Governo Federal desconhece a realidade dos cafeicultores das montanhas de Minas. Dívida real da cafeicultora é desconhecida e preocupa
Após grande mobilização dos cafeicultores pelo Brasil, o Governo Federal anunciou um pacote de medidas para socorrer a cafeicultura. As medidas ainda não resolvem todos os problemas, mas foram um princípio.
O movimento Camara do Café das Matas e Leste de Minas, surgido durante as manifestações no entroncamento das Brs 262 e 116, conseguiu enviar uma comissão para ser ouvida pelo Ministério da Agricultura e conquistou ainda uma cadeira do Conselho Nacional do Café.
A maior reivindicação dos cafeicultores era a garantia de um preço mínimo de um salário para a saca do café Arábica tipo bebida e de meio salário para o café Arábica tipo rio. A resposta do governo não atendeu por completo as necessidades dos cafeicultores, mas amenizaram o momento de crise.
Os líderes do movimento, lamentaram apenas ter chegado um pouco tarde para lutar pelos cafeicultores, segundo a Câmara as medidas deveriam ter sido anunciadas a pelo menos quatro meses.
“Nós ficamos aguardando por uma posição dos nossas autoridades, por nossos representantes e nada eles fizeram por nossos cafeicultores em Brasília. Segundo o presidente do CNC(Conselho Nacional do Café), o deputado Silas Brasileiro, nos disse em audiência.
O CNC nunca foi procurado por qualquer autoridade ou representante regional para defender, para relatar as dificuldades dos nossos cafeicultores. E ainda ouvimos o mesmo discurso dos representantes do Ministério da Agricultura. Isso é um absurdo.” ressaltou o Admar Soares, Presidente da Câmara do Café.
Cafeicultor Mineiro é sério e idôneo
A segunda e talvez maior das reivindicações do movimento era a prorrogação das dívidas dos cafeicultores. Durante a reunião da comissão dos cafeicultores com o Ministério da Agricultura, um dos representantes ligado ao Governo Federal questionou sobre como poderiam ajudar aos cafeicultores, uma vez que somente 1% dos cafeicultores estavam com os CPFs comprometidos com dívidas? Como discutir renegociação de dívidas, uma vez que apenas 1% não faz demanda?
A pergunta, cabível no momento ressalta o quanto o Governo e até mesmo as organizações locais desconhecem a complexidade por detrás da cadeia do café.
Os cafeicultores justificaram através de exemplos próprios a realidade vivida por milhares de produtores na região. Aqueles produtores que estão com seus CPFs comprometidos, são aqueles que já foram atingidos por completo pela crise.
No atual momento representam 1% a 2%, estando estes com suas propriedades prestes a serem executadas para saldar a divida bancária.
Foi colocado então pelos representantes dos produtores, a realidade, a seriedade e a idoneidade do cafeicultor mineiro.
Se o Governo estiver aguardando um grande registro de negativação do cafeicultor mineiro, ele jamais levará a ajuda para este cafeicultor. Pois o cafeicultor mineiro tem medo do SPC, da SERASA, de ter o “nome sujo”.
“O cafeicultor mineiro é idôneo, é sério. Ele vende a bicicleta da filha, as férias da família, mas não deixa de arcar com seus compromissos. Igual a mim há milhares.
Nosso compromisso vence em outubro, em novembro, mas estamos buscando desde já´uma solução” destacou Marcelo Amorim, um dos representantes dos cafeicultores.
Governo Federal precisa conhecer o perfil do cafeicultor
Diante deste cenário tão preocupante, chegou-se a necessidade de fazer um levantamento sobre o tamanho da dívida da cafeicultura de montanha.
Os deputados federais Odair Cunha e Silas Brasileiro, propuseram então realizar um cadastro com todos produtores que desejam renegociar suas dívidas.
Esse cadastro, será utilizado como documento de intenção de financiamento da dívida atual, com carência de dois anos para dar início ao pagamento e parcelamento em até 15 anos com taxa de juros baseada nas linhas da casa própria.
“É muito importante que o cafeicultor, que produtor preencha esse formulário, que ele demonstre que tem intenção de negociar sua dívida.
Será através destes documentos, destes números que nós conseguiremos provar que a região esta comprometida e necessita de ajuda” explanou Admar Soares.
Os formulários para pedido de parcelamento das dívidas estará disponível em todas as prefeituras, igrejas, sindicatos, associações rurais e outras entidades que ofereçam apoio ao cafeicultor.
Não há custo para o cadastro e os dados não serão entregues a bancos ou quaisquer outras entidades financeiras. Este é um levantamento oficial para o Governo Federal.
Os cafeicultores deverao preencher os formulários até o dia 30 de agosto, pois em um grande evento no dia 02 de setembro, os representantes de todos os municípios estarão realizando a entrega dos dados para os agentes do Ministério da Agricultura e do CNC.
O evento será realizado na Câmara Municipal de Manhuaçu.
por Ana Priscila para minasnoticias.com