O mercado futuro de café fecha a semana em baixa. Ontem, quinta-feira, os contratos para entrega em dezembro próximo em Nova Iorque fecharam com queda de 290 pontos, porque a próxima safra colombiana de café pode chegar a dez milhões de sacas. A falta de consistência desta informação pode ser conferida na matéria “Colômbia: a terra do café sob ameaça”, publicada pelo respeitado “The New York Times” e reproduzida no Brasil pelo jornal “O Globo”, que dispensa apresentações.
Esse padrão vem se repetindo com frequência. No início do ano lançaram no mercado que nossa safra 2012 de café seria próxima dos 60 milhões de sacas. Quando esta informação foi desmentida pela colheita, afirmou-se que o Vietnã colherá 27 milhões e agora que a Colômbia chegará a dez milhões de sacas… Não podemos deixar de citar o estardalhaço com a florada no Brasil e a chegada das chuvas sobre os cafezais do sudeste brasileiro, dois fatos corriqueiros, ocorridos, como todos os anos, entre os últimos dias de inverno e o início da primavera.
Esses factóides correm pelo mercado com velocidade e atingem seus objetivos: rápidas e fortes oscilações nas bolsas de futuro, úteis para ganhos de curto prazo de fundos e especuladores e para a fixação de contratos. Por outro lado, desorientam o mercado físico e exigem a cada dia mais sangue frio de seus operadores. Cafeicultores e industriais dependem de cenários de longo prazo para tomar suas decisões. É difícil enxergar os próximos meses e anos através dessa nuvem de fumaça e da visão de ganhos imediatos que tomou conta da sociedade nesse início de século 21.
Afirmar que os preços atuais do café são altos é ignorar as profundas mudanças ocorridas no Brasil e no mundo nos últimos vinte anos e a impossibilidade de se sustentar a imensa estrutura necessária para produzir, com qualidade e sustentabilidade, o volume de café necessário para atender os consumidores que aumentam todos os anos aos milhares, em um mundo que chega aos sete bilhões de habitantes.
Os novos consumidores falam em “fair trade” e exigem cafés de qualidade, produzidos com sustentabilidade. É preciso pagar por isto.
O mercado físico de café precisa procurar um novo indexador, que reflita os fundamentos e seja menos vulnerável aos interesses de curto prazo dos imensos capitais que circulam pelo mundo.
Até o dia 18 os embarques de outubro estavam em 1.058.235 sacas de café arábica e 22.188 sacas de café conillon, somando 1.080.423 sacas de café verde, mais 78.674 sacas de café solúvel, contra 834.878 sacas no mesmo dia de setembro. Até o dia 18, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 1.702.803 sacas, contra 1.410.557 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 11, quinta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 19, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo, 90 pontos ou US$ 1.20 ( R$ 2,44) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 11 a R$ 433,15/saca e hoje, dia 19 a R$ 425,47/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 305 pontos. No mercado semi-paralisado de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2012/2013, condição porta de armazém:
R$400/420,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$390/400,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$370/380,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$360/370,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$350/360,00 – RIADOS.
R$330/340,00 – RIO.
R$340/350,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$320/330,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 2,028 PARA COMPRA.
Fonte: Escritório Carvalhaes