Mercado Financeiro : Onda de vendas derruba Ações e Commodities

12/06/2013   Café da terra

Por Wanfeng Zhou e David Gaffen | Reuters, de Nova York

Os investidores venderam ações e commodities em todas as partes do mundo ontem, inquietos com a possibilidade de os grandes bancos centrais estarem afrouxando seu compromisso de injetar dinheiro na economia para estimular a recuperação. A queda começou em Tóquio, quando o Banco do Japão (BoJ) optou por não tomar novas medidas para conter a alta dos rendimentos dos bônus do governo que ameaça frustrar seu programa de estímulo de US$ 1,4 trilhão.

O iene disparou, com o dólar americano recuando 3% no dia e caminhando para o pior desempenho diário ante a moeda japonesa desde março de 2011. A decisão do BoJ desencadeou mais uma inversão das apostas em ações, títulos de dívida de mercados emergentes e outros ativos escorados em políticas monetárias acomodatícias.

Os investidores ficaram mais nervosos nas últimas semanas, na expectativa de o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados, reduzir seu ritmo de medidas. A possibilidade de um menor estímulo à recuperação econômica suspendeu um rali que levou os índices de ações americanos a patamares recordes de alta e o índice MSCI All-Country World Index ao maior nível em cinco anos. Ontem, o MSCI caiu 0,6%. “Os bancos centrais pressionaram muitos ativos além dos fundamentos e criou muita volatilidade”, disse Michael O’Rourke, principal estrategista de mercado da Jones Trading . “Ninguém realmente tem ideia de onde o desmanche vai parar.”

O índice Dow Jones Industrial caiu 0,76%, para 15.122 pontos. O Standard & Poor’s 500 (S&P 500) perdeu 1,02%, para 1.626 pontos. O Nasdaq Composite recuou 1,06%, para 3.437 pontos. Todos os indicadores chegaram a recuar mais de 1% ao longo do dia. As ações europeias caíram para os menores patamares em seis semanas. O índice pan-europeu FTSEurofirst 300 fechou em baixa de 1,2%, nos 1.179,57 pontos.

A onda de vendas também varreu as ações de economias emergentes, derrubando o índice MSCI ao menor patamar em nove meses e ampliando as perdas provocadas pelas tensões políticas na Turquia e as preocupações com a redução do ritmo de crescimento da China. O índice fechou em queda de 1,7%. O dólar caiu 2,8% para 95,90 ienes, depois de atingir durante o dia o ponto mais baixo de 96,01 ienes, segundo dados da “Reuters”.

O euro caiu 2,4% para 127,82 ienes. O BoJ não anunciou novas medidas ontem, alegando que os mercados de bônus se estabilizaram. Durante o dia, o presidente do Boj, Haruhiko Kuroda, tentou tranquilizar os mercados de que o banco central vai estudar novas medidas se os rendimentos tiverem um novo pico no futuro, mas a decisão abalou muitos investidores estrangeiros.

“Antes da reunião havia a esperança de que ampliariam os termos dos empréstimos, mas eles desapontaram nesse ponto”, disse Vassili Serebriakov, estrategista de câmbio do Wells Fargo em Nova York. Serebriakov disse que o iene também subiu porque uma onda de vendas de moedas de mercados emergentes forçou os investidores a comprar a moeda japonesa.

Muitos investimentos nessas moedas foram financiados em ienes, que podem ser tomados emprestados a taxas de juros que estão entre as mais baixas do mundo. Em comparação ao dólar, o euro subiu 0,4% para US$ 1,3310, enquanto o índice do dólar americano caiu 0,7% para 81.060 pontos.

Os preços do petróleo recuaram depois que os EUA quase dobraram a estimativa de suas reservas de óleo de xisto e os investidores passaram a temer que os bancos centrais, a exemplo do BoJ, comecem a conter suas políticas monetárias frouxas. Nos EUA, o preço do petróleo bruto caiu 45 centavos de dólar para US$ 95,32 o barril.

O ouro recuou para perto do menor patamar em três semanas e foi negociado em US$ 1.378 a onça. O título referencial de dez anos do Tesouro americano subiu a 2,1882%. Os preços dos Treasuries haviam caído antes, durante o dia, levando os rendimentos aos maiores níveis em 14 meses. O índice Nikkei caiu 1,5%, depois de subir 4,9% na segunda-feira, enquanto que o índice MSCI, o mais amplo indicador das ações do Pacífico-Asiático fora do Japão, caiu 1,1% para atingir o menor nível em seis meses e meio.