Café: mercado está ruim para commodity em Minas Gerais

Café: mercado está ruim para commodity em Minas Gerais


 



Agência Safras 


Fábio Rubenich


 
O panorama do mercado cafeeiro piorou bastante nos últimos dois anos, preocupando os produtores às vésperas do início da colheita de mais uma safra. Em Minas Gerais, principal estado cafeeiro do Brasil, “o mercado está muito ruim”, segundo o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Marcelo de Pádua Felipe. A matéria faz parte da publicação “Cenário Sudeste”.
 
Em janeiro de 2011, os cafeicultores mineiros estavam recebendo pelo café arábica tipo 6 um preço médio de R$ 500,00 por saca. Pouco mais de dois anos depois, esse mesmo preço está na casa dos R$ 315,00 por saca, uma queda contundente de 37%. “Neste momento, os produtores e as cooperativas estão pressionando o governo no sentido de que sejam tomadas medidas que tornem a vida do cafeicultor menos sofrível. Hoje em dia, somente o produtor que tem condições de participar dos concursos estaduais de qualidade está conseguindo um preço remunerador”, afirma Felipe. Ele sugere a adoção de mecanismos que tenham por objetivo o ordenamento da oferta, para que os preços voltem a subir.
 
Um estudo da Fundação Procafé divulgado em julho de 2012 revelou que o custo médio da produção de uma saca de café estava, então, em torno de R$ 300,00. O levantamento levou em consideração os cafeicultores que tem produtividade média abaixo de 30 sacas por hectare. A média de produtividade no estado é de 25 a 26 sacas por hectare. “Então, podemos dizer que, hoje, a maioria dos nossos produtores está trabalhando com prejuízo. Os que conseguem rendimento superior a 30 sacas foram um nicho de mercado muito selecionado e restrito”, destaca o coordenador técnico da Emater mineira.
 
Este momento complicado do mercado mineiro de café reflete, basicamente, as perdas dos referenciais internacionais. O ano de 2012 foi de retração nas cotações, apesar de um cenário de equilíbrio nas relações de oferta e de demanda. Outros complicadores, ainda que exógenos, foram o agravamento da crise financeira na União Européia, que afetou vários países do bloco econômico, e os crescimentos abaixo das expectativas de motores da economia mundial, como é o caso dos Estados Unidos e da China. Isso causou diversos momentos de agitação e fuga de capitais de commodities. O café, commodity agrícola, não escapou e as suas cotações despencaram.
 
Felipe lamenta que “o ataque dos fungos na América Central e Colômbia (que está provocando perdas nos cafezais dessas regiões) não respinga aqui no nosso mercado. Aqui só chegam os efeitos negativos dos fundamentos de oferta e demanda e da crise econômica na Europa”. A Organização Internacional do Café (OIC) está prevendo que a oferta vai superar a demanda em um total de 2,2 milhões de sacas de 60 quilos na temporada 2012/13, que será encerrada em setembro.
 
A Emater mineira estima que 60% da safra de café colhida em 2012 no estado foram comercializados pelos produtores. Portanto, ainda restam cerca de 10 milhões de sacas remanescentes da temporada passada para serem vendidas. “O produtor terá pouco tempo para escoar essa oferta até o início da próxima safra, em maio. Aquele que estiver capitalizado vai segurar o quanto puder, tentando um melhor preço. Mas os que têm compromissos de curto prazo terão que vender com esse preço baixo mesmo, desovando mais café no mercado e pressionando ainda mais “, frisa Felipe.
 
Em termos de lavoura, as perspectivas são boas para a cafeicultura mineira em 2013. “Os cafezais estão com um bom aspecto, vistosos e bem folhados”, assinala Felipe. Após a produção de 26,944 milhões de sacas registrada em 2012, de acordo com dados da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), o estado deverá ter uma produção 7% menor em 2013 – ano de ‘carga baixa’
-, totalizando 25,151 milhões de sacas.
 
O volume da produção de café arábica ainda oscila muito de um ano para outro, não só em Minas Gerais. Contudo, essas diferenças têm diminuído bastante ao longo dos últimos anos, graças aos esforços dos produtores, que investiram mais nos tratos culturais, na ampliação das áreas irrigadas e também pela introdução de novas cultivares no parque cafeeiro estadual.

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