31/12/2012 Café da terra
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram a penúltima sessão do ano com quedas, em um pregão técnico, baseado nas plataformas eletrônicas, e com volume escasso de transações. O março chegou a esboçar um avanço mais efetivo, contudo, não conseguiu testar o patamar de 150,00 centavos, abrindo espaço para algumas ações de venda, que permitiram o fechamento no lado negativo da escala, mas, ainda assim, com o março acima do nível de 145,00 centavos por libra.
Com a maior parte dos players de lado, o mercado, efetivamente, operou focado em trâmites técnicos e também nos movimentos do macromercado, que atua em compasso de espera, com grande preocupação sobre as negociações do “abismo fiscal” nos Estados Unidos.
O ano termina com um quadro negativo para o café, em um mercado sobrevendido e que, mesmo assim, não conseguiu esboçar nem ao menos alguma correção ao longo dos últimos meses. Os especuladores continuam a dar as cartas e apostam num cenário significativamente distante do verificado nas zonas produtoras ou nos armazéns de consumidores e também exportadores. Apesar de algumas safras consistentes de países chaves, a demanda pelo grão continuou alta e os estoques se mantêm baixos. Com a chegada de uma nova temporada que promete ser de oferta ainda mais curta, devido à produção menor do Brasil por conta da bianualidade, à não recuperação total do vigor produtivo da Colômbia e aos ataques de ferrugem do colmo na América Central, a tendência seria o mercado se mostrar mais efetivo em 2013 e conseguir uma recuperação relativa dos preços. Isso, no entanto, não deverá ocorrer de imediato, já que, após o hiato de final de ano, a tendência é de os baixistas voltarem ativos, numa continuidade do movimento que vinha sendo observado até há pouco.
No encerramento do dia, o março em Nova Iorque apresentou queda de 105 pontos, com 146,85 centavos, sendo a máxima em 149,25 e a mínima em 145,60 centavos por libra, com o maio tendo desvalorização de 105 pontos, com a libra a 149,65 centavos, sendo a máxima em 152,00 e a mínima em 148,35 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição janeiro teve alta de 1 dólar, com 1.961 dólares por tonelada, com o março tendo desvalorização de 9 dólares, com 1.911 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por movimentos apenas técnicos e sem maiores novidades para o café na bolsa nova-iorquina. O março chegou a surpreender e bateu no intervalo de 149,00 centavos, no entanto, não conseguiu se manter nesse nível e, muito menos, testar os 150,00 centavos, o que poderia abrir caminho para alguns stops de compra. Com isso, o mercado voltou a perder força e o fechamento se deu no lado negativo da escala.
Os mercados externos tiveram um dia negativo, com quedas expressivas sendo reportadas para as bolsas de valores dos Estados Unidos. Os ativos de risco, como as commodities, registraram retração em mercado s como o de petróleo, café, suco de laranja e praticamente todo complexo de metais.
O foco de muitos operadores é quanto ao “abismo fiscal”. O relógio corre e as medidas de corte de gastos e aumentos de impostos parecem cada vez mais próximas de entrarem automaticamente em vigor. Uma reunião entre o presidente Barack Obama e líderes do congresso se desenvolveu nesta sexta-feira, mas sem nem haver, aparentemente, nem mesmo um esboço para um acordo. A tendência é que, caso o “abismo” se concretize, rapidamente a economia dos Estados Unidos volte a apresentar um quadro recessivo. “Evidentemente, se isso ocorrer vai impactar alguns segmentos de maior risco e isso pode respingar em várias commodities”, sustentou um trader.
Cálculo do Standard & Poors sobre 24 commodities analisadas em uma cesta por essa instituição financeira indicou que o café foi a que teve pior desempenho ao longo deste ano na ICE Futures US. O grão teve queda de expressivos 36%. “Em 2012 os estoques de café brasileiro remanescentes de outras safras praticamente zeraram e o Brasil, maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor de café do mundo, passou a depender apenas de sua produção anual para abastecer seu consumo interno e cumprir seus compromissos na exportação. Sem a segurança de um confortável estoque para suprir eventuais quebras na produção, o tamanho da safra brasileira de café passou a ter um peso ainda maior do que sempre teve para a formação do preço internacional do café verde. A ‘guerra’ de informações sobre o tamanho de nossa safra cresceu, com os grupos interessados em alta e em baixa se digladiando”, apontou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal.
As exportações de café do Brasil em dezembro, até o dia 26, somaram 2.171.710 sacas, contra 2.007.345 sacas registradas no mesmo período de novembro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 6.781 sacas, indo para 2.566.774 sacas.
O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 8.215 lotes, com as opções tendo 3.135 calls e 1.165 puts — floor mais eletrônico.
Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem uma resistência em 149,25, 149,50, 149,90-150,00, 150,50, 151,00, 151,50, 152,00, 152,50, 153,00, 153,50, 154,00, 154,50 e 154,90-155,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 145,60-145,50, 145,10-145,00, 144,50, 144,00, 143,50, 143,30, 143,00, 142,70, 142,50, 142,00, 141,50, 141,00, 140,50 e 140,10-140,00 centavos por libra.
Fonte : Agnocafe