O café brasileiro vem perdendo sua importância enquanto gerador de divisas e renda para o país, pois sua participação, atualmente, no mercado internacional, se restringe a 40%.
Ainda assim, em Minas, com destaque para o Sul do Estado, a cultura do café responde pela geração de milhares de empregos diretos e indiretos, representando uma das maiores cadeias produtivas do agronegócio.
Apesar disso, critérios adotados pelo Ministério da Agricultura, desde julho do ano passado, para o financiamento das lavouras de café, não abordam o microclima existente nas diversas regiões de Minas.
Segundo a portaria nº 59, os bancos só liberam recursos para custeio dos plantios enquadrados no Zoneamento Agroclimático do Cafeeiro, elaborado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O levantamento considera aptos ao cultivo do café arábica os locais com temperaturas médias entre 18º e 23,5ºC, temperatura mínima superior a 2ºC e com déficit hídrico anual abaixo de 150mm.
Assim, inúmeros municípios mineiros em regiões como os vales do Mucuri e do Rio Doce, onde a cafeicultura tem expressiva presença e gera significativa receita local, não estão enquadrados.
Não restam dúvidas de que o critério adotado pelo governo contraria a realidade atual, pois não avalia aspectos locais e impede que o produtor receba o crédito, considerando que os cafezais estão localizados em área que não atende os parâmetros definidos ou classificada como produtiva somente pela via da irrigação.
Dessa forma, mesmo com todo histórico econômico, os bancos passaram a negar créditos aos cafeicultores locais. Sensível a essas questões, o governo mineiro enviou ao ministério um pedido de mudança nos critérios de concessão de crédito às lavouras de café.
Contudo, ainda não obteve resposta, o que vem deixando os cafeicultores em terrível agonia. A maiúscula presença do café no contexto econômico e social de nosso Estado e a identidade histórica dessa cultura com a nossa gente representam um fator preponderante nessa reivindicação.
Nesta hora, cabe a nós, comprometidos com o povo mineiro, cobrar medidas concretas e eficientes que possibilitem reativar o valor dessa cultura.
Devemos implementar instrumentos em favor do fortalecimento da cafeicultura, traduzidos na renovação de esforços para a valorização de toda uma cadeia produtiva que contribui para o nosso desenvolvimento.
Deputado estadual (PSDBMG), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa