CAFETERIA – Clientes fiéis, mogianos cultivam o hábito de tomar café em padarias

17 de fevereiro de 2013 | Sem comentários Cafeteria Consumo


17/02/2013



Primeira bebida do dia é apreciada há 20 anos no mesmo lugar.
Barista explica as diferenças entre o café coado e o expresso.





Pedro Carlos Leite Do G1 Mogi das Cruzes e Suzano








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Apodentada toma café há 20 anos na mesma padaria (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)Aposentada Maria de Lourdes Oliveira toma café há 20 anos na mesma padaria (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)

Esteja a manhã quente, fria, ou chuvosa, ele funciona como um “despertador” do corpo. O tradicional cafezinho pode ser feito no coador ou na máquina, mas faz parte da rotina de muita gente. Nas padarias de Mogi das Cruzes, o hábito é tão difundido que já pode ser chamado de tradição e tem gente que há anos começa o dia tomando café no mesmo lugar.


“Já me acostumei a tomar café aqui. Tomo café na mesma padaria há 20 anos”, conta a aposentada Maria de Lourdes Oliveira, cliente fiel de uma padaria da Rua Ipiranga. Para ela, não há bebida melhor. “De manhã não tomo leite nem suco, é só café”.


Ela não está sozinha. “Todo dia eu tomo café na rua. Eu acho bem mais gostoso. Em casa não tem um pão na chapa para acompanhar”, explica o motorista Geraldo Vanderley da Silva.


Experiente em atender os clientes matutinos, o balconista Edson França Reis trabalha em uma tradicional padaria da rua Ipiranga e calcula quantos cafezinhos serve no “horário de pico” da manhã. “Entre as 7h e as 8h faço três máquinas de café, sendo que cada uma serve mais de 200 cafés”, conta.


Motorista Geraldo Vanderley prefere tomar café na rua (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)Motorista Geraldo da Silva prefere tomar café na rua
(Foto: Pedro Carlos Leite/G1)

Variação do preço
Nesta padaria, o preço do café coado é R$1,20. Porém, nos cafés mais sofisticados da cidade o preço do café expresso mais barato é bem mais alto.


Num tradicional estabelecimento na rua Dom Paulo Rolim Loureiro, no centro, o preço começa em R$ 2,80. Já numa franquia instalada na Rua Barão de Jaceguai, também no centro, o cafezinho não sai por menos de R$3,30, só que vem acompanhado de água com gás e biscoitos.


Contudo, tem gente que não troca o costume de tomar a bebida no lugar de preferência por um preço mais baixo. “Até encontro preços mais baixos, mas tenho o hábito de tomar na mesma padaria”, explica o taxista Paulo Ribeiro.


Qualidade
Embora tenha gente que pense o contrário, café não é tudo igual. É o que explica o barista (especialista em cafés), Flávio de Siqueira. “O tipo de grão é o que mais influencia na qualidade do café. O grão do café comum é o café de saca, servido nas padarias mais simples. O café de coador não tem muita variação na qualidade, ou seja, se cobrarem mais caro não necessariamente o café é superior. Já o café expresso é muito mais puro em relação ao de coador”, explica o especilista.


Uma das diferenças principais entre os dois métodos de preparo é que enquanto o café de coador já chega moído, os grãos para café expresso são moídos na hora, por um processo em que os grãos são pressurizados dentro da máquina.


Embora a qualidade do café expresso seja maior, a padaria onde trabalha Flávio, localizada na Vila Oliveira, ainda tem o café de coador como o preferido dos clientes. “Aqui chegamos a servir 150 cafés coados por dia. O brasileiro ainda não tem o costume do café expresso, mas quem toma não quer saber mais do café preto”.


"É preciso saber tirar o café da máquina" afirma o barista Flávio de Siqueira (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)“É preciso saber tirar o café da máquina” afirma o barista Flávio de Siqueira (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)

O taxista José Altair Moraes de Camargo é um dos que não abrem mão do café de coador. “O café expresso é muito forte e me embrulha o estômago, para mim não serve. Prefiro o de coador feitinho normal mesmo”.


O barista exemplifica a diferença entre as qualidades de café pelo preço cobrado pelos fornecedores. Ele explica que enquanto cinco quilos de café de saca, usado para o coador, são comprados por 18 reais, um pacote de apenas um quilo de café do tipo “arábica”, um dos melhores para se fazer café expresso, custa cerca de 22 reais.


Flávio de Siqueira diz que a apreciação do café expresso envolve uma série de variáveis. “O barista precisa saber regular a máquina e também tem de saber tirar o café. Além disso para o cliente há todo o ritual de tomar a água gaseificada para limpar o paladar antes de tomar o café expresso”.


Nutrição
Além de dar mais disposição pela manhã, o café também tem propriedades benéficas para a saúde conforme explica a nutricionista Larissa Daniella Alves dos Santos. “O café tem antioxidantes que ajudam a reduzir o colesterol. Ele também ajuda na prevenção de doenças do coração, tem efeito antidepressivo, ajuda na limpeza das gorduras e no combate ao envelhecimento precoce”.


A nutricionista também aponta a bebida como um auxiliar para prevenir doenças graves. “O café diminui o risco de desenvolvimento de diabetes do tipo dois, ajuda na prevenção dos cânceres de colo e de reto. Além disso, em homens ele ajuda na prevenção do desenvolvimento do Mal de Parkinsson”.


Embora seja bastante consumido, o café ainda é alvo de dúvidas por parte dos apreciadores. “Houve uma época em que o café era o vilão. Ele deve ser ingerido com moderação e a cafeína não é prejudicial. O consumo de quatro a cinco xícaras diárias não faz mal”, afirma a nutricionista.


Dentre os problemas que o excesso de consumo do café podem provocar estão ansiedade, tremores e insônia, porém, segundo Larissa, “os efeitos variam de acordo com a sensibilidade de cada um”.


Há ainda alguns grupos de pessoas que devem evitar o consumo de café. “Pessoas que sofrem de gastrite, úlceras e hipertensão devem evitar a bebida pois ela pode agravar os sintomas”.


Para a nutricionista, o hábito de tomar café é mantido mais por força do costume do que pelo efeito estimulante da bebida. “Ele tem essa ação, mas as pessoas não procuram por isso. É um hábito brasileiro como o arroz e feijão”, conclui.

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