Produtores de todo o País esperam colher este ano cerca de 47,5 milhões de sacas
Com a queda do preço da saca de café arábica – que atualmente custa R$ 250, uma redução de 40,56% em relação a 2012 – a situação não anda fácil para os cafeicultores. Os motivos disso são uma safra maior que o habitual e, principalmente, a demora do governo federal em socorrer o setor, dizem os representantes dos produtores.
Há duas semanas, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pediu à Casa Civil da Presidência da República e aos ministérios da Agricultura e da Fazenda a suspensão automática do pagamento das parcelas do crédito rural dos cafeicultores por 90 dias. O pedido ainda não obteve resposta.
O presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, Breno Mesquita, diz que o objetivo desse intervalo é fazer um diagnóstico do setor. A Confederação quer saber qual é o nível de endividamento dos produtores e a produção. Para isso, tem entrado em contato com os bancos e cooperativas de produção.
Atraso
O café é uma cultura de bienalidade, ou seja, intercala um ano de safra maior com um de produção menor.
A deste ano deveria ser reduzida, mas a produção de 47,5 milhões de sacas é próxima a safra de 50 milhões de sacas em 2012. Quase 80% disso é de café arábica, mais completo em aroma e sabor do grão que o conillon.
Breno afirma que o setor já sabia que a colheita deste ano seria grande e, desde setembro de 2012, já vinha conversando com o governo federal a fim de articular medidas de contenção do preço.
“Um ano depois, o governo soltou o que havíamos pedido. O resultado é um prejuízo incalculável para a cafeicultura”, diz Breno.
Uma dessas medidas são os leilões de opções de vendas de café, realizados recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os leilões são uma forma do governo ajudar a elevar o preço do produto no mercado, comprando café caso o produtor não encontre um preço maior à época da opção.
O valor de referência dos leilões foi de R$ 343 a saca. A opção poderá ser exercida em março de 2014. Na avaliação de Breno, o mecanismo não produziu o efeito esperado por ter chegado com seis meses de atraso, por questões orçamentárias do governo, no final da safra de café.
Outra queixa é a retenção dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), de R$ 7 bilhões.
“O governo não usou esse dinheiro, que é do produtor, para nada. Passou a fase da colheita e o produtor não teve dinheiro”, critica o presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo.