Conilon em verso e prosa na Conferência Internacional de Coffea canephora

 


12/06/2012 – Bruno de Menezes



A origem do café na África, a descoberta do grão, a chegada das primeiras mudas e sementes ao Espírito Santo e os investimentos em pesquisa e tecnologia fazem parte da história e da evolução do café conilon. Elas foram contadas em forma de cordel na solenidade de abertura da Conferência Internacional de Coffea canephora, nesta segunda-feira (11), no Centro de Convenções de Vitória, em Santa Lúcia.


Os versos foram recitados pela própria autora Kátia Bobbio, que é natural de Conceição da Barra (ES). Estudiosa do folclore e das coisas populares, ela é destaque em literatura de cordel no Espírito Santo e possui mais de 100 títulos publicados.


O “Cordel do Centenário do Café Conilon no Espírito Santo” encantou os participantes do evento, que também receberam um exemplar impresso da obra. Acompanhe abaixo a ode ao café conilon.


CORDEL DO CENTENÁRIO
DO CAFÉ CONILON
NO ESPÍRITO SANTO
Por: Kátia Bobbio


1
Peço ao Pai Celestial
Que aumente a minha fé,
Peço também aos seus filhos
Jesus, Maria e José,
Para contar a vocês
A história do CAFÉ.
Café é planta nativa
De países africanos,
E no Oriente Médio
Existe há mais de mil anos,
As suas propriedades
Atravessaram oceanos.
Foi na região de Kaffa
Por isso o nome CAFÉ,
São várias teorias
Como realmente é,
Foi descoberto na Arábia
Folhas, flores, fruto e o pé.


2
Foram pastores de cabras
Que descobriram primeiro,
Elas comiam os frutos
Que brotavam no terreiro,
E ficavam mais espertas
Andavam o dia inteiro.
No início, o CAFÉ
Servia como alimento,
E logo passou a vinho
Para manter o sustento,
E também na medicina
Teve o reconhecimento.
Dizem que foram os árabes
Os primeiros a plantar,
Daí o “coffea arábica”
Passaram a cultivar,
Esse é o nome científico
Que veio para ficar.
Outra espécie de CAFÉ
Depois foi desenvolvida,
Com uma característica
Que é muito bem consumida,
É o “robusta africana”
“Conillon”, é conhecida.


3
Sei que o CAFÉ foi trazido
Lá da Guiana Francesa,
Chegando aqui no Brasil
Com a mais alta nobreza,
No estado do Pará
Mostrou a sua riqueza.
Um sargento português
Chamado Mello Palheta,
Dezessete, vinte e sete (1727)
Trouxe na sua maleta,
O saboroso café
E anotou com a caneta.
Chegando aqui no Brasil
No quintal ele plantou,
Algumas mudas que trouxe
Depressa o CAFÉ vingou,
Foi em Belém do Pará
Onde tudo começou.
Daí o CAFÉ percorreu
Todo solo brasileiro,
Em pequenas plantações
Mas hoje ele é pioneiro,
Terras roxas ou vermelhas
Ocupa o país inteiro.


4
O Brasil é um dos maiores
Produtores mundiais,
Produz as duas espécies
E benefício nos traz,
Hoje o Espírito Santo
É quem produz muito mais.
Desde o século XVIII
Que já era bem cultivado,
Mas só em dezoito, vinte (1820)
Foi comercializado,
Quando o produto passou
A ser bem representado.
O CAFÉ foi responsável
Também pelo surgimento,
Dos tais “Barões do CAFÉ”
Com todo contentamento,
No sudeste do Brasil
Teve desenvolvimento.
De “Ouro Verde” chamado
Ganhou fama e projeção,
Internacionalmente
Por sua valorização,
No tempo do império foi
Produto de exportação.


5
E prosseguiu com prestígio
Depois da instauração
Da república e até hoje
Mantém sua tradição,
É a bebida brasileira
Que tem maior produção.
Aqui no Espírito Santo
Ele foi introduzido,
Na cidade de Cachoeiro
O conilon é exibido,
Na fazenda Monte Líbano
Ali foi desenvolvido.
Foi Jerônimo Monteiro
O então Governador,
Que em novecentos e doze (1912)
Fique sabendo leitor,
Trouxe as primeiras sementes
Do CAFÉ com muito amor.
Nosso estado se destaca
Como o maior produtor,
Na competitividade
É o segundo consumidor,
Temos produtividade
Nosso café tem sabor.


6
No ano de quarenta e sete (1947)
Fundou-se a Associação
Do Comércio Atacadista
De Café, com muita ação,
Noventa e seis produtores
Que davam opinião.
O maior objetivo
Desta nova entidade,
É a defesa do interesse
Aqui na nossa cidade,
Junto aos cafeicultores
Com toda dignidade.
No ano cinquenta e um (1951)
Nasce aqui em Vitória,
Logo o Centro do Comércio
De Café, para a história,
E até nos dias de hoje
Segue sua trajetória.
O IBC foi criado
No ano cinquenta e dois (1952),
Começando a difusão
Tecnológica, pois,
Foram trinta e sete anos
Extinto logo depois.


7
Na década de oitenta
Houve uma grande expansão,
Construíram o Palácio
Do CAFÉ, com precisão,
No ano de oitenta e sete (1987)
Foi a inauguração.
Daí para cá o estado
Teve mais exportações,
Avanço tecnológico
Nas safras, nas produções,
O CAFÉ do nosso estado
Produz sacas aos montões.
O CAFÉ hoje é servido
Em grandes reuniões,
Além de simbolizar
Momentos de emoções,
Para resolver negócios
Grandes comemorações.
Hoje é um cenário histórico
A evolução, a cultura,
O INCAPER e a SEAG
Dão assistência segura
Viva o café conilon
Parabéns à agricultura.


8
Você vai a uma festa
Bebe todas e demora,
A cabeça fica zonza
Fica rindo, depois chora,
Tome um café amargoso
Que a ressaca melhora.
Este grande evento é para
Discutir e apresentar,
Novas tecnologias
Como colher e plantar,
A sustentabilidade
Para melhor cultivar.
Vamos nesta conferência
Que é internacional,
Mostrar que o Espírito Santo
Tem potência mundial,
Nossa cafeicultura
É hoje assunto global.
Quero ao famoso CAFÉ
Minha homenagem prestar,
E pelo seu centenário
De aromas pelo ar,
A sua história brilhante
Quero parabenizar.

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