Animada pela expectativa de ritmo acelerado no crescimento dos volumes de contêineres no porto de Santos, a Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), que inaugurou as operações em julho, pretende movimentar no próximo ano o equivalente entre 60% e 70% de sua capacidade, em busca da vice-liderança entre os terminais de contêiner na área de influência do porto paulista – a maior porção da companhia está fora do porto organizado. O líder em movimentação é o Tecon Santos, da Santos Brasil, seguido atualmente pela Libra.
A Embraport é a maior instalação privada do Brasil com capacidade combinada para contêineres e líquidos, com oferta para movimentar 1,2 milhão de Teus (contêiner de 20 pés) por ano. Uma expansão, ainda sem data marcada, irá elevar essa capacidade para 2 milhões de Teus.
Um consórcio de sete armadores foi formado com três linhas ligando o Extremo Oriente ao porto de Santos – duas delas por meio de escalas na Embraport. Compõem o consórcio Maersk Line, Safmarine, Hamburg Süd, CSAV, CMA-CGM, China Shipping Container Lines, Hanjin, CCNI e Hapag LLoyd. O serviço conta com duas rotas operando na Embraport com três escalas semanais. Além de Santos, a primeira linha também atenderá os portos de Xangai, Ningbo, Yantian, Chiwan, Cingapura, Itapoá (SC) e Hong Kong. Já a segunda linha do consórcio escalará os portos de Busan, Xangai, Ningbo, Yantian, Hong Kong, Tanjung Pelepas, Cingapura, Itaguaí (RJ), Itapoá, Itajaí (SC) e Paranaguá (PR). O primeiro navio a operar essa rota atracará na Embraport amanhã.
“Estamos conversando com armadores para fechar outras operações, mas nossa prioridade hoje é o serviço para a Ásia”, disse ao Valor Ernst Schulze, presidente da empresa, sem detalhar os termos do acordo. No ambiente portuário santista, as companhias de navegação estão com alto poder de barganha para negociar preços com os terminais. “Foi um acordo bom para ambos os lados”, limitou-se a dizer.
Schulze não faz prognóstico de movimentação para este ano, cujas operações foram afetadas pelos protestos de trabalhadores avulsos contra o modelo de contratação da Embraport via CLT. Mas estima utilizar, em 2014, até 70% da capacidade do terminal, o que atingiria 840 mil Teus.
O executivo enxerga dois fatores para o rápido crescimento: o esgotamento de oferta atual em Santos diante de uma demanda crescente, sobretudo por conta do avanço do processo de conteinerização; e o repatriamento de cargas que deixam de ir para o porto devido ao déficit de estrutura. “Hoje não há folga entre capacidade e volume em Santos para contêineres. Com a Embraport e a BTP haverá mais carga vindo para o porto, especialmente para transbordo.”
“Na semana passada, a empresa concordou em operar com trabalhadores avulsos pelos próximos 30 dias em um “gesto de boa vontade e em caráter de exceção”, informou a assessoria de imprensa. A Embraport foi autorizada pelo governo como um terminal privado e não como um arrendamento público, por essa razão é dispensada de requisitar trabalhadores avulsos escalados pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), podendo ter seus próprios empregados. Desde a inauguração, a empresa só operava com mão de obra celetista. Por essa razão, teve um navio invadido por trabalhadores na primeira quinzena de julho.