P1 / Ascom CNC
14/12/2012
Semana é marcada por especulações absurdas sobre a próxima safra de café do Brasil, pela instituição do Fundo Estadual do Café em Minas Gerais e pelo compromisso do governo federal em anunciar medidas de apoio ao produtor de café. No mercado, as ações especulativas derrubaram as cotações em NY.
ESPECULAÇÕES ABSURDAS — Esta semana nos chamou atenção a veiculação de uma absurda projeção para a safra 2013 de café no Brasil, de 53,3 milhões de sacas, elaborada por uma exportadora. A esse respeito, notamos que fica cada vez mais nítida a intenção dos players em adotar estratégias apelativas para tirarem proveito no mercado. Eles precisam recordar, no entanto, que movimentar papel em bolsa é mais fácil do que concretizar a comercialização de fato do produto, principalmente considerando que nós, produtores, não entregaremos nosso café a preços não remunerativos.
O Conselho Nacional do Café repudia esse volume especulado e gostaria que a empresa responsável apresentasse o modus operandi da apuração desses números, pois temos órgãos do governo responsáveis pela coleta de informações mais próximas possíveis da realidade e também porque, em contato com nossas cooperativas associadas, temos a plena convicção de que jamais a safra 2013 superará a deste ano, haja vista a estiagem ocorrida após as floradas em muitas regiões produtoras e o fato de que o ciclo seguinte será o de baixa na característica bienal das lavouras de arábica no Brasil. E, ao longo da última década, os anos de baixa apresentaram “quebras” entre 9,6%% e 40,6% frente à temporada anterior, conforme tabela abaixo.
Safras brasileiras de café – em milhões de sacas de 60 kg |
2002 |
2003 |
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
2009 |
2010 |
2011 |
2012 |
48,5 |
28,8 |
39,3 |
32,9 |
42,5 |
36,1 |
46,0 |
39,5 |
48,1 |
43,5 |
50,5 |
Variação |
-40,6% |
36,5% |
-16,3% |
29,2% |
-15,1% |
27,4% |
-14,1% |
21,7% |
-9,6% |
16,1% |
Fonte: CONAB |
Concordamos que somos o país que tem capacidade para arcar com a crescente demanda mundial de café e que temos a competência para fazê-lo sem a necessidade de ampliação de nosso parque cafeeiro. Como? Renovando os cafezais mais antigos com variedades que possuem melhor produtividade e que são mais resistentes a adversidades climáticas e a pragas e a doenças, além de trabalharmos com um melhor espaçamento entre árvores. O CNC reitera que o setor produtor de café no Brasil pode honrar esse compromisso, mas não a qualquer custo. Se o mundo precisará de café, que seja pago o preço justo para podermos abastecê-lo.
APOIO À PRODUÇÃO — Na terça-feira, 11 de dezembro, o presidente executivo do CNC, Silas Brasileiro, teve mais uma audiência com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Carlos Vaz, para tentar a implantação das propostas que gerem alternativas para o setor produtor evitar sua perda de competitividade, em especial nesse período que iniciam os pagamentos das linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e de preços aviltantes e irreais ofertados pelo mercado cafeeiro.
Durante a reunião, o secretário executivo fez contato com o Ministério da Fazenda para analisar a possibilidade da implementação das propostas apresentadas pelo setor produtor, destacadamente pelo CNC e pela Comissão Nacional do Café da CNA, e obteve um posicionamento positivo. Dessa maneira, aguardamos a reunião ordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN), a ser realizada na próxima quinta-feira, dia 20 de dezembro, para que o governo, enfim, torne públicas as medidas que serão adotadas para a manutenção da competitividade do produtor de café do Brasil.
FECAFÉ — Também na terça-feira, 11 de dezembro, o governador do Estado de Minas Gerais, Antonio Anastasia, assinou, no Auditório JK da Cidade Administrativa, durante encerramento do 9º Concurso Estadual de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, um decreto que regulamenta a Lei nº 20.313, de 27 de julho de 2012, a qual institui o Fundo Estadual de Café (Fecafé). Até o fim de 2014, deverão ser disponibilizados R$ 100 milhões, apenas com recursos do Tesouro Estadual, para o desenvolvimento da cadeia produtiva mineira do café. O grupo coordenador do Fecafé, formado por 15 representantes da sociedade civil, entre os quais o CNC, da Assembleia Legislativa e do Governo de Minas, será instalado no início do próximo ano, para definir critérios para participação no fundo, como taxa de juros e limite de crédito.
O Fundo, que será administrado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), contará com recursos reembolsáveis, para projetos individuais, e não reembolsáveis, para projetos de interesse coletivo – como, por exemplo, o financiamento de ações de marketing para divulgação do produto mineiro no mercado interno e no exterior. Além dos recursos do Governo de Minas, o fundo contará ainda com parcela dos recursos do Crédito Presumido do Café (ICMS presumido).
MERCADO — Foi inaugurada, esta semana, pela exportadora Terra Forte, a temporada de especulações oportunistas sobre o tamanho da safra brasileira. Nos últimos anos, tem sido muito fácil e lucrativo para os especuladores, divulgar números exagerados sobre o tamanho de nossa produção. Empresas sem a mínima estrutura técnica necessária, sem nenhuma metodologia estatística, divulgam esses números que são replicados em várias agências de notícias internacionais e acabam contribuindo para deprimir o mercado.
Pergunta-se: quantos técnicos participaram desta pesquisa? Qual foi a metodologia estatística aplicada? Qual a base de georreferenciamento utilizada? A provável resposta para este tipo de trabalho é que foram percorridos alguns mil quilômetros, como se isso fosse suficiente para um levantamento de safra. A provável verdade é que estas “previsões” são feitas com meia dúzia de telefonemas e uma grande dose de interesse. O resultado é lucrativo para quem divulga os números, já que, obviamente, aproveitam para operar na baixa do mercado, e quem acaba arcando com os prejuízos são os produtores.
Na percepção do analista Alonso Tomas, da FCStone , em entrevista a Dow Jones, o volume que será colhido no ano que vem é que ditará o rumo dos preços. Com efeito, o mercado intensificou suas quedas após a “previsão” da Terra Forte de que o Brasil colherá 53,39 milhões de sacas no próximo ano, contrariando a expectativa geral de uma safra menor devido ao efeito da bienalidade. Assim, o café arábica devolveu os ganhos da semana anterior e registrou queda acentuada superior a 1.000 pontos na Bolsa de Nova York.
Por outro lado, em nota também divulgada pela Dow Jones, o Commerzbank avaliou o comportamento do mercado como “exageradamente pessimista”. “Embora não haja escassez de café arábica atualmente, os preços estão propensos a subir nos próximos meses”, informou o banco, citando o fim da colheita brasileira. A instituição acrescentou que a baixa produtividade deste ano deve ser precificada em breve.
Na próxima semana, no dia 20 de dezembro, a Conab divulgará a sua primeira previsão para a safra 2013, com base em pesquisa de campo, feita por diversos técnicos que percorrem todos os Estados produtores de café, utilizando tecnologia de georreferenciamento e metodologia estatística com base científica. Embora seja de longe o número mais confiável sobre o tamanho da safra brasileira, é sempre questionado pelos especuladores de plantão, ávidos pelo lucro fácil.
Polêmicas à parte, os produtores permanecem fora do mercado físico e devem receber mais suporte para esperar uma definição mais clara e correta dos números da safra futura e da disponibilidade real de café para o ano safra que virá. A expectativa é que, na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, saiam novas medidas para evitar vendas em níveis que não remuneram os produtores, e a preços notadamente distorcidos por interesses de especuladores.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC
Cometários
Zeus
Sr.zeus100@gmail.com
Sou de patrocínio, concordo com as colocações do sr Silas, porém , gostaria aproveitando o contesto , pedir o número real dessa safra, acho que isso e possível e de vital importância para acabar com essa especulação desonesta, que só prejudica o produtor. Temos que fazer estimativas de produção , como fazemos em nossas propriedades, porém , no fim da colheita, sempre temos um resultado real ,que dificilmente conhecide com o feito na flora , fase de chumbinho e mesmo no período de gravação.os tempos estão mudando ,nao somos mais colônias de exploração, e cabe a nos e principalmente a lideres como o sr Silas de mudar o futuro do produtor.