EFEITO “ROYA” — Com o ano de 2013 engrenando, dois pontos nos chamam atenção na cafeicultura mundial. O primeiro é a repentina e intensa queda nas cotações, as quais são pressionadas por fatores divergentes do que indica o cenário fundamental, e o segundo é a dificuldade vivenciada nas lavouras de café da América Central – quase que como um todo – em função de adversidades climáticas, falta de investimentos e, principalmente, pelo ataque do fungo roya, causador da ferrugem. Os relatos mais recentes apontam que os principais países produtores do continente devem sofrer perdas de 5% a 40% na safra cafeeira somente em decorrência da incidência da ferrugem, conforme tabela abaixo.
Incidência de ferrugem no cafezal |
País |
Projeção |
Fonte |
Nicarágua |
5% |
MERCON COFFEE |
Costa Rica |
6% |
ICAFE |
Guatemala |
15% |
ANACAFE |
Honduras |
20% a 30% |
PROCAFÉ |
El Salvador |
20% a 40% |
PROCAFÉ |
Por outro lado, o México, cujas previsões iniciais apontavam um crescimento de até 20% na safra 2012/13, agora passa a rever seus prognósticos também em função da ferrugem. Segundo notícias de agências internacionais, Rodolfo Trampe, presidente Associação Mexicana de Produção de Café (Amacafe), anotou que uma contaminação incomum e agressiva do fungo roya nos cafezais do estado de Chiapas está ameaçando reduzir a produção atual do país. Conforme ele, a safra tinha potencial para crescer até 20% neste ciclo, mas o surto da doença ameaça esse avanço. O México colheu 4,3 milhões de sacas em 2011/12.
Não obstante, a própria Organização Internacional do Café (OIC), em seu relatório sobre mercado referente a dezembro de 2012, reduziu em 1,3% a sua estimativa de produção mundial no ciclo 2012/13, para 144,1 milhões de sacas. De acordo com a entidade, a revisão se deveu ao fato de alguns países da América Central terem sido afetados por clima adverso, pragas e doenças. Além disso, a OIC acrescentou que relatos de ferrugem em vários países centro-americanos poderão encurtar ainda mais essa projeção, valendo o mesmo alerta para o caso de ocorrência da broca.
HÁ CONTROLE? — Esse cenário preocupante sobre a sanidade dos cafezais centro-americanos fica ainda mais grave ao observarmos o comportamento dos preços praticados. Com as cotações em níveis que praticamente equivalem aos custos de produção, não há como o produtor de café investir no combate ou no controle da ferrugem ou de quaisquer outras pragas e doenças que venham a incidir sobre as lavouras. Caso o mercado não reaja, fazemos o alerta que o equilíbrio entre oferta e demanda mundial poderá se perder e poderemos notar escassez do produto em curto e médio prazos.