais da região do Cerrado Mineiro.


O projeto começou há pouco mais de um ano, explica o gerente de novos negócios da Expocaccer, André Gomes Peres. Segundo ele, entre setembro e outubro do ano passado, representantes da cooperativa foram à China para uma primeira avaliação do mercado e do ambiente de negócios.


Segundo Peres, a viagem serviu para que houvesse contato com todos os aspectos do mercado, desde a legislação, passando por logística até chegar nas cafeterias. “O resultado foi promissor”, diz ele, ressaltando que a preparação do plano envolveu uma parceria com uma trading chinesa, treinamento de um representante e aprovação por parte do conselho de administração da cooperativa.


A carga de 320 sacas deve chegar ainda neste mês, de acordo com Peres. O representante, baseado em Xangai, fará a comercialização. “Este agente vai armazenar a mercadoria, contatar empresas que tem foco em cafés especiais, oferecer o que temos disponível no território chinês e também dar toda a assessoria necessária para esses clientes”, explica.


A expectativa é vender tudo em até seis meses. Peres compara o trabalho do agente na China ao de um “mascate” e diz que, no caso de cafés especiais, a prática é viável porque as vendas são fragmentadas e é possível atender os clientes mais diretamente.


Com os resultados, a direção da cooperativa vai avaliar a possibilidade de ampliar as relações com os chineses. A intenção, segundo o gerente de novos negócios da Expocaccer, é observar critérios como prazos de venda e recebimento, perfil dos clientes, a negociação em si, além da rentabilidade.


André Gomes Peres acredita que há espaço para o café no gigante asiático, tradicional consumidor de chá. “Para a nova geração chinesa, com queda para a ocidentalização, o café é fashion. Há cafeterias bem montadas, crescimento do consumo, vontade de tomar café bom. Se obtivermos bom resultado neste primeiro contato, iremos naturalmente engordando as fichas para aquele mercado”.


OIC – Para a Organização Internacional do Café (OIC), a China tem um mercado com forte potencial para o produto. A conclusão está em um estudo divulgado recentemente, com base na evolução da oferta e demanda no mercado chinês entre 1998 e 2012.


De acordo com a OIC, neste período, as importações de café pela China, seja verde, solúvel ou torrado e moído, saltaram de 232 mil para 1,396 milhão de sacas. O Vietnã, maior produtor de robusta do mundo, respondeu por 47,8%. O Brasil, maior produtor mundial de arábica, por 6,3%.


Com uma grande população, calculada em 1,3 bilhão de habitantes, o consumo per capita ainda é considerado baixo, em torno de 47,6 gramas por habitante (2012). No entanto, a taxa de crescimento entre 1998 e 2012, de acordo com a OIC, passa de 12%. “Se a taxa média de crescimento anual de 12,8% for mantida, o consumo pode alcançar 2,8 milhões de sacas até 2020”, projeta a Organização.


“A abertura econômica e comercial para oportunidades de investimento, particularmente na indústria de torrefação, poderia ajudar a mudar os hábitos dos consumidores, criando um vasto mercado potencial para o consumo de café”, avalia o estudo.


No entanto, a OIC destaca que o consumo de café no mercado chinês ainda é “um enigma” e deve ser avaliado com cautela. “O consumo ainda é relativamente fraco, e seu futuro crescimento dependerá em grande parte da prosperidade da economia chinesa. Além disso, as casas de café são frequentadas sobretudo por um grupo relativamente pequeno de pessoas da classe média urbana. Assim, o aumento do consumo per capita depende muito de fatores socioeconômicos.”

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