21/09/2012
Por Carine Ferreira | Valor
SÃO PAULO – Uma pesquisa realizada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, identificou um gene do café arábica que, quando transferido para outra planta -Arabidopsis thaliana (uma herbácea da mesma família da mostarda) – a tornou altamente tolerante à seca.
As plantas que receberam o gene de café foram submetidas a um regime de 40 dias sem água e permaneceram saudáveis, enquanto plantas que não receberam o gene morreram após 15 dias. A patente do gene foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
“A transgenia tem o potencial de transferir genes entre espécies diferentes e expressar corretamente as características conferidas pelo gene, neste caso, mantendo a produtividade mesmo na ausência de condições favoráveis, como a escassez de água”, diz o pesquisador Eduardo Romano, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
A comprovação desse efeito na planta pesquisada, há cerca de um ano, foi possível graças ao projeto do genoma do café, em que foram identificados genes mais tolerantes à seca que outros, de acordo com Romano.
O gene está sendo testado agora em outras plantas, como soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, arroz e algodão. Segundo o pesquisador, as culturas foram escolhidas em função da importância no país. Romano explica que os testes de introdução desse gene nos cafeeiros não estão sendo realizados porque o café já apresenta, de modo geral, uma tolerância bastante significativa à estiagem.
A expressão do gene de resistência à seca está em observação em laboratório. Após o nascimento das primeiras plantas transgênicas, as sementes serão novamente testadas em laboratório para depois serem testadas em campo.
Os resultados do uso dos genes modificados em todas as variedades testadas deverão ser comprovados com a conclusão das pesquisas em campo, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2013. Variedades comerciais devem estar disponíveis somente daqui a cinco anos, na avaliação de Romano, pois são necessárias muitas avaliações de biossegurança.
(Carine Ferreira | Valor)