Itens mais caros também têm salto na venda externa

13 de março de 2006 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Estado de São Paulo








Fernando Dantas
O salto brasileiro no agronegócio nos últimos anos não se limitou ao espetacular desempenho das commodities, como soja, café, algodão e açúcar, impulsionadas pela alta de preços no mercado internacional. Recente levantamento do economista Mauro Lopes, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio, mostra que os produtos elaborados e semi-elaborados tiveram performance exportadora quase tão boa quanto a dos básicos.

“No momento em que o Brasil enfrenta problemas na área de commodities, afetadas pela queda de preços, o País está dando um salto de valor agregado nas exportações agropecuárias”, diz Lopes, que trabalha no Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV.

O avanço das exportações de produtos básicos desde 2000, de fato, foi o mais forte. Eles saíram de US$ 4,7 bilhões para US$ 9,8 bilhões em 2004 (último dado do levantamento de Lopes) em termos de receita exportadora. Isso significa um avanço de 20,5% ao ano.

O crescimento dos produtos elaborados foi quase tão bom quanto o dos básicos. De 2000 a 2004, a receita exportadora subiu de US$ 6,8 bilhões para US$ 13,4 bilhões, a um ritmo de 18,7% ao ano. No caso dos semi-elaborados, o desempenho foi menos forte, mas longe de decepcionante, pulando de US$ 5,5 bilhões para 10,3 bilhões, com expansão de 16,9% ao ano.

Os produtos agropecuários exportados pelo Brasil são alimentos como carne congelada pré-cozida, congelados em geral, biscoitos, massas, confeitos, etc. A Bertin, por exemplo, é uma empresa de alimentos, com abatedouro, frigorífico e unidades industriais de processamento, sediada em Lins, em São Paulo. Hoje, segundo Hudson Carvalho Silveira, gerente de exportações da área de industrializados da Bertin, os elaborados representam 40% das vendas externas do grupo, o restante ficando por conta da carne in natura. Há cerca de cinco anos, segundo ele, a proporção era de 30%. “Hoje, há uma grande tendência de crescimento da carne industrializada, com a redução dos subsídios da UE (União Européia)”, ele diz.

A Bertin exporta produtos como carne cozida congelada, conservas (enlatados), carne temperada desidratada (beef jerky), extrato de carne, tripas salgadas e os chamados supergelados, como hambúrgueres e almôndegas.

No momento, a empresa começa a trabalhar como uma linha muito sofisticada de produtos elaborados de carne, as chamadas embalagens flexíveis. “Isso é o estado da arte em termos de agregação de valor no produto carne”, diz Silveira, explicando que se trata de produtos “termo-estáveis”, que dispensam a refrigeração e permitem que se venda uma refeição completa, com carne, legumes, molho, etc.

Alfredo Kaefer, presidente da Associação de Produtores de Abatedouros Avícolas do Paraná (Avipar),explica que, nos últimos três, a proporção de exportações de carne de aves em produtos elaborados subiu de cerca de 20% para 70%. Presidente da Diplomata, empresa que exportou US$ 118 milhões em 2006, ele explica que “o preço médio por quilo vendido no setor tem aumentado e isso é resultado da troca da ave inteira pela ave processada”.

A diferença de preço é substancial. Enquanto a tonelada de frango inteiro – vendido principalmente para países árabes – está por volta de US$ 700 a tonelada, o filé de peito de frango é vendido por US$ 1,7 mil a tonelada, mesmo com a queda de preço causada pela gripe aviária.

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