BALANÇO SEMANAL — 08 a 12/04/2013
– CNC retoma divulgação de estoques e recebimentos de café das cooperativas no final de abril. Medida tem o objetivo de dar mais transparência ao mercado
ESTOQUES DAS COOPERATIVAS — Na reunião do Conselho Nacional do Café (CNC) realizada na sexta-feira da semana passada, 5 de abril, as cooperativas associadas definiram pelo retorno do anúncio dos seus volumes de estoque e recebimento de café. Os avisos serão publicados a cada trimestre, com os números fazendo referência a 30 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro.
As datas foram definidas dessa forma para que coincidam com fatores pontuais, como o anúncio dos estoques privados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em março; a atualização dos dados mundiais do setor pela Organização Internacional do Café (OIC), em junho; o término do procedimento de colheita no Brasil, em setembro; e o fechamento do ano civil.
Com a retomada dos anúncios dos estoques das cooperativas e a conciliação com as informações das demais instituições, o CNC pretende dar maior transparência ao mercado, gerando credibilidade aos números relacionados ao setor. A primeira divulgação do volume de café armazenado pelas cooperativas será feita na última semana de abril e trará dados referentes ao fechamento de 2012 e a 31 de março.
REDUÇÃO DE CUSTOS — Ainda na reunião do dia 5 de abril, os conselheiros diretores do CNC destacaram a necessidade de se encontrar soluções para reduzir os custos de produção e melhorar a qualidade do café. Nesse sentido, foi definida a criação de um consórcio, composto inicialmente por seis cooperativas, as quais investirão R$ 2,4 milhões para o desenvolvimento de novas máquinas e equipamentos para a colheita com o objetivo de reduzir os gastos na produção, elevados principalmente pelos encargos com mão de obra.
ROYA — Atentos à infestação do roya – causador da ferrugem – nos cafezais da América Central e, agora, também nos da América do Sul, através do Peru, os conselheiros diretores do CNC solicitaram o agendamento de uma audiência com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, deputado federal Antônio Andrade, para manifestarem a preocupação com a possível chegada desse fungo nas lavouras do País. A intenção é alertá-lo com relação à vigilância sanitária nos portos e, além disso, cumprimentá-lo pela posse e colocar à sua disposição as cooperativas do sistema CNC.
BIENALIDADE — Analisando os atuais preços pagos pelo café no mercado, o CNC alerta para o fato de voltarmos a registrar bienalidades acentuadas em nossas safras, haja vista que a falta de renda trará como tendência inevitável a redução dos tratos culturais nas lavouras, principal fator que fez com que os ciclos possuíssem menor diferença nos volumes colhidos.
MERCADO — Os preços futuros do café arábica não conseguiram sustentar a reação apresentada no final da semana anterior e acumularam queda de 2,4% na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), até a quinta-feira, 11 de abril. Os agentes do mercado continuam mantendo elevadas posições vendidas, na expectativa de ampla oferta mundial em 2013/14.
O relatório mensal sobre o mercado cafeeiro, divulgado pela OIC nesta semana, foi recebido com conotação baixista, pois atesta que, na safra 2012/13, os danos causados pela ferrugem nos países produtores da América Central foram compensados por produções maiores no Brasil, Indonésia e Etiópia, resultando em excedente mundial de 2,6 milhões de sacas, no ano passado.
Embora o consumo mundial esteja aquecido, principalmente nos países exportadores e emergentes, 2012 registrou o primeiro excedente na oferta mundial em quatro anos. Frente às expectativas de boas colheitas no Brasil e na Colômbia, em 2013, e especulações sobre os estoques mantidos pelos produtores brasileiros, os fundos têm reforçado as apostas de queda nos preços, tornando a recuperação do mercado mais lenta, no curto prazo. Por isso temos defendido, junto ao governo, a implementação de política públicas para o setor, visando recuperar a rentabilidade para os produtores.
A Federação Nacional de Produtores de Café da Colômbia (Fedecafe) divulgou que, no mês de março, foram produzidas 617 mil sacas e exportadas 678 mil sacas do produto. O fato dos colombianos venderem um maior volume do que o produzido, liberando estoques em um mês em que prevaleceram baixas cotações, reflete o cenário de descapitalização dos cafeicultores locais, que se viram obrigados a levantar recursos com a venda do produto mesmo nos atuais níveis não remuneradores de preço.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elevou em 0,5% sua projeção da próxima colheita de café, para 49,2 milhões de sacas, com aumento de 1,9% no rendimento médio. Porém, a Somar Meteorologia alerta para a possibilidade de ocorrência de precipitações acima da média em todas as regiões cafeeiras de Paraná, São Paulo e Sul de Minas Gerais, nos meses de maio e junho, afetando o processo de colheita, com efeitos negativos na qualidade do café. Também está previsto o avanço de massas de ar polar sobre essas regiões, não se descartando a possibilidade de ocorrência de geadas.
A percepção de ampla oferta mundial resultou, ainda, em tendência de queda nas cotações do robusta na Bolsa de Londres (Euronext Liffe). O contrato com vencimento em julho de 2013, que concentra o maior volume de negócios, desvalorizou-se em US$6/t, até quinta-feira. Não ocorreram maiores quedas em função da incerteza quanto à extensão dos danos causados pela estiagem no volume a ser colhido na safra 2013/14 no Vietnã.
Atenciosamente,
Dep. federal Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC