Consórcio Pesquisa Café destaca as cultivares do Instituto Agronômico de Campinas que mudaram a cafeicultura brasileira nos últimos cinquenta anos
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Sex, 16 de Novembro de 2012 08:54 |
Em 2012, as cultivares Mundo Novo e Catuaí completam, respectivamente, 60 e 40 anos de introdução nas fazendas de café do Brasil. Juntas, estima-se que elas representem cerca de 85% das cultivares plantadas no País. A Mundo Novo e a Catuaí fazem parte da história do café no Brasil, responsáveis por uma mudança significativa no cenário da produção cafeeira, em termos de produtividade e longevidade, e tem contribuído para a consolidação da cultura nas principais regiões produtoras. As duas variedades são resultados de trabalhos do programa de melhoramento do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), instituição integrante do Consórcio Pesquisa Café. O Consórcio, há 15 anos, investe no programa de melhoramento genético do IAC, apoiando o desenvolvimento de pesquisas que também geraram dezenas de outras cultivares de café. As pesquisas de melhoramento trabalham continuamente na obtenção de cultivares cada vez mais específicas para doenças, pragas, condições climáticas e demais aspectos importantes para o produtor, em estudos que levam em média duas décadas ou até mais. São investimentos em conhecimento e em recursos necessários para o crescimento da cafeicultura brasileira, uma das mais sustentáveis do mundo. Os casos bem-sucedidos das cultivares Mundo Novo e Catuaí, há mais de meio século no mercado cafeeiro brasileiro, merecem destaque. Mundo Novo – A Mundo Novo foi introduzida em 1952 substituindo o Bourbon nas fazendas, até então a mais utilizada pelos produtores brasileiros, desde 1940, e que apresentava uma produtividade mediana. O diferencial da Mundo Novo foi justamente nesse aspecto, a nova cultivar apresentava uma alta produtividade e se adaptou bem em todas as regiões cafeeiras. O pesquisador do IAC, Luiz Carlos Fazuoli, conta que uma hipótese bem provável é que a Mundo Novo tenha sido resultado de um cruzamento entre Bourbon Vermelho e a Sumatra, cultivar introduzida no Brasil ainda em 1796. “A Mundo Novo apresentou uma produtividade de até 200% a mais que a Tipíca”, introduzida no Brasil em 1727, diz. O que explica a mudança de paradigma que a planta trouxe para a cafeicultura nacional. Manejos de poda e a mecanização foram fatores que também contribuíram para os bons resultados da cultivar. Esta cultivar foi muito importante para o estabelecimento da cafeicultura brasileira no cerrado. Catuaí – Passados 20 anos e mantido, não só a produtividade, mas também sendo atestada a longevidade da Mundo Novo, em 1972 chega ao campo a cultivar Catuaí. Resultado de cruzamento da Mundo Novo com a variedade Caturra – planta de porte baixo, mas muito exigente em água e nutrição. A Catuaí preserva o porte baixo, mas ganha em vigor vegetativo. Também rapidamente bem adaptada às regiões cafeeiras do País, Fazuoli destaca a importância da Catuaí no desbravamento da cafeicultura no Cerrado brasileiro na década de 1970. A redução que a cultivar trouxe no custo das colheitas, por ser de porte baixo, foi outro avanço importante na adoção da cultivar. Atualmente o Brasil tem um parque cafeeiro de 6,7 bilhões de covas, entre pés em formação e produção, segundo dados da Conab. Destas quase 5 bilhões são de plantas de Coffea arabica, da qual fazem parte a Mundo Novo e a Catuaí. Novas variedades – O Brasil tem atualmente 120 cultivares de café arábica registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mas nem todas são adotadas no campo. O número crescente demonstra o bom investimento em pesquisas de melhoramento genético e a preocupação dos pesquisadores em buscar cultivares cada vez mais adaptáveis às diferentes exigências de produtividade, clima, solo etc. A questão da longevidade, visto que o café é uma cultura perene, é também um dos fatores preponderantes na escolha de uma cultivar. Nas variedades mais recentes, o índice de produtividade e as características de resistência a pragas e doenças têm sido aspectos alcançados com sucesso, mas o pesquisador Luiz Carlos Fazuoli destaca a importância do produtor seguir algumas recomendações antes de optar pela introdução de uma nova cultivar em sua fazenda. Segundo ele, em uma mesma fazenda pode haver diferenças na produtividade da mesma cultivar. Recomendações – A primeira recomendação que Fazuoli aponta é conhecer bem a cultivar, para depois definir o local onde vai ser plantada. Investir em experimentos com a cultivar no local, se possível com apoio técnico, é essencial para o sucesso da adoção de uma nova cultivar. O pesquisador destaca também a importância de adotar manejos adequados a cultivar escolhida. Como vai ser o plantio, se utilizará poda, se adotará o adensamento, como será a colheita e as doenças e pragas suscetíveis da cultivar e que atingem a fazenda, são detalhes a serem observados antes da adoção de uma nova cultivar. IAC 125 RN – Guardados esses cuidados são bem maiores as chances de a mudança dar certo na propriedade. A cultivar IAC 125 RN, registrada este ano pelo IAC, é um exemplo disso. A variedade vem sendo experimentada com sucesso em fazendas em Patrocínio e Patos, em Minas Gerais. Com exigência de irrigação e boa nutrição, os produtores que adotaram os manejos adequados têm tido bom retorno com a cultivar, que é resistente às Raças I e II do nematóide exígua. A IAC 125 RN tem cinco genes de resistência à ferrugem (Raça II), gera frutos grandes vermelhos e é altamente produtiva. A cultivar IAC 125 RN é mais uma que teve apoio do Consórcio Pesquisa Café, do qual Fazuoli destaca a importância do apoio. “Em todos esses anos, a contribuição do Consórcio foi valiosíssima para novas cultivares, assim como para manutenção das pesquisas com as variedades já existentes”. As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé/MAPA), com gestão da Embrapa Café, unidade da Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Características Mundo Novo Catuaí Saiba mais sobre as variedades do IAC aqui. Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café |