Sabe-se que há um bom tempo, meses e meses, o mercado de café arábica na Bolsa de Mercadorias de Nova York vem se mantendo no patamar que vai de US$ 1,60 a US$ 1,80 a libra-peso. Em alguns momentos foi abaixo desse suporte um pouco, em outros superou para cima a resistência. Mas, não tardou a voltar a respeitar suas margens. Nessa semana, NY voltou a testar a linha inferior, rompeu, e agora nessa sexta-feira (19) reage novamente para dentro de seu “canal”.
Entretanto, pode-se dizer que a semana foi preocupante entre os produtores de café, já que NY apresentou as cotações mais baixas das últimas seis semanas e nesta quinta-feira (18) conseguiu romper no seu contrato dezembro o importante referencial em US$ 1,60 a libra-peso.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, há alguns fatores importantes, além dos técnicos/gráficos, que justificam o mercado ter testado e rompido a linha de US$ 1,60 a libra-peso. Entre eles, as notícias de boas floradas no Brasil, que vão vingar na safra 2013. Será uma safra menor dentro do ciclo bienal da cultura, e boas floradas são fundamentais para ao menos garantir uma safra normal dentro da bienalidade. “Em resumo, o cenário produtivo é positivo, mas isso não quer dizer que o Brasil vai colher uma supersafra no ano que vem. Ainda trabalhamos dentro de um cenário perigoso para o abastecimento, particularmente no médio e longo prazo”, alerta Barabach.
A chegada da safra de outras origens concorrentes do Brasil, como países da América Central, Colômbia e Vietnã, é outro fator baixista. Embora o produtor brasileiro dose a oferta de sua safra, o mesmo pode não ocorrer com vendedores de outros países. E oferta chegando no mercado tranquiliza a indústria, num período de incremento na demanda com a temporada de frio no Hemisfério Norte, observa o analista.
Afora isso, diz Barabach, ainda há as preocupações com a economia europeia e americana, o que sempre prejudica a formação dos preços das commodities nas bolsas de futuros. A apreensão com a economia global trava maiores perspectivas de recuperações nos preços.
NY rompeu na quinta-feira (18) para baixo a linha de US$ 1,60 a libra-peso, diante de todos esses fatores. Mas, há o sentimento de que ir além disso é demais, porque a oferta mundial de café segue muito ajustada à demanda. Assim, nesta sexta-feira (até às 12 horas no Brasil), NY apresentava já valorização de quase 300 pontos, acima novamente de US$ 1,60 a libra-peso, mostrando a dificuldade do mercado em sair de suas margens bem estabelecidas nos últimos meses.
No Brasil, o produtor segue dosando a oferta, contando com uma boa capitalização depois de situações favoráveis nos últimos anos e também com amplo financiamento governamental. Lamenta, naturalmente, o mercado ter voltado abaixo de R$ 400,00 a saca para as melhores bebidas (arábica), e aguarda por novas subidas nos preços externos para voltar a negociar um pouco mais.
(LC)