Embarques de café em Minas Gerais voltaram a apresentar queda em janeiro de 2013

19/02/2013
 
VBP sofre com queda de preço

Embarques de café em Minas Gerais voltaram a apresentar queda em janeiro de 2013 na comparação com dezembro de 2012
 
MICHELLE VALVERDE

A queda na cotação do café, registrada desde 2012, está interferindo significativamente na composição do Valor Bruto de Produção (VBP) de Minas Gerais. Somente no produto, que é o principal do agronegócio mineiro, foi registrada queda de 22,4% no VBP. O resultado estadual estimado para a safra 2012/13, calculado para janeiro de 2013, ficou 3,07% inferior quando comparado com igual período da safra passada.

O levantamento, que foi divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estima que o Valor Bruto de Produção dos principais produtos do agronegócio mineiro alcance R$ 25,9 bilhões, valor 3,07% menor que o registrado na safra passada, que era de R$ 26,7 bilhões. Além da queda observada na cultura do café, o desempenho negativo também foi registrado nos resultados do algodão, arroz, mandioca e banana.

De acordo com dados do ministério, o VBP do café foi estimado em R$ 8,3 bilhões, faturamento que, se alcançado, representará uma queda de 22,4% sobre os R$ 10,7 bilhões registrados na safra anterior.

Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), João Ricardo Albanez, a redução significativa nos resultados do café está atrelada à queda de preços e da demanda.

“A crise financeira na Europa e nos Estados Unidos, principais compradores do café brasileiro, interferiu na demanda, que está inferior. Além disso, os preços pagos pelo café também ficaram menores. Por responder por 32% da composição do VBP de Minas Gerais, a queda impacta diretamente no resultado total do Estado”, disse.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), os embarques de café em Minas Gerais voltaram a apresentar queda em janeiro de 2013, na comparação com dezembro. Ao todo foram embarcadas 93,3 mil toneladas do grão, queda de 6,97% frente as 100,3 mil toneladas embarcadas no ultimo mês de 2012. No período foram faturados US$ 315,22 milhões, valor 10,76% inferior aos US$ 353 milhões observados em dezembro de 2012.

Algodão – Queda significativa também foi registrada na cultura do algodão. A previsão é que a cultura movimente R$ 166 milhões, valor 30,25% inferior aos 238,2 milhões registrados em igual período da safra passada. Neste caso, a retração do resultado se deve à menor intenção de investimentos na cultura. Isto ocorreu devido à retração dos preços do algodão, no Brasil e no exterior, no período em que antecedeu o plantio, aos altos custos de produção, e aos atuais níveis de preços de mercado das commodities concorrentes (milho e soja). Estes fatores fizeram com que os produtores optassem pela redução de área de algodão no Estado.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam para uma produção 28,2% inferior a registrada na safra passada. Ao todo serão colhidas em Minas Gerais 30 mil toneladas de algodão em pluma. A área destinada ao cultivo foi de 20,6 mil hectares, queda de 30,4%. A produtividade esperada é de 1,45 toneladas por hectare, alta de 3,3%.

Já o VBP do arroz ficará 14,03% menor, com faturamento de R$ 34,9 milhões. Queda também está prevista nos resultados da banana, com redução de 7,8% e VBP estimado em R$ 607,7 milhões. No caso da mandioca, o VBP foi calculado em R$ 187,7 milhões, queda de 8,42% quando comparado com os resultados da safra anterior.

Dentre os produtos que apresentaram incremento, destaque para a soja, cujo VBP foi estimado em R$ 3,6 bilhões, alta de 13,7%. “O resultado positivo observado na soja se deve à expansão da área plantada no Estado”, disse Albanez.

De acordo com a Conab, a produção mineira de soja deverá render 3,36 milhões de sacas, volume que, se alcançado, representará incremento de 10%. A área destinada ao cultivo também foi ampliada e alcançou 1,12 milhão de hectares, incremento de 9,5% frente aos 1 milhão de hectares destinados à oleaginosa na safra 2011/12.

Alta também foi estimada para o milho. O VBP deverá alcançar R$ 3,2 bilhões, incremento de 3,77% sobre os resultados de igual período da safra passada. A sustentação dos preços pagos aos produtores é o principal fator que vem elevando os resultados, uma vez que a área plantada e a produção do cereal em Minas Gerais devem ser menores na safra atual. A previsão do Mapa para a cana-de-açúcar é de um incremento de 8,8% no VBP, que deverá alcançar R$ 4,9 bilhões.