OPINIÃO
10/01/2013
Os pequenos no agronegócio paulista
Ocooperativismo paulista voltado ao agronegócio, com o apoio marcante da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (SAA), fechou o ano de 2012 com avanços consideráveis. Isso, tanto pelos números atingidos em um ano difícil, reflexo da crise internacional, como pela magnitude das iniciativas implementadas em favor dos pequenos e médios agricultores.
Ressalte-se que essa atenção aos pequenos empreendedores é a essência do cooperativismo. No Estado de São Paulo, mais de 170 mil pequenos e médios produtores rurais conseguem se manter na atividade porque estão juntos em cooperativas. São as cooperativas que lhes dão condições de competir no mercado. São as cooperativas que lhes abrem as portas da tecnologia, diminuem os custos de produção e agregam valor aos seus produtos. Unidos em cooperativas, os pequenos tornam-se grandes.
Os avanços no agronegócio paulista foram consequência direta da estreita colaboração entre a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e a SAA. A secretária de Agricultura Mônica Bergamaschi enfatiza que o foco é a “promoção do desenvolvimento rural sustentável, principalmente dos pequenos e médios agricultores, com o objetivo de gerar trabalho, renda e, com isso, garantir qualidade de vida no campo e desenvolvimento contínuo do agronegócio” no Estado.
Como exemplo dessa determinação do governo de evitar o assistencialismo puro e simples e substituí-lo por condições reais de geração de negócios temos o Pró-Implemento, lançado em maio passado e operacionalizado desde agosto. Ele oferece ao produtor a possibilidade de financiar seu equipamento ou implemento agropecuário a juros zero.
Pelo programa, podem ser adquiridos desde arados, carretas, aplicadores de calcário, de fertilizantes, grades niveladoras até lâminas de tratores, pás carregadeiras, plantadeiras, pulverizadores e roçadeiras, entre tantos outros implementos destinados a dar ao agricultor condições de plantar e colher mais. O prazo de amortização é de seis anos. A única exigência para obter o financiamento, de até R$ 150 mil por CPF, é o produtor estar enquadrado como beneficiário do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap).
Outro dado animador envolve o seguro rural, uma das maiores reivindicações de nossos agricultores cooperados, sem-
pre às voltas com problemas climáticos, como vendavais ou períodos de seca, ou mesmo com a instabilidade de preços, como a que afetou neste ano os plantadores de laranja. Somente através do Feap, foram disponibilizados, em 2012, R$ 22 milhões para subvenção ao prêmio do seguro rural. De janeiro a novembro já haviam sido utilizados mais de R$ 14 milhões, atendendo a 7.510 produtores.
O esforço da Secretaria de Agricultura para facilitar e desburocratizar a atividade rural, viabilizando o acesso a mercados e promovendo projetos que adicionem valor à produção, aparece traduzido nos números do agronegócio paulista. O Estado é responsável por 56% da produção nacional de etanol, 61 % da produção nacional de açúcar e 80% da produção nacional de laranja (é também o maior produtor mundial dessa fruta e detém 53% da produção mundial de suco de laranja). São Paulo é ainda o terceiro maior produtor mundial de café, o quarto maior produtor de carne de frango e o maior exportador nacional de carne bovina (30,3% em 2011).
De acordo com os dados do Instituto de Economia Agrícola (www.iea.sp.gov.br) e da SAA (www.agricultura.sp.gov.br), o agronegócio paulista é responsável por 30% do PIB do Estado e por 21,6% das exportações do agronegócio brasileiro (dados até outubro passado). Mesmo com decréscimo de 6,2% em relação a 2011, as exportações do agronegócio paulista atingiram US$ 18,22 bilhões de janeiro a outubro do último ano. As importações caíram (-5,7%), somando US$ 7,91 bilhões, o que resultou em saldo de US$ 10,31 bilhões na balança comercial do setor nos três primeiros trimestres.
Todos esses números mostram que os horizontes se ampliam quando existe vontade política, dedicação e determinação de ajudar nossos pequenos e médios produtores a se tornarem grandes. O estímulo às nossas cooperativas é um caminho, como foi reafirmado ao longo de 2012 nos eventos marcantes do Ano Internacional das Cooperativas, com efetiva participação da Secretaria de Agricultura.
A crise na economia mundial, que obviamente nos afeta, pode ser minimizada com mais qualidade e competitividade de nossos produtos. De mais tecnologia e inovação, ao lado de recursos para plantio, colheita, comercialização e seguro, é o que precisa o agronegócio, seja pequeno ou grande. Para tanto, é fundamental a sensibilidade e o empenho de órgãos como a Secretaria de Agricultura, como vem ocorrendo nos últimos tempos. A Ocesp e as cooperativas continuam a trabalhar pelo bem-estar de seus produtores cooperados, o que acaba refletindo inclusive na melhoria do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em inúmeros municípios. Para estender os benefícios sociais a mais e mais pessoas, é necessário que o apoio e a parceria da Secretaria de Agricultura também continuem.
PRESIDENTE DA ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (OCESP) E DO SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO NO ESTADO DE SÃO PAULO (SESCOOP/SP)