Pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), na região sul do estado de Minas Gerais, aponta aumento na produtividade do café em lavouras irrigadas. “A produtividade média do cafeeiro irrigado foi da ordem de 59 sacas de café beneficiado por hectare, o que representou um aumento médio de 40% na produtividade, em relação ao cafeeiro não irrigado”, afirma um dos coordenadores da pesquisa, professor Antonio Marciano da Silva, que desenvolveu o trabalho em conjunto com o professor Gilberto Coelho, em um período de oito anos.
As plantas selecionadas para o experimento foram da variedade Cautaí – IAC 144, que no início dos trabalhos encontrava-se com 11 anos de idade. O sistema de irrigação adotado foi o de gotejamento, com fertirrigação (adubação feita através da irrigação). “A irrigação na cafeicultura possibilita, não apenas o ganho de produtividade, mas a longevidade da lavoura”, afirma Marciano.
Estabilidade
Segundo o professor, além do ganho em produtividade, a irrigação acaba com o comportamento bienal na produção do cafeeiro. “Um dos problemas da cafeicultura é a alternância na produtividade e, conseqüentemente, na receita do produtor. Nesta pesquisa, este aspecto foi anulado, o que representa uma estabilidade no fluxo da receita obtida pelos cafeicultores”, explica ele. “Estes ganhos resultam apenas da irrigação no período de junho a setembro, pois a fertirrigação não mostrou efeito significativo na condução da pesquisa”, completa.
O consultor em cafeicultura irrigada, Edson Silva, concorda com o pesquisador e explica: “a irrigação, permite ao cafeicultor, manter o nível de umidade do solo no ponto ideal. Assim, a planta utiliza menos energia na absorção de nutrientes. A energia economizada se destina ao crescimento vegetativo da planta, o que reduz o efeito bienal da próxima safra.”
Para Silva, a fertirrigação pode ser muito útil em uma adubação corretiva que necessite de altos volumes de adubos, ou em épocas específicas, como na florada ou na seca. “Recomendo a meus clientes fazerem a adubação de solo no período das águas e complementarem a mesma com fertirrigações no período da seca. Assim, a planta sofre menos aborto na florada, conseguem um enchimento dos grãos mais homogêneo e não diminui o seu crescimento vegetativo”, comenta o consultor. “Vale lembrar que tudo deve ser feito com o monitoramento adequado, para que não haja nenhum tipo de desequilíbrio”, conclui.