24/09/2013, FAEMG
A sobreoferta de café no mercado internacional preocupa especialistas do setor. Para eles, é necessário maior controle por parte dos produtores para evitar um desiquilíbrio entre a oferta e a demanda da commodity.
A agregação de valor na cafeicultura foi discutida na semana passada, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, durante o “Rotas para o futuro”, evento realizado pela Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), em parceria com a VB Comunicação.
O presidente da OIC (Organização Internacional do Café), Robério Silva, explicou que o consumo global vem crescendo em ritmo estável nos últimos anos e a perspectiva é de continuidade neste desempenho. Anualmente, o incremento na demanda pelo grão no mercado internacional é, em média, 2,5%.
“É preciso ter cuidado para não deixar a produção descolar desse ritmo e crescer”, afirmou. Para ele, as medidas anunciadas pelo governo federal, com a retirada de aproximadamente 13 milhões de sacas do mercado, deverão surtir efeitos positivos na cafeicultura.
Na avaliação de Silva, outros países deveriam também adotar medidas para ordenar o fluxo da safra de café e evitar excesso de grãos.
De acordo com o presidente da OIC, ainda não há projeções de excesso de oferta. Isto se dá por conta de problemas enfrentados pelos produtores na América Central. A região registra surto de ferrugem.
O presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), o deputado federal Silas Brasileiro, também destaca a necessidade de um maior controle da produção, a fim de evitar excesso de oferta. Além disso, segundo ele, os cafeicultores devem buscar forma de reduzir os custos da produção. Dessa forma, o grão nacional poderá se tornar mais competitivo.
O presidente da Associação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sérgio Assis, aponta que os cafeicultores devem buscar manter bom controle para evitar a sobreoferta. De acordo com ele, é preciso retirar as plantas que produzem pouco e manter somente aquelas com boa produtividade.
Em relação ao atual cenário, em que os preços do café estão em queda, ele explicou que, com o aumento dos preços internacionais nos últimos dois anos, os cafeicultores investiram mais no trato da lavoura, além de terem aumentado o plantio, o que conseqüentemente resultou em incremento da produção.
Além disso, a elevação na cotação da commodity agrícola levou as torrefadoras a usarem mais o café conilon, que é mais barato e tem maior teor de cafeína, o que reduz o consumo no blend em relação ao café arábica. “Dessa forma, há uma maior oferta do arábica no mercado, o que reduz os preços”, avalia.
Cerrado
Para reduzir os impactos da volatilidade do mercado internacional na cafeicultura, a agregação de valor ao produto é apontada por especialistas como uma das melhores alternativas. No caso do café do cerrado, os produtores vêm trabalhando para exportar o café já torrado, o que poderá resultar em maior valor agregado ao grão.
De acordo com Assis, há projetos para o desenvolvimento de uma indústria da cadeia produtiva na região. Segundo ele, as vendas externas poderão ser feitas através de marca própria ou de private label, ou seja, a exportação será feita com a marca do parceiro dos produtores do café do Cerrado no exterior.
O café do Cerrado é produzido em 55 municípios do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. De acordo com Assis, 70% da produção na região são exportadas.
A associação, que conta com nove cooperativas na região, ganhará mais uma. A criação da Cooperativa dos Cafeicultores de Patos de Minas e Região foi oficializada no mês passado.
De acordo com o prefeito do município, Pedro Lucas Rodrigues, a cooperativa terá capacidade para beneficiar 300 mil sacas de café. Durante o evento, ele informou que a administração irá doar o terreno para a implantação do estabelecimento.