Commodities tiveram maior alta desde dezembro de 2005

09/08/2012 
 
Pesquisa do BC mostra que itens como grãos e energia subiram 7,81% em julho, na comparação com o mês anterior
 
Fernando Nakagawa | O Estado de São Paulo

O preço dos produtos básicos disparou em julho. Pesquisa do Banco Central mostra que itens básicos como grãos e energia – as chamadas commodities subiram 7,81% no Brasil no mês passado na comparação com junho. Essa foi a maior alta desde dezembro de 2005. A quebra de safra nos Estados Unidos e na Rússia explica boa parte do movimento e os alimentos amargaram as maiores altas.


No mês passado, o Índice de Commodities (IC-Br) deu o maior salto em quase sete anos e o motor desse ritmo mais forte foram os preços agropecuários. No mês, a inflação do setorfoi de 10,37%, a maior desde março de 2005.O BC não detalha o desempenho de cada item, mas no segmento estão as carnes de boi e porco, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e arroz.


Nas últimas semanas, as commodities têm subido por causa da quebra da safra nos EUA e na Rússia, dois dos maiores fornecedores de grãos, onde a seca tem afetado as estimativas. Por isso, itens como soja, milho e trigo têm subido recentemente. Como esses produtos também são ração para muito animais, reajustes no frango, suínos e bovinos são esperados em breve.


As commodities também sofrem o efeito indireto da taxa de câmbio. Como esses produtos são cotados em dólar, o recente aumento da moeda no Brasil faz com que esses preços fiquem mais altos quando convertidos para reais. “A inflação no Brasil registra alta de preços de alimentos, mas ainda é um problema interno, como o feijão e o tomate. Por isso, esse aumento das commodities ainda vai gerar pressão sobre o consumidor ao longo dos próximos meses”, diz o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa.


Atacado. Parte do movimento dos produtos básicos já é sentido no atacado e índices gerais de preço apontam ritmo mais forte nas últimas semanas. Como resultado, a previsão do mercado para o IGP-M este ano, por exemplo, é cada vez mais pessimista: sobe há sete semanas e atingiu 7,12% em pesquisado Banco Central divulgada esta semana.


A alta vai chegar em breve ao consumidor, prevê Rosa. “Isso vai se traduzir em um IPCA mais alto. Não teremos mais inflação entre 4,5% e 5% este ano. Não será uma explosão inflacionária, mas não será tão baixo.” Para a maioria dos analistas, a inflação oficial deve fechar o ano em 5%. Mas há quem afirme que pode ser ainda pior.


O economista da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, diz que é possível que o IPCA inicie 2013 entre 5,5%e 6%, em termos anuais. Além das commodities, argumenta, haverá efeito da provável alta dos combustíveis após o prejuízo da Petrobrás.
 
 
 

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