Pesquisador Francês diz que Choque de calor e não fungos provocaram o escurecimento e queda dos grãos de café

17 de fevereiro de 2006 | Sem comentários Artigos Técnicos Tecnologias

Na tarde de ontem recebemos o e-mail do cafeicultor Mateus Freire relatando que ao andar pela sua lavoura ficou extremamente preocupado, pois havia muito café verde no chão perfeito por fora mas preto por dentro e em alguns grãos que ainda permaneciam na árvore percebia que iria cair, como se houvesse passado uma chuva com vento muito forte. e que trocando idéia com alguns agrônomos, citaram que o principal fator seria o veranico e temperatura do mês de janeiro, mas que não acreditava que era somente isto.

Recebemos diversos e-mails na redação (Veja Abaixo) entre eles o e-mail do Dr Pierre Marraccini – Cirad / Cenargen Embrapa pierrem@cenargen.embrapa.br  – pesquisador de café francês do Cirad (http://www.cirad.org.br/br/  ), que trabalha numa parceira de colaboração cientifica junto com o Iapar (Instituto agronômico do Paraná, Londrina) e o centro Cenargen (Brasília DF) da Embrapa.

Que nos relatou “Como já escrevi em outras mensagens, o escurecimento do grão como observado no triângulo mineiro, já foi descrito anos atrás, principalmente na américa central, em Cafeeiro Arábica Catimor, com as referencias seguintes:
– German Valencia, 1972. Granos negros y caida de frutos de cafe. Avances Tecnicos Cenicafe. no 21
– no Honduras, Sosa escreveu um artigo em “symposium de cafeiculture latinoamericaine (no 17, El salvador, 1995) “
Infelizmente, não se pode fazer nada, pois parece ser realmente uma conseqüência de perturbações do metabolismo devido as variações climáticas brutais (heat shock). Mais não e uma infecção de fungos.”

Dr Pierre Marraccini (Cirad)
pierrem@cenargen.embrapa.br



Vejam as participações que recebemos

EDSON SOARES DE OLIVEIRA CARATINGA  MG NA REGIÃO DE CARATINGA, A QUEDA DE PRODUÇÃO SERÁ ENTRE 15 A 20%, DEVIDO A FALTA DE CHUVA QUE OCORREU DE JANEIRO ATE FEVEREIRO/2006 E A FALTA DE ADUBAÇÃO NESTE PERÍODO

Eng. Agro. Marcelo Nunes – Oeste da Bahia – Penso que a estiagem não deva ser o problema, e concordo com a explicação dada no início. Temos lavouras irrigadas quase que diariamente no Oeste da Bahia e mesmo assim pudemos constatar tal distúrbio, principalmente nos grãos que tiveram sua florada nos períodos mais quentes de setembro, sendo assim, podemos descartar a hipótese de veranico.

Ing. Marisela Yábar – SENASA Perú – Al parecer este problema es netamente fisiológico, tal como lo describe el Ing. Carlos Fonseca del Instituto de café de Costa Rica. Sin embargo, si analizamos a nivel de laboratorio, vamos a detectar Antracnosis, pero este patógeno no es el causante del problema, por es un hongo oportunista y siempre esta en el campo esperando desarrollarse. Por otro lado, es seguro que en el análisis también se encuentre diferentes mohos del medio ambiente, pero estos no son la causa del problema. En el Perú, se ha observado rara vez este problema y casi siempre en Catimores aislados o abandonados a pleno sol y que por condiciones varietales han floreado fuera de época y coinciden el llenado de grano en la época de sequía.

Dr Marcos Roberto Dutra – Fitopatologista – Espec. Cafeicultura – Suporte Técnico Mercado Café – Syngenta – Verifiquei a campo diversas lavouras com sintomas semelhantes. Sua intensidade de ocorrência tem sido menor em lavouras com bom manejo. Os cafeicultores devem ter muita cautela pois contra um evento climático com este, ja muito bem conhecido, não adianta tomar medidas paleativas tentando-se evitar os danos. Estes danos já ocorreram e não irão regredir, uma boa chuva muda todo o cenário podendo levar o cafeicultor a achar que controlou o moléstia. Portanto, recomendo muita cautela nos investimentos na lavoura, podemos nos precaver contra uma nova ocorrência deste fenômeno mantendo as lavouras bem cuidadas, mas devemos parar de ficar procurando um fungo aqui outro alí para ser o único culpado.


Uelinton – Produtor Oeste Paulista – No Oeste Paulista, meu pai está com o mesmo problema, em janeiro observou-se bastante calor, a lavoura é irrigada, mesmo assim está com este problema.
A plantação é nova, primeira produção, ocorreram duas floradas a primeira é que esstá com este com os grãos pretos. A variedade plantada é Obatã, meu pai acha que é a variedade, ele tem pés de Mundo Novo no mesmo local que apresenta grãos sadios, sem manchas nenhuma.


Ing, Carlos Fonseca Castro – Instituto del café de Costa Rica – Estimados Senores: RESPECTO AL FENÓMENO DE GRANO NEGRO ME PERMITO MANIFESTARLES QUE EN COSTA  RICA HEMOS SUFRIDO EL FENÓMENO EN ALGUNAS REGIONES EN DONDE SE PRSENTA UNA INTERACCIÓN DE FACTORES DE  CLIMA Y  DESARROLLO DEL FRUTO DANDO COMO CONSECUENCIA QUE EL FRUTO NO LOGRA LLENAR PROVOCANDO LA NECROSIS DEL TEJIDO.
EL  FENÓMENO DE PRESENTA EN CONDICIONES DE VERANILLO MUY SECO Y
CALIENTE,SI ESTO COINCIDE CON LA ETAPA DE LLENADO DE GRANO,SE PRESENTA
MAYORMENTE EN CATIMORES


Anselmo Magno de Paula – COCAPEC  – Estamos preocupados com a ocorrência deste fenômeno, que poderá trazer danos significativos na safra 06/07 na região da Alta Mogiana. Não temos certeza do diagnóstico, porém suspeitamos que seja devido à ocorrência de altas temperaturas no mês de janeiro. A impressão que nos dá, é que, os grãos foram cozidos.

Observa-se, que parte destes grãos estão no chão e que outra parte ainda permanece nos ramos. Importante salientar que, não observa-se nenhuma lesão na casca do fruto. Não sabemos ainda a dimensão do problema. Se identificarem o mesmo diagnóstico em outras regiões, por favor nos comunique. O parecer agronômico também é muito importante. Aguardo comentários. ESTE CLIMA ESTÁ MUITO LOOOOUCO!!!


Leonardo – Três Pontas MG – Tenho uma lavoura na região de Três Pontas Sul de Minas em primeiro ano de produção que durante o veranico apresentou queda significativa de grãos já formados e aparecimento de manchas.todo o processo foi interrompido apos o tratamento com antifúngico e a volta das chuvas.


Leonardo Bíscaro Japiassú – Engº Agrº Fundação Procafé – Aqui em Varginha e região acontece o mesmo, o fato deve-se ao veranico ocorrido no início do ano, pois a disponibilidade de água no solo ficou muito pequena prejudicando sua absorção. O Sr. pode verificar no Boletim de Avisos Fitossanitários do mês de janeiro http://www.fundacaoprocafe.com.br/boletim/Boletim0106.htm) que os vários dias sem precipitação em janeiro diminuíram muito a água no solo prejudicando assim as plantas; perdas como a sua certamente vão ocorrer em outras regiões que passaram pelo mesmo veranico.


Joaquim Ribeiro da Cunha – Arystalife Science  – Não vi as fotos, mas pelo relato, normalmente são vários fatores alem dos climáticos, que vem causando esses problemas de queda de grãos verdes. Realmente o Sr. Mateus tem razão e creio que o maior causador da queda dos grãos esta relacionada às doenças como Phoma, Antracnose e Pseudomonas garçae (bacteriose), que atacam folhas ramos e frutos, causando a queda dos mesmos. Penso que o mais recomendado seria a aplicação preventiva de Fungicidas no inicio do período chuvoso, até o final da granação do café. 


Jefferson R. Adorno – Esp. Santo do Pinhal SP – Nós aqui da região de Espírito Santo do Pinhal – SP, também estamos com estes mesmos sintomas nas lavouras, achávamos até o momento que era conseqüência da estiada em janeiro. Em nossa propriedade a queda maior ocorreu nas terras de salmorão, nas mais argilosas a queda foi bem menor.


Luis A. Freitas – Mogiana –  A minha região em E.S.Pinhal, S.J.B.Vista, S.A.Jardim, Andradas, também estão com este distúrbio fisiológico e acreditamos que realmente o veranico de janeiro teve grande influencia, e por faltar chuva os tratos culturais atrasaram,interferindo na granação de alguns frutos. Acho que devemos pensar no fruto que vão ficar no pé e manter as plantas bem equilibradas, por isto, alem das adubações de solo, podemos fornecer elementos via folha, que seram fundamental para as plantas e frutos sadios.


Alex Há – Gostaria saber nome de este fungo que ataca cafeicultura, gostaria de contato com um agrônomo que esteja combatendo este fungo.


Marco Antonio dos Santos – Campinas SP –  Sou agrônomo e trabalho com agrometeorologia em Campinas. Eu também notei a presença desde fungo em algumas fazendas que visito, e pude constatar que as altas temperaturas associadas ao período de veranico observado nos dois últimos decendios de janeiro, provocaram um apodrecimento dos grãos devido exclusivamente pela falta de água no solo. Pois nesse período os grãos de café necessitam de muita água o que não aconteceu


Bruno Laviola Eng. Agronomo Doutorando – Produção Vegetal – UFV – Realmente o problema parece ser muito sério. Já fizeram alguma análise fitopatógica dos frutos afetados? Observaram se no pendúculo ou na região de contato do pendúculo com o ramo existe a ação de algum fungo? Talvez algum fungo tenha obstruído os vasos do penduculo, impendido a translocação de nutrientes e substâncias orgânicas para os frutos e, conseqüentemente, levando ao aparecimento do problema. Pelo que observo na foto, parece que os fungos penetraram pelos vasos e não pela casca. Gostaria de ver mais Fotos.

Daniel Andrade Vieira – BASF – Na região de Batatais SP Alta Mogiana tambem foi observado este sintoma, tivemos estiagem em janeiro e altas temperaturas e as lavouras onde foi observado apresentam alta carga.



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