A mecanização de áreas para agricultura começa a beneficiar comunidades indígenas de Roraima. O que para muitos pode parecer pouco, a área inicial de 152 hectares é vista pelo titular da Secretaria do Índio, Adriano Francisco do Nascimento, como um avanço significativo rumo ao desenvolvimento sócio-econômico das comunidades. Nessa primeira fase quatro das aldeias mais populosas foram atendidas. O secretário informou que desde sua posse tinha o desejo de implementar alguns projetos, mas esbarrava na falta de parceiros. A busca incessante resultou em entendimentos com a Embrapa, Universidade Federal de Roraima, Sebrae-RR e Funai. Atualmente o pensamento de todos é um só: viabilizar a produção de alimentos. Na medida do possível, com geração de excedentes para comercialização. Na avaliação do secretário que também é indígena, a partir daí será possível materializar a melhoria da qualidade de vida e até no aspecto econômico das comunidades. “Um convênio da Secretaria com o Banco do Brasil possibilitou a implantação de projetos apícolas, certos de que os índios de Roraima serão os maiores produtores de mel do Brasil. Ano passado contemplamos quinze e em 2006 teremos recursos para atender mais 60 comunidades”. Conforme Adriano do Nascimento, em primeira safra já estão produzindo os núcleos conduzidos por jovens indígenas nas localidades de Tábua Lascada, Malacacheta, Canoani, Manoá, Raposa, Napoleão, Xumina, Barata, Pium, Sucuba, Truaru, Ticoça, Maracanã e Flexal, além de Contão, Bananal e Guariba. LAVOURAS – Na diversificação de atividades produtivas a mecanização agrícola tem despertado interesse. O trabalho de arar e corrigir o solo iniciou pelas aldeias de Sucuba, onde serão plantados 26 hectares de feijão Caupi. Na comunidade do Manoá, 26 hectares de maniva (mandioca). No Contão 50ha para feijão e no Flexal outros 50ha de feijão Caupi. “Queremos mostrar às comunidades que podemos utilizar equipamentos para plantar áreas maiores produzindo excedentes visando a comercialização. Esses 152 hectares serão plantados no próximo inverno em áreas de sequeiro, não irrigadas. A área que parece pequena é significativa para indicarmos um novo caminho às nossas comunidades. Em geral, elas nunca viram a mecanização de lavouras. Estamos animados com a possibilidade de êxito e pretendemos implantar lavouras de café e pimenta do reino na região das serras”, declarou Adriano do Nascimento. De acordo com o secretário, as comunidades têm demonstrado entusiasmo com a mecanização das lavouras. A idéia de implantar os projetos em aldeias de maior densidade populacional é criar um modelo para expansão do projeto às comunidades menores. Ele lembra que um dos traços da cultura indígena é a agricultura, mesmo que de subsistência. “Daqui para frente, a nossa expectativa é que todas as comunidades dominem técnicas desde o preparo do solo até a comercialização dos produtos seja no mercado interno e futuramente, quem sabe, para outros estados. Os índios produzem farinha de excelente qualidade. Queremos difundir a agricultura de larga escala pensando no futuro do nosso povo”, comentou. |