Seguro para o pequeno produtor é bom e essencial

25 de fevereiro de 2013 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Diário do Comércio - MG

FREDERICO CAMPOS*


Existem muitos mitos sobre seguro agropecuário. Um deles é dizer que o seguro é excelente produto, porém, apenas para as empresas seguradoras. A explicação sobre este conceito é simples, se estatisticamente o número de sinistros fosse maior do que o número de não sinistros, não existiria companhia de seguro sobrevivente no mercado.


Assim, uma empresa que ganha muito dinheiro com o risco não seria interessante para o segurado. Em uma rápida comparação, isso fica mais claro: em média o valor do seguro gira em torno de 10% do valor do bem segurado, o que impõe ao cálculo de que a cada dez anos de seguro pago, o valor do automóvel terá sido desembolsado pela seguradora.


Pensando que um cidadão conduzirá seu veículo aproximadamente 50 anos, para que o seguro fosse financeiramente vantajoso, ele teria que ter um número superior à cinco sinistralidades com perda total, ao longo deste período.


Quando enxergarmos a questão do seguro aplicado à agropecuária, o cálculo parece se tornar ainda mais grave. Em relação aos animais o custo do seguro gira em torno de 20% do valor do animal segurado. Ocorre que, no cálculo frio do seguro não se apresenta a variável mais significativa, o momento do sinistro para o pequeno produtor rural.


Talvez o mero cálculo financeiro possa ser aplicado para um grande produtor, com um elevado número de propriedades rurais, com produção diversificada de animais, florestas, safra etc, levando à realidade de que não há probabilidade de ocorrências de sinistralidades simultâneas em todos os produtos e propriedades.


Porém, no caso de um produtor individual, que só trabalha com uma produção por vez e a ocorrência de um único sinistro teria o condão de impor a perda da renda familiar, agregada à incapacidade de quitar o financiamento utilizado para o plantio realizado. Portanto, para esse produtor rural não tem espaço para correr riscos.


Atrelamos ao raciocínio que para o seguro agropecuário direcionado ao agricultor familiar existe uma intervenção governamental quando ocorre algum problema com a safra ou criação, e, ainda o chamado Seguro da Agricultura Familiar (Seaf), onde o custo operacional gira em torno de 1% do valor estimado.


Além disso, o programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, direcionado para as safras de feijão, de milho, da segunda safra de trigo a subvenção chega a 70% do valor do prêmio. Mesmo considerando as faixas de subvenção mais baratas, para pecuária e floresta a subvenção atinge 30% do valor do prêmio. O governo federal disponibiliza ainda cobertura em praticamente todas as áreas de risco rural, sendo elas: climatológicos, incêndio, vida animal, propriedades, equipamentos, armazenagem e transporte, tendo em todos os segmentos subvenção aplicada.


A tendência do governo federal é aumentar a proteção do patrimônio rural dos produtores, pois o setor está em constate crescimento. Um reflexo desse processo é o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,4% no segundo trimestre, em relação ao primeiro trimestre de 2012, o que confirmou que a agropecuária foi um dos setores que mais contribuíram para o aumento. O setor teve uma alta de 1,7% comparada ao segundo trimestre de 2011, destacando a produção de milho, café e algodão.


Se pensarmos no risco financeiro puro, permanece a afirmação de que seguro é apenas um bom negócio para a seguradora, porém se ampliarmos a visão para o seguro rural chegamos a conclusão que o seguro para o pequeno produtor, além de ser bom, é obrigatório e essencial.


* Advogado e sócio do Frederico Campos Advogados

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