25/02/2013
Produtores temem queda ainda maior nos preços
Indústrias estão adquirindo apenas o necessário para atender demanda. Estoques de 2012 ainda estão altos .
MICHELLE VALVERDE
Os preços baixos e as expectativas negativas em relação ao mercado do café estão derrubando o ritmo de negociação da safra 2012 em Minas Gerais. Com o menor volume negociado, a demanda por parte das indústrias também pequena e a oferta mundial grande, o receio é de que a colheita do produto, que começa em meados de maio, se adicione aos estoques altos de 2012, o que poderá promover quedas ainda mais significativas nos preços.
De acordo com o analista da consultoria Safras & Mercado Gil Barabach, as expectativas em relação ao mercado do café são negativas. Vários fatores vêm contribuindo para que as cotações mantenham a tendência de baixa. Além da oferta abundante no Brasil, a crise financeira nos principais consumidores – Estados Unidos e Europa – combinados com a baixa demanda proveniente das indústrias são alguns dos pontos que favorecem a desvalorização do grão.
“As expectativas não são positivas para o mercado do café. Atualmente, as indústrias estão em uma posição confortável, adquirindo apenas o necessário para atender à demanda e a preços competitivos. Este posicionamento deve ser mantido ao longo dos próximos meses, uma vez que, mesmo com os cafeicultores retraídos, os preços continuam em queda, existem estoques e a safra 2013 segue em condições favoráveis para a produção”, disse Barabach.
De acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisas Agroeconômicas Safras & Mercado, em Minas Gerais, até 8 de fevereiro, já haviam sido negociadas 18,2 milhões de sacas de 60 quilos do café, o volume corresponde a 64% da safra produzida em 2012, que foi de 28,3 milhões de sacas. Em igual período da safra anterior o nível de comprometimento era de 78%.
O ritmo mais lento das negociações foi registrado em todas as regiões produtoras de Minas Gerais. No Sul e Oeste de Minas, por exemplo, de uma produção de 15,3 milhões de sacas, foram negociadas até 8 de fevereiro 9,2 milhões de sacas, volume que corresponde a 60% do volume total, em igual período da safra anterior a parcela negociada era de 74%.
Queda também nas negociações do café produzido na Zona da Mata. Até o início de fevereiro, cerca de 5 milhões de sacas, de uma produção total de 7 milhões de sacas, foram vendidas – volume que corresponde a 71% da produção total. Em igual mês de 2012 o volume negociado correspondia a 84% da safra.
No Cerrado, a produção estimada pela Safras & Mercado é de 6 milhões de sacas. Deste total, cerca de 4 milhões de sacas ou 67% foram negociadas até inicio de janeiro. Em igual mês de 2012 as negociações comprometiam 80% do café produzido na região.
Mesmo com os produtores retraídos à espera de preços mais altos, a cotação do café mantém o ritmo de queda iniciado em 2012. De acordo com Barabach, no Sul do Estado, a saca de 60 quilos de café especial, é negociada entre R$ 300 e R$ 305. O café de qualidade inferior é vendido abaixo do R$ 300. Em janeiro, o café de alta qualidade estava cotado em média a R$ 350, o que representa uma queda de 14,28% acumulada nas primeiras semanas de fevereiro.
A queda no volume negociado também foi registrada nas demais regiões produtoras do país. Até 8 de fevereiro, a comercialização da safra de café do Brasil 2012 chegou a 67%. Em igual período do ano passado, 79% da safra 2011/12 estava comercializada.
Com isso, já foram comercializadas 36,75 milhões de sacas de 60 quilos, tomando-se por base a estimativa de Safras ã Mercado, de uma produção de 54,9 milhões de sacas.