20/10/2012
Em um estado em que cerca de 86% das propriedades rurais são classificadas como de agricultura familiar, o município de Apucarana desenvolve um trabalho modelo na distribuição dos alimentos produzidos pelos pequenos produtores do Paraná. Em 2012, os produtos adquiridos por meio do PAA e do Pnae totalizaram R$ 750 mil e a perspectiva é de crescimento nos próximos anos. De acordo com a técnica social do Instituto Emater, Jandira Valmorbida, os alimentos da agricultura familiar são servidos em 76 escolas da cidade, entre creches, escolas municipais e estaduais, além de outros oito colégios estaduais de Arapongas.
”A maior mudança é subjetiva, notamos que as famílias se organizaram para produzir em conjunto e o resultado das vendas encorajou muitos agricultores a ampliarem a produção”, comenta.
No caso das escolas municipais, a entrega dos produtos é feita em uma Central, que conta com a presença de uma nutricionista para avaliar os alimentos recebidos. A centralização reduz os custos logísticos dos produtores, que evitam gastos de entregar em cada escola. Segundo Jandira, a intenção é organizar outras cadeias produtivas para que os agricultores possam também ofertar carnes e leite para as escolas do município.
Há cerca de três anos, a rotina da família Darodda começou a mudar. Simone, que até então auxiliava o marido Antônio Carlos na lavoura de café, passou a se dedicar à produção de pães e biscoitos para comercialização. Utilizando a receita que herdou da mãe e aprimorada com cursos de culinária oferecidos pelo Emater e Senar, Simone hoje produz cerca de 119 quilos de pão caseiro por semana para as escolas da cidade.
Para oficializar a produção, a família precisou fazer financiamento para construção de uma estrutura nova que atendesse às exigências da vigilância sanitária. Para incrementar ainda mais a renda, Simone conta com o auxílio da nora, Carla Roberta de Jesus, na produção de bolachas, cucas, tortas e outros produtos que são vendidos na feira, totalizando cerca de 65 quilos comercializados por semana. ”Começamos com pouco e fomos aumentando, hoje a produção de pães já quase dobrou. Com a venda garantida para as escolas conseguimos fazer o financiamento para a estrutura e também para o carro em que fazemos as entregas”, conta. Hoje, a comercialização dos pães é responsável por metade da renda da família, que duplicou após o início da atividade.
Em uma propriedade próxima, o casal Izidro e Sirley Caldeira trabalha em conjunto com o filho na produção de tomates que também é destinada à merenda escolar. A família que lidava exclusivamente com café, participou de treinamentos e cursos, mas revela que os principais aprendizados foram sendo adquiridos à medida em que a produção de tomate foi se desenvolvendo. Na estufa de 1,6 mil metros quadrados, o volume produzido anualmente é de 1,4 mil caixas de 22 quilos.
”A segurança de entrega garantida do tomate é a principal vantagem que nos fez iniciar a atividade. Como nesta safra não tivemos colheita de café, o tomate foi nossa renda principal”, conta Izidro. O cultivo de tomate teve início há dois anos, e a família já prevê a construção de uma nova estufa para ampliar a produção, graças a certeza de aquisição. O excedente da produção que não é destinada às escolas é vendido nas feiras e mercados do município. Além do tomate, Izidro e Sirley começaram também a produzir alface há cerca de três meses. Os resultados positivos impulsionados pelo Pnae levaram a família a adquirir uma caminhonete para transporte da produção. (M.F.)