Alimentos saudáveis, ecossistemas
respeitados, as intoxicações por agrotóxicos e o mal da vaca louca ajudaram a
impulsionar a procura mundial por produtos orgânicos. O consumo de alimentos
orgânicos cresce de 20 a 50% ao ano no
mundo.
Os
alimentos orgânicos são considerados alimentos seguros, mais saudáveis, sem
agrotóxicos e sem fertilizantes químicos. A maioria dos consumidores associa a
esses alimentos atributos relacionados à saúde. O consumo de alimentos orgânicos
parece aumentar com a faixa etária, o nível de escolaridade e a renda da
população. Esses são alguns dos resultados de recente pesquisa realizada no Rio
de Janeiro, sob a coordenação da Dra. Silvana Pedroso de Oliveira da Embrapa
Agroindústria de Alimentos. A pesquisa foi realizada junto aos comerciantes,
consumidores e não consumidores de alimentos orgânicos na cidade do Rio. As
principais vantagens apontadas pelos comerciantes foram à durabilidade e
palatabilidade (mais saborosos) dos alimentos orgânicos. E como desvantagens os
comerciantes citaram problemas de transporte e a falta de regularidade de
entrega dos produtos. Ao passo que os consumidores mencionaram que o maior
problema é o preço. Já os não consumidores alegaram desinformação sobre as
vantagens dos produtos
orgânicos.
Vários
estudos dessa natureza têm sido feito em muitas regiões do país e a conclusão
têm sido uma só: a produção de alimentos orgânicos caminha a passos largos para
num futuro próximo representar autonomia e a sustentabilidade de parcela
significativa de agricultores
familiares.
O
fato é que os produtos orgânicos têm sido considerados um importante nicho de
mercado no exterior. Europa, Estados Unidos e Japão figuram como os maiores
compradores. Porém, é na Alemanha, mais precisamente na cidade de Nuremberg que
ocorre a maior feira de produtos orgânicos do mundo, a famosa Bio Fach. Na Feira
desse ano, os organizadores da BioFach esperam receber a partir de 16 de
fevereiro mais de 30.000 visitantes e 2.000 expositores. A versão
latino-americana dessa feira tem sido realizada no Rio de Janeiro, geralmente no
mês de setembro de cada
ano.
Produção
– A produção orgânica de alimentos, que leva em consideração todo o processo
produtivo e não objetiva apenas ao produto final, é a que mais se aproxima dos
moldes tradicionais de produção, ou seja, da prática agrícola anterior a
revolução verde (início da mecanização e utilização de adubos químicos e
agrotóxicos). Note-se, contudo, que esta não significa um retrocesso
científico-tecnológico, pelo contrário, com o acúmulo de conhecimentos
científicos foi possível acoplar aos processos tradicionais de produção outras
práticas inovadoras que otimizaram estes processos. Muito adaptável aos aspectos
agronômicos e ecológicos e fundamentalmente sócio-culturais, a agricultura
orgânica visa a otimização dos recursos naturais, produzindo energia mais do que
consome e sempre conservando o ambiente onde está inserida ao invés de
degradá-lo.
Valores
médios de rendimentos e custo de produção de cultivos comerciais de alimentos
publicados em 2003 por Souza e Resende em seu livro “Manual de Horticultura
Orgânica”, revelam o potencial dos orgânicos e desmistificam a idéia de que
estes são menos produtivos ou mais caros para produzir do que os cultivos
convencionais.
No
Brasil, os principais cultivos orgânicos são: frutas, cana-de-açúcar, palmito,
soja, hortaliças, milho e pastagens para o gado. Curioso, no entanto, é que a
agricultura orgânica no Brasil é predominantemente de pequena escala. Culturas
como hortaliças, soja, milho e pastagens orgânicas apresentam áreas médias
menores que 50 hectares. Contudo, a produção de orgânicos não é um privilégio
somente de pequenos produtores. Recentemente, foi criada a Associação Brasileira
de Animais Orgânicos-ASPRANOR, com sede em Tangará da Serra-MT, que congrega
grandes fazendeiros de gado principalmente do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Trata-se de um grupo seleto de produtores que estão de olho no mercado externo,
pois já contam com mais de 100.000 cabeças de bovinos certificadas.
Data da notícia: 2/15/2006