10/01/2013
Mercado de café não reage ao levantamento da safra 2013/14 da Conab
Por Carine Ferreira | De São Paulo
A divulgação da primeira estimativa oficial para a safra brasileira de café 2013/14, que começa a ser colhida em maio, teve efeitos limitados sobre o mercado internacional da commodity. Na bolsa de Nova York, os contratos futuros com vencimento em maio fecharam em queda marginal, de 20 pontos (0,16%) o vencimento maio, cotados a US$ 1,5075 a libra-peso.
Pela manhã, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou uma colheita entre 46,98 milhões e 50,16 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, um recuo entre 7,6% e 1,3% em relação à safra recorde, de 50,83 milhões de sacas, colhida em 2012/13.
Se a produção ficar na média das projeções da Conab (48,57 milhões de sacas), esta será a maior colheita em um ano de baixa produtividade do ciclo bianual do café. A anterior (2011/12) foi de apenas 43,48 milhões.
Além disso, a queda esperada para 2013 pode ser a menor da história em relação a um ano de alta produtividade do ciclo. Se a previsão se confirmar, serão apenas 2,26 milhões de sacas a menos que em 2012/13 – menos da metade da redução observada entre 2010/11 e 2011/12, por exemplo. Será ainda a segunda maior safra de toda a série histórica.
Os cafezais alternam anos de alto e baixo rendimento, mas essa diferença tende a ser reduzida em função da renovação dos cafezais, melhora dos tratos culturais, espaçamentos diferenciados e uso de variedades mais produtivas e resistentes a doenças, além do aumento da área irrigada, explica Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC). Os preços altos do produto em 2010 e 2011 contribuíram para os investimentos nas lavouras. Gabriel Bartholo, chefe da Embrapa Café, crê que novas tecnologias, adubações e tratos fitossanitários podem até eliminar a bienalidade no futuro.
Para Brasileiro, o número da Conab tende a esfriar as especulações de que o Brasil poderia colher uma safra superior a 50 milhões de sacas neste ano. Pelos cálculos do CNC, os estoques de passagem no país vão continuar apertados, considerando o consumo nacional entre 18 e 20 milhões de sacas e exportação de 28 milhões de sacas.
Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, disse que o mercado já tinha “assimilado” a próxima safra volumosa. Segundo ele, os números da Conab não fugiram muito de outras previsões. A consultoria estima a colheita entre 49,10 milhões e 52,3 milhões de sacas. “Não consigo enxergar fatores para a alta no preço”, afirmou, acrescentando que o mercado trabalha com perspectiva de mais café no mundo que a demanda, embora a cotação tenha parado de cair.
“A opinião de todo mundo é a mesma: grande oferta de café. Se o mercado não conseguir se estabelecer a US$ 1,50 por libra-peso, pode ser que existam mais liquidações”, diz Thiago Cazarini, da Cazarini Trading. (Colaboraram Luiz Henrique Mendes e Tarso Veloso)